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Uriah Heep: Show sensacional e uma vitalidade absurda

Resenha - Rock In Concert (Canecão, Rio de Janeiro, 27/09/2006)

Por Rodrigo Scelza
Postado em 11 de outubro de 2006

Após onze anos os ingleses do Uriah Heep e a sua "nova" formação voltaram ao Canecão para tocar clássicos de sua época inicial e músicas mais recentes. Apesar do último álbum "Sonic Origami" ser de 98, ainda não havíamos visto em terras tupiniquins uma performance contendo faixas deste grande disco.

Antes de mais nada queria deixar clara a minha revolta quanto a casas de shows que até hoje não entendem a concepção de um show de rock. Realmente por falta de boas casas de eventos no Rio temos que nos deparar com um Canecão da vida, que com todo o seu "glamour" por ter recebido astros da MPB e ao mesmo tempo monstros do rock como Black Sabbath, não tem o tato de saber quando devem ser colocadas mesas e cadeiras ou simplesmente uma pista. "Quem não tem cão caça com gato" e nós caçamos de Canecão. Mas SALVE BERNIE SHAW, e vocês vão entender por que.

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Infelizmente por causa do trânsito cheguei ao final da performance da banda Apocalypse, perdendo a apresentação do King Bird. Recebi do público muitos elogios ao King Bird. Quanto ao Apocalypse, do pouco que vi, soando bem parecido, com Rush, não foi dos shows mais agradáveis; as músicas não empolgaram.

Todos acomodados em seus lugares e os que compraram ingressos de "pista-lateral" (sim! no Canecão isso existe!) também acomodados, mas com cara de total frustração, viram exatamente às 23h10 soar a introdução para um clássico nos PAs: "So Tired", do disco "Wonderworld" fez os presentes se animarem. A banda estava completamente solta e visivelmente feliz por estar ali. Ao final desta foi executada uma música da fase de Bernie Shaw e Phil Lanzon, a excelente "Cry Freedom", do primeiro álbum dos mesmos na banda, com uma pegada bem hard; até os mais conservadores agitaram bastante. Vale ressaltar a engraçadíssima roupa de Mr. Shaw, como vocês podem ver nas fotos, uma camisa laranja com uma calça espalhafatosa. O Uriah não fez com que o tempo deixasse eles se vestirem como tiozinhos; o show não é só música.

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"Falling In Love", da fase de uma das maiores vozes do rock, John Lawton, foi uma surpresa. Sempre me perguntava porque esse "line-up" não tocava nenhuma música desta fase em especial... acabei por saciar a minha vontade e vi uma canção muito bem executada, tanto pela banda quanto pela voz de Bernie, que indiscutívelmente fez um excelente arranjo vocal, respeitando perfeitamente a melodia que John criou.

Durante a música, visivelmente incomodado em ver as pessoas sentadas, Bernie Shaw manda todos se levantarem e ficarem perto dele, colados no palco. Era visível a felicidade dos presentes, que fizeram do show um dos mais divertidos entre os que presenciei. A fisionomia da banda mudou depois que os presentes se levantaram e fizeram jus àquele show de rock.

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Continuando com as músicas, mais uma da fase atual é tocada, "Words In The Distance", do melhor álbum da banda, na minha opinião, "Sea Of Light". O início de "Stealin'" era tocada quando ocorreu um problema nos teclados de Phil Lanzon. A banda pediu desculpas aos presentes, resolveu o problema e aquele corinho inicial foi feito em uníssono pelo público, causando algum espanto à banda. O show seguiu só com músicas da fase inicial, como "If I Had The Time" e "A Year Or A Day".

Do último e excelente álbum só a "Between Two Worlds", o que me causou certa frustração, pois também era a última deste line-up a ser tocada. É claro que o Uriah Heep vai preferir tocar todos os clássicos da fase de David Byron, pois não é o tipo da banda que vem ao Brasil de dois em dois anos como um Iron Maiden, por exemplo. Mas eu acho que uma formação que existe por mais de 20 anos e com quatro discos de estúdio lançados não pode ser lembrada com somente três músicas. Me desculpem os puristas. Reconheço e respeito, apesar de não gostar, da fase de Lord Byron; sei da importância que ele teve na história do Uriah e acho que muitos dos presentes não têm interesse em ouvir a atual fase e preferem ficar vivendo do passado. Toda banda tem clássicos, mas todos nós temos que continuar acompanhando o que a banda faz e não ir ao show somente pelo nome e pra ouvir os clássicos. Único ponto fraco do show na minha opinão.

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Por falar em clássico, mais um era tocado, "The Wizard", para deleite de todos. Outra surpresa da fase de John Lawton, "Free Me", uma das baladas mais lindas de toda a carreira do grupo com grande interação do público nesse momento, onde Bernie pediu para os presentes fazerem os vocais contrapostos ao dele.

Após isso estávamos nos aproximando do meio-final do show e o já esperado aconteceu, só clássicos: "Sunrise", "Gypsy" (que peso ganhou essa música ao vivo!), e "Look At Yourself" fecharam a primeira parte do show.

A banda volta para o bis e executa "Bird of Prey", "Easy Livin'" e "Lady in Black". Pouco mais de 1h30 de show. A resposta do público foi excelente. Banda e presentes saíram totalmente satisfeitos. Prometeram uma volta breve com, quem sabe, um disco novo.

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Show sensacional de uma banda com uma vitalidade absurda. Arrisco dizer que o Uriah Heep não perdeu força em sua performance atual como fez o Deep Purple de uns tempos pra cá.

Up the Heep's!

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