Napalm Death: 22 músicas foi pouco, mas isto não foi importante
Resenha - Napalm Death (Espaço Callas, Curitiba, 28/11/2005)
Por Clovis Roman dos Santos
Postado em 09 de novembro de 2005
Desde o começo do dia tudo estava muito estranho. Primeiro, a banda não aparece para uma tarde de autógrafos, marcada para as 15h na loja Rock The Nations (que pagou por isto). A culpa? Não se sabe. Ouvimos a desculpa de que os músicos não estavam com vontade de ir [sic]. Pessoas que tinham matado aula ou faltado no trabalho ficaram furiosas. Mas as tranquiliava o fato de que veriam o quarteto à noite, num show que prometia ser histórico...
Originalmente publicado em www.order-news.cjb.net
Fiquei relembrando aquele episódio em que a banda deveria tocar em Maringá, no longuínquo ano de 1997 (tour do disco "Inside The Torn Apart"). As bandas de abertura se apresentaram, e na hora do Napalm Death, não teve show! Os integrantes estavam na cidade, mas por problemas de cachê, não subiram ao palco. Mesmo brincando com o fato a todo momento, não passava pela minha cabeça que isto poderia acontecer de fato.
Chegando ao Callas, acompanhado de uma outra repórter, qual não foi a surpresa ao constatarmos que apenas um de nós tinha seu nome na lista. E todos os outros sites (apenas 3) também foram barrados. Alguns amigos e nossa própria repórter tiveram que ir atrás de cambistas para comprar um ingresso, conseguido por R$20,00. Na hora de divulgar, qualquer site serve, mas na hora de credenciar, site é lixo. Já não basta a Seven Promo, que simplesmente ignora webzines.
Devido a esta falta de profissionalismo, perdemos a apresentação do Ayat Akrass. Segundo relatos, a banda fez um show normal, com uma boa equalização do som. Em seguida, o D.E.R., cujo set pegamos pela metade. Com um som sujo, riffs podres e um vocal primitivo, agradaram alguns dos presentes.
O Necroterio, como sempre, fez um show animalesco, já abrindo com a maravilhosa "Dying Inside Of Death". Ainda se seguiram sons como "Painful Defecation", "Gory Days", "Human Execution" e "Creation". Tocaram algumas músicas a mais do que o inicialmente programado, pois, segundo consta, no backstage o pau quebrava entre Napalm e produção.
Danny Herrera chegou a ser visto arrumando sua bateria durante o set do Necroterio; os pratos já estavam no lugar. Mais alguns minutos, e os ditos-cujos desaparecem. Já rolavam boatos de que a banda não tocaria. E não é que a sina Paranaense de ter shows cancelados parecia estar se concretizando novamente? Enfim, depois de quase 2h de informações desencontradas e pessoas revoltadas, finalmente o baterista do grupo volta, com uma cara de poucos amigos para arrumar seu drum-kit. Mitch Harris também aparece com uma expressão não muito amigável. Ao ser chamado por alguns fãs, faz uma cara de desprezo e ignora seus admiradores. Algo muito grave deve ter acontecido nos bastidores.
Enfim, o show começa com "Instinct Of Survival" e "Unchalleged Hate", duas velharias que já abriram violentíssimas rodinhas. E dá-lhe slam-dancing, pogo e quebração ao som de músicas mais recentes como "Instruments Of Persuasion", a fabulosa "Continuing War On Stupidity" (com críticas a Bush e Tony Blair), "Narcoleptic", e o medley "Taste The Poison" e "Next On The List". A empolgação era tanta que a energia do Napalm Death no palco parecia só aumentar, depois do início frio. O trio que compõe a linha de frente - Barney, Mitch e Shane - parecia ter esquecido os problemas e estavam dando tudo de si.
Mais uma do ultimo CD, "Vegetative State", que antecedeu "Suffer The Children". Até este momento, stage-divings aconteciam normalmente, mas um idiota qualquer conseguiu subir no palco, tropeçar nos cabos e desligar a guitarra. Assim, a musica teve que ser tocada novamente. Interessante que enquanto alguns chingavam o infeliz, outros falavam "I'm Sorry", numa tentativa de aliviar a burrice do individuo que havia estragado um pouco mais a apresentação da banda.
Jesse Pintado faz realmente uma grande falta, pois algumas músicas viraram arremedos sem pé nem cabeça, como "LowLife" (tocada 3 vezes mais rápido que o normal) ou "The Great And The Good". Mitch é de fato um puta guitarrista, mas o japinha chapado faz realmente falta. Mas melhor assim como quarteto do que com um guitarrista qualquer, que não teria a cara do Napalm Death - a não ser que fosse Bill Steer.
A pula-pula "Breed To Breathe" e musicas como "Silence Is Deafening" e a faixa título do mais recente play, "The Code Is Red ... Long Live The Code" mantiveram a excitação coletiva em alta. Infelizmente, "Right You Are" e "Diplomatic Immunity", presentes no setlist previsto, foram simplesmente limadas. Então, "The World Keeps Turning" foi a seguinte, a única do disco Utopia Banished. A sequência de velharias podres, com "Scum", "Life", "The Kill", "Deceiver" e a curtíssima "You Suffer" foi de chorar - absolutamente orgasmático. Assim, se encerra precocemente o show. Na volta para o encore, "Nazi Punks Fuck Off" se encaixou perfeitamente na situação atual da capital paranaense, já que no dia anterior, 11 skinheads haviam sido presos, acusados de tentativa de assassinatos por motivo racial e atividades nazistas. Para concluir mesmo, "Siege Of Power".
22 músicas foi realmente pouco, mas pra quem viu o show, isto foi o menos importante. O Napalm Death entrou na história dos shows em Curitiba por vários motivos - mas o musical foi o mais relevante; uma apresentação violenta, agressiva e memorável. Fabuloso e Perfeito! (conclusão de alguém que já tinha assistido o Napalm Death anteriormente, e ainda com Jesse nas guitarras!)
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