The Cult: Em São Paulo comemorando o aniversário da 89 FM
Resenha - The Cult (Centro de Exposições Imigrantes, São Paulo, 21/11/2000)
Por Carlos Roberto Merigo Filho
Postado em 21 de novembro de 2000
Colaborou Paulo Haroldo
Fotos Pedro Fraga Bomfim
Um festival com 9 bandas, que começou as 14:30 de um feriado em plena quarta-feira. Para comemorar o décimo quinto aniversário da rádio paulistana 89 FM, subiram ao palco as bandas nacionais Capital Inicial, Raimundos, Rumbora, Natiruts, Tribo de Jah, Tihuana e O Surto, além das duas principais atrações internacionais, The Ramainz e The Cult.
Ao contrário do que foi anunciado pela organização do evento, o grupo The Ramainz (que tem como integrantes os ex-Ramones Dee Dee e Marky) compareceu incompleto, devido a problemas de saúde com Dee Dee Ramone.
Para não ter que aturar algumas bandas de qualidade duvidosa que se apresentariam no festival, chegamos ao local exatamente as 21:00, a hora marcada para a entrada do ápice da noite, The Cult. Encontramos o Centro de Exposições com 70% de sua capacidade tomada.
O tratamento dado à imprensa dificultou o serviço, já que não dispúnhamos de um bom local para ficar. Fotógrafos e repórteres foram obrigados a ficar bem longe do palco - não seria exagero afirmar que havia mais de 100m entre o palco e local reservado para imprensa. Mas as dificuldades não nos impediram, para poder acompanhar o show de perto e tentar obter algumas boas fotos, de ir para o meio da galera.
Mal a banda Tribo de Jah acabou de fazer sua chocha apresentação no palco 2, o The Cult já apareceu no palco 1, exatamente às 21:30. A banda entrou para o show em meio a um som de filme terror e com Ian Astbury, de capa de bruxo e cabeça raspada, parecendo um clone da Cássia Eller. Logo os primeiros acordes de Lil’ Devil empolgaram o público, que já demonstrava sinais de cansaço devido à maratona de shows.
Sun King foi a segunda música a tocar e em seguida emendaram Sweet Soul Sister, uma das preferidas do público brasileiro. Três grandes clássicos em seqüência foram suficientes para manter em movimento o apático público que ali se encontrava. A quarta canção executada foi Breathe, música nova que deve sair no próximo álbum do The Cult. Durante os outros clássicos da banda, como Edie e Rain, Ian fazia malabarismos com o microfone e tocava pandeiro incessantemente. O som estava baixo e a voz de Ian chegava a desaparecer em certos momentos. Só a bateria de Matt Sorum e a guitarra do competente Billy Duffy (que se desdobrava em várias poses de guitar hero) estavam com um volume decente. Mas isso não atrapalhou o showman do The Cult, que estava endiabrado no palco.
Painted On My Heart, a nova música da banda e que integra a trilha do filme 60 Segundos, foi a sexta a ser executada e se mostrou bem diferente da versão de estúdio - ficou no mínimo estranha, porém foi uma das mais cantadas pela platéia.
Logo depois vieram a dançante The Witch, a recente In The Clouds, e Fire Woman, a canção que mais mexeu com o público, tendo seu refrão cantado em coro. Para encerrar, Wild Flower e a clássica She Sells Sanctuary.
Depois de sua performance selvagem, Ian Astbury deixou o palco dizendo que se o público quisesse mais alguma coisa era só pedir. Sem problemas... todos começaram a gritar por Revolution, que já era pedida durante toda a apresentação. A banda voltou para o bis (também pudera, não havia se passado mais do que 1h15’ de show) gritando "Brazil, Brazil..." e atendeu ao pedido da galera. Ian então explicou que agora estão indo para Los Angeles gravar o novo disco e que logo voltarão ao Brasil.
Em meio a já tradicional brincadeira com a camisa da seleção brasileira de futebol, que na mesma tarde sofrera para vencer a fraca Colômbia por 1 a 0 com gol de zagueiro, a banda emendou o clássico derradeiro da noite, a perfeita Love Removal Machine, na qual Ian cantou algumas palavras da pérola "The End", do The Doors. Infelizmente não tocaram nenhuma música de "Ceremony", mas em compensação ignoraram o último e horroroso disco, "The Cult".
A decepção fica por conta da ausência de Spiritwalker no set list, mas num show onde o público morno não agitou tanto quanto em 1989, o The Cult deu conta do recado, mostrando tudo o que sabe fazer com competência. Mais do que nunca, provou para todos que chamam bandas clássicas de "jurássicas", que 50 bandas do cenário alternativo da Inglaterra não eqüivalem a um grande monstro do rock, e fim de papo.
Set list:
Lil’ Devil
Sun King
Sweet Soul Sister
Breathe
Edie (Ciao Baby)
Rain
Painted On My Heart
The Wtich
In The Clouds
Fire Woman
Wild Flower
She Sells Sanctuary
Bis:
Revolution
Love Removal Machine
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