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Claro Que É Rock 2005: cobertura completa

Fonte: Rockwave
Postado em 01 de dezembro de 2005

Por Fernando Tucori & Rose de Oliveira
(Colaboraram: Guilherme Koreeda & Rodrixxx*)

Claro que é embaçado!

A gente até que chegou cedo no Claro Que É Rock. Queríamos ver o máximo de bandas que pudéssemos, mas antes tínhamos que passar no bar do Tony, que fica em frente à Chácara do Jockey. Um velho amigo de faculdade, fã de Iggy e dos Stooges, que nunca imaginou que um dia isso aconteceria. "Se alguém dissesse pra mim que, em um dia da minha vida, o Iggy Pop ia fazer um show na frente do meu bar, eu ia dar muita risada e achar loucura, mas é bem isso que vai acontecer", disse ele. Sendo realmente em frente ao local do show, o bar teve um movimento anormal. Quando a gente chegou, ele comentou que o pessoal do Star 61 tinha acabado de sair de lá. Um cambista explicava, em tom professoral, que tinham dado cortesias demais e, por isso, os cambistas estavam cheios de ingressos nas mãos e vendiam tudo a preço de banana. Não que banana custe sessenta reais, mas era esse o preço que alguém sem ingresso teria que pagar para entrar. Sim, havia sempre o risco de pegar ingresso falso, mas pior mesmo era a situação de quem queria vender seus ingressos. "Não pago mais que 20 reais", dizia o cambista, com o cenho franzido e ar grave.
Munidos das credenciais e de um bilhete informando por onde a imprensa deveria entrar, fomos nos dirigindo para o local apropriado. No caminho, cruzamos por outros cambistas que confirmaram as palavras e o tom professoral do cambista do bar do Tony.

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Para chegar à entrada reservada à imprensa, tivemos que dar toda volta na Chácara do Jóckey até chegar ao portão indicado no aviso, que ficava na rua Monsenhor M. Leite s/nº. Tudo bem?
Não.

Apesar de termos em mãos um comunicado timbrado da organização do show dizendo que a nossa entrada seria por aquele portão, ninguém sabia de nada e, assim que a gente levantou a lebre, um tanto de seguranças cercou a gente, mas acho que nossa fala calma convenceu os caras de que a gente não queria tumultuar - só trabalhar - e, se não fosse para entrar por ali, gostaríamos muito de saber por onde seria a entrada certa para nós, porque, afinal, os shows estavam rolando e a gente já tinha ouvido pelos menos duas bandas passarem pelo palco sem que pudéssemos entrar.

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Eles disseram e nós tivemos que refazer todo o caminho até achar o portão que os seguranças disseram que era o certo, embora ainda achássemos que era pegadinha.
Chegamos.
Entramos.
E perdemos vários shows. Pegamos só o finalzinho do show do Moptop, o que foi uma pena.

No entanto, a gente pôde ver o show do Good Charlotte inteiro, o que não foi exatamente uma boa notícia. O trânsito para chegar até a Chácara do Jockey estava complicado e a tendência é que piorasse com o passar do tempo. Em compensação, o céu ia abrindo e as nuvens negras indo embora para além do horizonte.

Claro que é emocore!

Quando o show do Good Charlotte começou, a gente ainda estava na sala de imprensa, abastecendo nossas garrafas d'água, esvaziando nossos tanques e anotando as últimas instruções antes de seguir em frente.

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A gente foi pro gramado tentando definir o que era o Good Charlotte e chegou a conclusão que era "a banda punk do Felipe Dylon". Um sujeito passou pela gente e falou que não tem saco pra ver um show do "cu da Charlotte", a gente ficou rindo e pensando na Charlotte da Família Dinossauros e registrou a piada nos anais da crítica musical sem-noção. Como o show já havia passado da terceira música e a gente não podia ir até lá fazer fotos, ficamos esperando no palco B, na esperança de pegar um bom lugar no show da Nação Zumbi.

Demorou um tempo até que o Gui encontrasse a gente e, com o time completo, começamos a fazer nossas próprias canções emo em cima das músicas do Good Charlotte. Juntamos todos nossos sentimentos e frustrações mais rasteiras e fizemos algumas variações em cima do tema "eu vou sofrer".

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A multidão teen que acompanhava o show estava histérica. Você podia ver a diferença no público do Good Charlotte. Além de alguns rostos pintados, quando as mãos se levantavam, eram raras as pulseiras amarelas - que indicavam que o portador era maior de idade e poderia morrer com quatro reais pra beber cerveja (ruim!).
Umas meninas perto de onde a gente estava descolaram uma folha de papelão e gastavam uma caneta vermelha pra escrever sua mensagem para a banda: "MAKE ME SEX ME NOW" e, depois, saíram correndo para mostrar a sua obra para Joel Madden, vocal do GC.

Não é que o Good Charlotte seja exatamente ruim. Para a platéia teen que se aglomerou em frente ao palco, foi um show memorável. Para quem foi até lá para ver as outras atrações, não compensava nem ir até lá desafiar a histeria adolescente. A banda se esforçou bastante para ganhar a platéia, gritando "Xaumpaulo", "obrigado", pedindo desculpas por não falar português, fez elogios à bandeira brasileira - que eles desfraldaram no palco.

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Dizem que a banda é sempre um retrato do seu público. No caso do Good Charlotte, o retrato preciso deles seria aquelas meninas escrevendo "MAKE ME SEX ME NOW" na placa de papelão, ou seja: por melhor que a intenção seja, não é bem assim que se faz.

O show acabou cedo e uma parte considerável do público deixou a Chácara do Jockey, chorando e dizendo ter visto o show de suas vidas. Podiam ter ficado um pouco mais e visto - pelo menos - o show dos Stooges. Não seria exatamente o show de suas vidas, mas, suas vidas seriam outras depois daquilo.

Curiosamente, depois que o Good Charlotte parou de tocar, as nuvens negras que vinham surgindo no céu de dissiparam e sumiram durante a apresentação da Nação Zumbi.

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Veja o set-list do show do GC:

"Anthem"
"Walk Away"
"SOS"
"Predictable"
"Girls & Boys"
"Young & Hopeless"
"World is Black"
"We Believe"
"Hold On"
"Chronicles"
"Mountain"
"I Just Wanna Live"
"Lifestyles"

Claro que é bom!

Quando a Nação Zumbi entrou no palco já começava a escurecer e a iluminação do festival podia fazer efeito aos olhos da platéia. Logo de cara, eles mandaram a faixa de abertura de "Futura", seu novo disco, "Hoje, Amanhã e Depois" e o que rolou depois disso foi um apanhadão de todas as fases da carreira dos caras, seguindo com "Prato de Flores", passando por "Manguetown", "Da Lama Ao Caos" e a magnífica "Meu Maracatu Pesa Uma Tonelada". Em "Na Hora De Ir", foi a hora de Fernando Catatau do Cidadão Instigado, velho colaborador da NZ, subir ao palco. Para quem acha que as bandas nacionais são sempre desprezadas em festivais com atrações gringas, a NZ veio com uma lição. Quem faz um show bom, tem sempre recepção boa.

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Pois sim: a Nação Zumbi fez um show tranqüilo. O que não quer dizer que seja um show acomodado. Foi um show de quem é seguro do repertório que tem e sabe muito bem o que está fazendo. É um show de personalidade.

O som do festival rolava redondo. Se havia um bom termômetro pra verificar até onde o som ia, esse termômetro estava no palco com a Tropa de Todos os Baques. Dava para ouvir tudo com todas as nuances, desde os graves mais graves da percussão até os agudos mais agudos da guitarra de Lúcio Maia, que continua sendo um dos grandes guitarristas do rock brazuca de hoje.
Assim que a gente desceu do palco, percebeu um cara com uma jaqueta bordô, com o logo dos Stooges e um emblema da turnê britânica dos caras. Examinava o palco com olhos pasmos e era acompanhado por outro cara, com uma credencial que dizia "elenco" e que dançava como gringo dança. Ninguém menos que Mike Watt, ex-Minutemen, atual baixista dos Stooges, ali, babando na performance da Nação Zumbi.

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Em volta da gente, o cheiro de maconha era parte da atmosfera. Se a Tropa de Todos os Baques fazia seu show em cima do palco, lá embaixo era território da Tropa de Todos Os Becks.

Para quem gostava mais da Nação da fase Chico Science, o show foi um prato cheio. Para quem gosta da nova fase da banda, foi outro prato, igualmente cheio - de flores.

Claro que é esquisito!

Mike Patton já sabia o que vinha pela frente. Tanto que, antes do show, já dizia que sabia que deixaria algumas pessoas meio desapontadas. O som do Fantômas é difícil de pegar, exige um certo grau de dedicação e de atenção por parte do público e, principalmente em um festival com muitas bandas, não tem o perfil de ser uma unanimidade.

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Quando a gente chegou ao palco onde o show ia rolar, o que mais impressionou foi o tamanho da bateria que seria usada por Terry Bozzio (ex-Frank Zappa), que parecia uma parede. O show começou em um estrondo múltiplo e, quando todo mundo achou que o bicho ia pegar de vez, rolou para o lado e entrou numa linha climática/melódica difícil de embarcar. A banda transitava livremente entre o esporro sonoro sem noção e as construções rítmicas e sonoras complicadíssimas que, numa primeira audição, ficam mais para música de vanguarda do que para o rock'n'roll. Como, pra bastante gente, aquela era exatamente a primeira audição, o show do Fantômas acabou provocando um êxodo do público - uns iam para os banheiros enfrentar calmamente as longas e velozes filas, outros iam para a lanchonete tentar a sorte na comida cara e rala que era vendida por lá, mas a maioria foi mesmo para o palco do lado de lá do gramado esperar o próximo show, que seria do Flaming Lips.

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Mike Patton fica parado praticamente por todo o show. Parado em seu lugar, mas não sem se mexer. De lá, ele agita os braços, grita como um animal machucado, rege a banda, que conta com o baixo de Trevor Dunn (companheiro de Patton no Mr. Bungle) e com a guitarra de Buzz Osbourne (dos Melvins) e marca as viradas das músicas com o corpo como um maestro psicótico.

É um show que transita entre a ignorância insensível e a sutileza sublime, mas, no entanto, para uma platéia desavisada que não estava ali para assistir exatamente àquilo - afinal, eles substituíram o Suicidal Tendencies - foi difícil de engolir.

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Quando a gente já chegava ao outro palco, em que os roadies do Flaming Lips ajeitavam o som para o show que viria em seguir, alguém comentou perto de nós: "olha que estranho: parece que tem duas bandas passando o som ao mesmo tempo". Não dá pra dizer que o sujeito estava falando um absurdo completo.

Claro que é lindo!

"Nós queremos que vocês digam que eu vim do espaço e desci gentilmente nas mãos do público de São Paulo. Eu tenho certeza de que este será o show mais do caralho que já aconteceu na história", disse Wayne Coyne, vocal do Flaming Lips (com tradução simultânea de André Barcinski) antes de entrar dentro de uma bolha plástica que o levou para passear nos braços da platéia. "Eu não sei como ele consegue respirar aí dentro", diz a Rose um pouco antes da gente ter que bater numa retirada apressada e desajeitada para dar passagem ao cara e sua bolha, que despencaram do palco para a platéia numa manobra um tanto arriscada, que provocou uma expressão de espanto por parte de Coyne. Neste momento, a banda tocava "Race For The Prize", a platéia ameaçava os jornalistas que ficavam na frente do palco aos berros de "senta! senta! senta!", o palco era invadido por pessoas vestidas de bichos de pelúcia e o telão dizia "alô, São Paulo! O mundo começa novamente hoje e vai ser glorioso".

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Uma vez no meio do público, a bola foi levada para o meio da platéia, que jogava o cara de um lado para outro e voltou para subir de volta ao palco justamente ao nosso lado. Ao sair, ele jogava confete e serpentina sobre o público e o clima de festa estava estabelecido. Uma festa feliz, com dois pequenos sóis dançando nas laterais do palco, um tecladista vestido de Papai Noel e, logo na segunda música, uma cover bacana de "Bohemian Rhapsody", do Queen, que foi cantada em coro pela platéia e arrebatou quem ainda não estava nas mãos do Flaming Lips. Coyne pediu participação da platéia em "Yoshimi Battle The Pink Robots", tocou o maior sucesso da banda, "She Don't Use Jelly" e fechou sua apresentação com outra cover - "War Pigs", do Black Sabbath - precedida por um discurso contra o presidente norte-americano George W. Bush.

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Wayne Coyne é de um carisma inegável. As pessoas podem não entender direito o que ele fala, mas, de alguma maneira, elas respondem o tempo inteiro. Mesmo que o repertório não seja tão conhecido, ele consegue manter um notável grau de atenção da platéia.

Teria sido o melhor show do festival, se, no mesmo momento em que a última nota de "War Pigs" se esvaía no ar do lado de lá da Chácara do Jockey, Iggy Pop não estivesse pronto para entrar no palco do lado de cá.

Claro que eu quero ser seu cachorro!

A gente estava lá, em cima do palco, na área reservada para a imprensa e já dava para sentir uma bela carga de eletricidade no ar. A gente sabia quem estaria ali em cima em instantes e, mesmo sabendo disso, a gente não sabia de nada. Podia acontecer qualquer coisa. O maior de todos os rockers vivos estaria ali e, isto posto, nada poderia ser dado como garantido a partir de então.

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Um morcego voa para dentro do palco e distrai a minha atenção por uns instantes. Um morcego grande a ponto de parecer um pombo. Enquanto eu fico olhando o morcego, a Rose vê o que eu não vi. Antes da banda começar a tocar o primeiro acorde, Iggy já estava pulando, represando todo o raw-power em seu coração cheio de napalm, com sangue nos olhos. Quando dei por mim, já era tarde. A banda tocava "Loose" e ele estava ali, na minha frente, com uma calça jeans que mal se segurava no corpo, sem camisa, com os cabelos loiros a todos os trejeitos que fizeram dele o pai de todos os punks.

O público começa a querer invadir o palco neste momento. Aliás, digamos melhor: o público tentou invadir o palco durante TODO o show, o tempo INTEIRO. Iggy vinha feroz em suas investidas para a boca do palco e o público se compactou em uma massa na parte da frente da platéia.

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Ao terminar a primeira música, ele apresenta a banda "We are the fucking Stooges" em um urro feroz. A platéia fica maluca. Tudo foge do controle logo na primeira música. Qualquer coisa pode acontecer e, seja lá o que aconteça, Iggy está pronto pra se virar. Ele é aquele cara que se pegou no mano a mano com Hell's Angels em shows dos Stooges da década de 1970 e voltou sangrando para o palco para continuar o que estava fazendo. É ele que está ali e ninguém parece acreditar, mas também não tem como duvidar. Ele cospe nas câmeras, vara a fileira de fotógrafos e fica bem perto do público, faz menção de que vai pular dali mesmo e trata todo mundo como motherfucker.
Não pula.
Não ainda.
Faz a clássica pose de crucificado, com o microfone pendurado no pescoço e, ao fim de "1969", começa a latir. Senha dada é a hora de "I Wanna Be Your Dog". No palco, o tumulto entre os fotógrafos. Procuro a Rose e ela está na outra ponta do palco, pulando, pulando e pulando. Uma menina do lado dela diz que quando ela crescer, ela quer ser igual ao Iggy Pop. O coro que vem da platéia é ensurdecedor. É o coral do apocalipse. Ninguém se segura mais.

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Todos nós, sem exceção, somos cachorros de Iggy Pop. O urro primal no início de "TV Eye" balança as torres de som. os telões simplesmente não conseguem acompanhar. Os câmeras tentam seguir Iggy, mas ele dá um baile em todo mundo, sobe em cima da caixa de som e finge trepar com ela e, quando o câmera finalmente consegue chegar aos seus pés, ele mete o pé na lente da máquina.

"Sabe...? Neste país, assim como no meu, existe gente que está no topo e existe gente que está embaixo, bem aqui. E quando você está lá, na porra do fundo, como eu já estive em minha vida, eles te chamam de 'Dirt'", disse ele ao introduzir a música mais sexual de "Funhouse".

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A diferença entre o show dos Stooges e o show do Flaming Lips está aí: no show do Flaming Lips, num momento sublime como esse que Iggy tinha acabado de criar, você teria vontade de dançar com a sua menina e se perder em um beijo apaixonado. No show dos Stooges é diferente: num momento sublime, como esse, você fica com vontade de trepar com ela até nenhum dos dois se agüentar mais em pé.

Em "No Fun", ele faz o que os seguranças mais temiam. Talvez a organização não tenha tido o trabalho de pesquisar ou talvez apenas quisesse evitar problemas, mas chamar pessoas para o palco é o que ele tem feito em todos os shows de sua recente turnê. No entanto, quando ele faz isso ali, é claro que os seguranças piram completamente. O palco enche de gente, todo mundo agarrando o cara e ele não perde a música. Os seguranças vão passando o rapa no palco e Iggy diz "deixem eles ficarem", mas não adianta. Eles obedecem a ordens superiores, ninguém obedece a eles e Iggy Pop não obedece a ninguém. É a cadeia alimentar do caos.

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No fim, quando ele voltou para um bis que não deveria haver, mandou que acendessem todas as luzes. "Não quero saber quem você é, se você é do governo, da TV ou que diabo você é, eu quero as luzes acesas. Todas. Quero ver as pessoas".

Aí, ele tocou "I Wanna Be Your Dog" outra vez e, se não fosse pelo fator tempo, ele teria esticado o show bem além daquele bis. De qualquer maneira, foi um show histórico. Era o que todo mundo esperava de algo que ninguém sabia o que esperar.

Quando a gente ia saindo de lá pra acompanhar o Sonic Youth, a Rose disse, com muita propriedade, que aquele tinha sido o primeiro show de rock'n'roll que ela tinha visto na vida. Ela já viu show pra caramba. Eu também e, se não fosse pelo show do MC5 em agosto, eu poderia ter concordado.

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O pepino agora estava nas mãos do Sonic Youth, que teria que segurar a onda de manter o público ligado depois de uma aula por parte daquele respeitável senhor de 58 anos.

Missão complicada.

Claro que é difícil

Não era uma tarefa fácil mesmo essa de entrar no palco depois do que Iggy Pop e os Stooges tinham feito lá do outro lado do gramado. O Sonic Youth, no entanto, parecia ter um plano e começou seu show com "I Love You Golden Blue" e foi esse o tom do show. Tudo bem que não seria fácil encarar um público que passou pela mão de Iggy Pop, mas pareceu cautela demais. Pode ser que tenha sido essa a idéia deles desde o princípio - fazer um show hipnótico - mas o resultado acabou irregular. Houve momentos fantásticos, mas para um público cansado e combalido por uma maratona de shows que já ia chegando ao fim. Se eles tivessem tocado alguma das músicas mais carne-de-vaca como "100%", podia ser que eles garantissem a viagem, mas a viagem - mesmo - estava nos climas de "Pattern Recognition" e "Unmade Bed" e ficou aí até o fim. Quem esperava uma ou outra patada sônica, ficou chupando o dedo. Não que o show tivesse sido ruim. Não passou nem perto de ser ruim. O que acontece com o Sonic Youth é que, guardadas as devidas proporções, eles são um pouco parecidos com o Fantômas e exigem um nível de atenção específico e dedicado, porque pro show bater é preciso acompanhar a viagem toda como se ela fosse sua. Pelo menos é assim nesse tipo de show que eles se propuseram a fazer, porque o SY tem repertório o bastante pra apontar pra qualquer lado e zunir na pista. De qualquer modo, foi um belo show de se ver, levando o clima pra outro lado, para uma outra viagem, mais pra cabeça do que pro corpo. E, pra coroar a apresentação, fechando com chave de ouro, eles guardaram uma magistral execução de "Teenage Riot", do clássico "Daydream Nation", de 1987.

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Foi um senhor show, mas foi um senhor show feito pelas únicas pessoas ali que não viram o show dos Stooges.

Claro que é o fim do mundo!
(* por Rodrixxx)

O Nine Inch Nails tem o respeito da galera rocker e dos eletrônicos - até mesmo dos exigentes adeptos da EBM. Foi nessa expectativa que todos aguardavam ansiosos pra ver funcionando aquela parafernália de mais de 20 toneladas de luz e som em ação.

A banda encarou de frente a quase impossível tarefa de tocar depois do show devastador do mestre Iggy Pop e - mais ainda - fazer pular uma galera cansada e judiada pelo extenso festival. Mesmo assim, entrou rachando o crânio numa apresentação insana.

O espetáculo de luzes foi avassalador. Tudo que o show dos Stooges economizou nos efeitos, o Nine Inch Nails esbanjou. Foi muito bacana de se ver a precisão com que rolava de os caras irem correndo de um lado pro outro, as programações eletrônicas se encaixando nas brechas certas e as luzes, em flash, explodindo em momentos determinados.

É o melhor quando a banda passa aquela sensação de que estão tocando pela última vez, com aquele gás característico de que estamos no começo do fim do mundo.
É um espetáculo.

A bola da vez é o impagável gênio Trent Reznor, que canta dopado de fúria e angústia dilacerantes. O famoso destruidor de microfones do festival só deu uma acalmada quando foi ao piano e quando mandou "Hurt", uma de suas melhores canções (que já foi gravada por Johnny Cash) e que melhor ilustra aquela sensação de um dependente de drogas no talo.

Como todo ser que acompanha a banda desde seus primórdios, tivemos que reclamar pela ausência de sons acachapantes como "The Perfect Drug", mas sendo prontamente recompensadas com a apocalíptica "March Of The Pigs" e a hecatombe de "The Hand That Feeds".
Fica aqui o protesto de que o NIN merecia um show maior, mas que, mesmo assim, do jeito que foi, valeu cada segundo.

Ficou, enfim, a sensação de ir embora do festival, ver aquele congestionamento monstro na saída e pensar como no show "Isto é o fim do mundo, mas eu me sinto bem".
Muito bem.

Claro que deu Cartolas!

A banda gaúcha Cartolas venceu o concurso promovido entre os grupos selecionados durante a turnê que o Placebo fez pelo País, em abril. O anúncio oficial foi feito depois do show do Nine Inch Nails, no domingo, no Rio de Janeiro. Com a conquista, a banda ganha uma van para levar equipamento e banda em turnês pelo Brasil, um disco gravado no estúdio Toca do Bandido e mais dois videoclipes bancados pela Claro.

As outras bandas que concorriam ao prêmio eram Star 61 (João Pessoa), Ronei Jorge e os Ladrões de Bicicleta (Salvador), Spiegel (Florianópolis), 10Zer04 (Brasília), Volpina (Sorocaba, SP), Imperdíveis (São Paulo) e Moptop (Rio de Janeiro).

Claro que tem que falar!

- organização - apesar da confusão a respeito da entrada da imprensa, lá dentro, tudo correu bem. O esquema de dividir os shows nos palcos A e B funcionou bem e praticamente zerou o atraso entre os shows. Terminou um show e você só precisava virar o corpo sobre os calcanhares, dar as costas e sair andando.

- bolas assassinas - é um clássico de todos os shows. Se você é jornalista e foi escalado pra fazer fotos de um festival, o público não gosta de você. Em geral, acaba voando copo de plástico cheio de líquidos que, pro próprio bem, é bom imaginar que seja cerveja. Mas havia também umas bolas gigantes com o logo do patrocinador do festival e, nas mãos do público, isso virou uma arma contra os fotógrafos. Por sorte, a distância entre a grade e o palco era razoável e quando ela chegava na gente, só atrapalhava a mira da foto, mas teve gente que quase despencou.

- contrabando de vodka - a área vip era o paraíso dos bêbados. As bebidas lá eram todas de graça, quem tava lá tinha morrido com a bagatela de 350 contos pelo seu lugar e, pegando bebida lá, não podia descer pra pista. Mesmo assim, o povo inventava jeitos de passar as bebidas pros amigos do lado de fora. Na malícia.

- a área vip - valeu a pena ter pagado a grana que era pelo ingresso na área vip? Bom... Se você foi lá pra ver os shows, não muito, porque ela ficava bem distante e, de lá, dava pra ter certeza de que o som do palco B (onde tocaram Flaming Lips, Nação Zumbi e Sonic Youth) estava bem mais baixo que o som do palco A (onde rolaram Stooges, Nine Inch Nails e Fantômas)

- você tem fome de que? - a gente poderia falar sobre o preço alto da comida por lá, mas quando você passa por lá e vê o preço das coisas e o tamanho da sua fome, às vezes é melhor esperar até a fome passar. É caro pro rock. Caro demais.

- cerveja bem... - pagar QUATRO reais NAQUELA cerveja é inviável.

- claro que é caro! - os estacionamentos, que cobravam entre 15 e 20 reais, ficavam longe, muito longe.

- claro que engarrafa - a saída... ah, a saída... O Rodrixxx diz que ficou esperando coisa de meia hora pra poder pegar o carro no estacionamento e, mesmo assim, o trânsito de todas as pessoas querendo sair ao mesmo tempo foi brutal. O resto de nós, que foi de ônibus, apostou certo e acabou se dando melhor. Na saída, tinha ônibus para tudo quanto é canto rolando e aquele que ia pro nosso canto passou bem depressa.

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