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Europe: "não queríamos ficar presos aos 80's"

Por Thiago Coutinho
Fonte: Blabbermouth.net
Postado em 28 de novembro de 2006

A Sanctuary Records conduziu há alguns dias uma entrevista com Joey Tempest e John Norum, vocalista e guitarrista do EUROPE, respectivamente, que falaram a respeito do novo álbum do grupo, "Secret Society".

Confira o bate-papo logo a seguir

Sanctuary — Vamos voltar no tempo por um momento. Quando vocês lançaram o álbum "The Final Countdown" ninguém sabia que ele se tornaria um hit enorme. Que memórias você guarda daquela época?

Joey Tempest — Bem, lembro-me quando estávamos fazendo o ‘The Final Countdown’. Foi algo como um grande circo. Eu coloquei muros à minha volta, sabe. Lembro-me de ter colocado essas muros e não falar com ninguém e eu realmente não queria falar com ninguém. Eu só pensava no próximo álbum. E você coloca alguns muros nessas horas. E as pessoas pensam que você é arrogante quando se fecha um pouco. Todos querem um pedaço seu. Então, você diz: ‘eu não vou fazer isso’. E torna-se um arrogante. É algo estranho. Então, tivemos um pouquinho do gosto do sucesso com nossos dois primeiros álbuns na Escandinávia e no Japão. Então, já estávamos um pouco preparados. Mas foi algo bem grande. Não estávamos preparados para aquele circo enorme. Mas nos preparamos para passar por aquilo. E acho que quando nos separamos do John [Tempest, guitarrista], hoje em dia quando penso nisso, acho que foi algo bom porque se tivéssemos continuado estaríamos no chão atualmente. Hoje, quando olhamos tudo, pensamos assim: ‘yeah, demais, agora estamos nos divertindo, ainda somos criativos’. Algumas bandas de nossa época não tomam esse risco que tomamos. Então, acho importante que as bandas de rock cheguem até o seu limite. Quero dizer, em ‘Secret Society’, qual banda tomaria um risco desses como nós?! É importante que as bandas de rock cheguem ao seu limite e esperar que os fãs a sigam, é claro [risos].

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Sanctuary — Acho que vocês tomaram séries decisões quando quiseram ficar juntos...

Tempest — Sim, tivemos umas reuniões bem sérias porque queríamos fazer a coisa toda do jeito certo. Queríamos criar músicas novas, novos sons e não ficarmos presos aos anos 80. Criar músicas novas e mais modernas, esse era o plano que tínhamos em mente.

Sanctuary — Vocês sentiram algum tipo de pressão quando trabalharam no álbum que marcou a volta de vocês, "Start From The Dark"?

John Norum — Nunca pensei nisso dessa forma. Quer dizer, eu não gosto disso. Só acho que temos uma química especial quando nos juntamos e sei que podemos fazer um grande álbum juntos, sair por aí e tocar. E eu não pensei quantas pessoas iriam aos nossos shows, só queria me divertir e tocar guitarra da melhor maneira que eu pudesse. E eu sabia que algo especial estava rolando enquanto compúnhamos com todos os caras da banda e tal. Então, eu nunca pensei nas coisas dessa forma.

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Tempest — Não. Estávamos realmente felizes pelo fato de estarmos juntos novamente. Somos amigos desde nossa adolescência, queríamos apenas fazer algum barulho. Não colocamos qualquer tipo de pressão sobre nós como o que as pessoas estavam esperando ou o que a gravadora diria. Não demos a mínima para absolutamente nada. E acho que por isso mesmo ‘Start From The Dark’ tem um som único. E só pela perspectiva da banda, sem a perspectiva de mais ninguém, apenas a nossa na sala de ensaios: era desse jeito que queríamos que soasse. Então, é um álbum bem cru. E acho que em ‘Secret Society’ demos um passo à frente. Ainda é cru e pesado, mas também mais dinâmico, talvez mais ainda nas letras. Ainda há alguns licks com influências de blues do John, um álbum mais forte. E acho que ele vai mais ainda adiante com nossas influências do passado. ‘Secret Society’, a música, pode ter um riff meio LED ZEPPELIN ou algo assim. Soa moderna, mas... ou mesmo em ‘Devil Sings The Blues’ tem um acento bem rock clássico. E temos faixas mais modernas como ‘Always The Pretenders’ e ‘Wish I Could Believe’ que soam mais como as bandas atuais. Então, é um álbum bem moderno.

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Sanctuary — Antes de começarem a trabalhar no novo CD, vocês estiveram em turnê pela Europa e lançaram um DVD de um show que aconteceu em Londres. Como foi isso?

Tempest — Bem, essa turnê foi especial porque tentamos fazer com que as faixas mais antigas se encaixassem com as novas. Tivemos que para fazer isso, tivemos que diminuir nas mais antigas, talvez baixar o tom das guitarras um pouco e tentar encaixá-las com as novas, porque as músicas do ‘Start From The Dark’ seguem essa linha e são mais pesadas. Mas isso funcionou perfeitamente e acho que aquele show em Londres foi ótimo para nós. Ficamos felizes por ter funcionado para nós e os fãs estavam bem excitados e com as músicas novas e mais antigas. Bem, eu vivo em Londres. Então, foi um show especial, você sabe, foi no Hammersmith! Quando eu era adolescente eu viajava da Suécia para ver o THIN LIZZY por lá, há muito tempo. É um lugar mágico para se tocar. Então, queríamos gravar algo ou filmar o DVD por lá. E espero que consigamos fazer um DVD na nossa próxima turnê também.

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Sanctuary — Seria justo dizer que tocar ao vivo ainda compreende a maior parta da vida de vocês?

Tempest — Começamos tudo sonhando em ser uma banda ao vivo, uma banda de rock, uma banda de turnê. Nós costumávamos ouvir... nossos álbuns favoritos são ao vivo, como ‘Made In Europe’, ou ‘Made In Japan’, ‘Live and Dangerous’ como THIN LIZZY, ou o ‘Strangers In The Night’, do UFO. Não sei o porquê, mas gostávamos dos álbuns ao vivo quando éramos mais jovens, não dos álbuns pop. Nosso sonho era tocar ao vivo. Acho que voltamos àquela situação agora. Queremos ser uma banda que toca ao vivo. Acho que, na cena, somos uma banda ao vivo, que com sorte as pessoas gostarão de ir aos shows. Com os álbuns, mostramos às pessoas que nossa música é moderna. Queremos ser contemporâneos, queremos estar lá. E, com sorte, podemos encontrar este lugar. Mas não é fácil atrair atenção da mídia depois de estarmos por tantos anos longe. Então, temos que trabalhar duro nisso.

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Sanctuary — Como vocês começaram a compor as músicas? Havia uma rotina para isso?

Norum — Normalmente, eu apareço um punhado de riffs, junto-os e mando para o Joey. E ele diz: ‘bem, não gostei muito desse aqui em particular, mas esse outro é demais’. Porque eu não faço os arranjos, é o Joey quem faz. Então, ele começa com os arranjos e é muito bom com isso. Então, ele me manda o material de volta para que eu possa colocar algumas idéias dos vocais. E quando eu ouço tudo fico estupefato, porque ele é muito bom com os arranjos e melodias.

Sanctuary — Olhando de uma forma geral o som do novo álbum é bem compacto, mas não é super-produzido. Era isso que vocês esperavam?

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Tempest — Não queríamos que ficasse com cara de circo, com coisas bonitinhas demais [risos]. Nós basicamente tocamos ao vivo na sala de ensaios, e não acrescentamos muitas coisas nas gravações. Há alguns teclados aqui e acolá, mas novamente, este é um álbum voltado para a guitarra novamente [risos]. Mais ou menos como o ‘Start From The Dark’, que é bem voltado para guitarra. O Mic tocou mais teclados dessa vez, mas eles ficarem bem misturados.

Sanctuary — Joey, para vocês, como cantor, é um pouco diferente quando a banda está tocando ao vivo. Como você se prepara para o show?

Tempest — Tento estudar alguns dos bons cantores ao vivo, como Bruce Springsteen, Bono ou Michael Stipe e ver como eles se comunicam com a platéia, porque alguém tem que se comunicar com a platéia. Eles não podem ir lá e pensar que não gostamos deles. Então, acho que é importante ter uma boa relação, junto com a música pesada e as melodias. Então, tento imaginar novos coisas para se dizer entre uma música e outra, e coisas assim. É muito importante também.

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Sobre Thiago Coutinho

Formado em Jornalismo, 23 anos, fanático por Bruce Dickinson e seus comparsas no Maiden. O heavy metal surgiu na minha vida quando ouvi o vocalista da Donzela de Ferro em "Tears of the Dragon", em meados de 1994. Mas também aprecio a voz de pato bêbado do controverso Dave Mustaine, a simplicidade do Ramones, as melodias intrincadas do Helloween, a belíssima voz de Dio ou os gritos escabrosos de Rob Halford. A Whiplash apareceu em minha vida sem querer, acho que seus criadores são uns loucos amantes de rock e acredito que este seja o melhor site de rock do país, sem qualquer demagogia!
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