Tristania: Anders resenha o novo álbum faixa a faixa
Por Pedro Lima
Fonte: Site oficial do Tristania
Postado em 19 de maio de 2013
O texto a seguir foi postado no site oficial do Tristania dia 24 de abril de 2013 e é uma resenha feita pelo Anders sobre o novo álbum, Darkest White.
"Number" é a intensa e brutal faixa de abertura do álbum e definitivamente uma das músicas de que eu mais gosto. Ela tem a mesma função de "Libre" no álbum "Ashes", apresentar ao ouvinte o álbum de forma impactante. Grande parte do álbum possui guturais e eles se destacam bastante nessa música em especial.
"Number" é uma boa música de abertura por também dar ao ouvinte uma clara ideia do que está por vir nas demais canções. Eu adoro a letra dela, que foi escrita pelo Tarald. Ela começa com uma clara referência a uma certa canção do Kiss:
"Eu escuto o chamado da Morte,
Mas não posso ir para casa agora.
Meus dias eram escassos e numerados,
Mas alguém perdeu as contas."
Uma breve divagação: eu e Tarald somos grandes fãs do Kiss dos anos 70, mas nossas opiniões divergem bastante quanto aos rumos que a banda tomou a partir de 1979. (exceto quanto ao álbum The Elder).
Depois dos certeiros e agressivos riffs juntos aos guturais, Mary entra em cena com vocais clássicos e poderosos no refrão; um breve momento antes da pancadaria voltar com tudo. Depois de gravar os guturais que aparecem no fim da música, ela passou a me lembrar bastante de uma banda norueguesa chamada SOLEFALD (outra das minhas favoritas!)
"Darkest White" é brutal em sua essência, mas ainda assim de fácil assimilação. Os versos são cantados de forma bastante ácida e atípica pelo Kjetil, guturais tomam conta dos refrões. Conforme já mencionei anteriormente, as primeiras guitarras gravadas foram as dessa faixa. Lembro-me que fiquei alucinado quando ouvi tons de guitarras criados pelo Christer. Os gritos no refrão foram feitos por mim e Kjetil. Como em todas as outras canções dessa álbum, gosto bastante da letra escrita pelo Tarald. O nome dessa música foi escolhido para intitular o álbum nos primórdios das gravações. Foi a primeira música do álbum a ser divulgada e as opiniões foram ótimas.
"Himmelfall" é a primeira canção do Tristania a ter um título em norueguês. Os vocais feitos nela por Mary e Kjetil são simplesmente fantásticos. Nos versos, Kjetil canta de forma bastante intimista e e Mary brilha no refrão com suas performances poderosíssimas.
Acho que essa música soará ótima ao vivo, pois transmite muita emoção ao longo de sua execução. Estamos ensaiando-a bastante para os festivais de verão e ela soa deveras promissora.
Alguns de vocês já conhecem "Requiem", pois a tocamos muito na turnê que fizemos no último outono. As pessoas curtiram-a bastante nos shows e a versão gravada em estúdio me deixou bastante satisfeito. Num mundo perfeito, as pessoas deveriam tocar suas músicas ao vivo primeiro antes de entrar em estúdio. É sempre produtivo tocar coisas novas para um público e acaba sendo vantajoso entrar em estúdio depois. Quando se toca uma música centena de vezes em shows e ensaios ela meio que cria raízes em você (e, se isso não acontece com você, então é melhor procurar outra coisa para fazer da vida).
Estou muito satisfeito com a versão final dessa música para o nosso novo álbum; ela se tornou mais pesada nos versos e mais bombástica nos refrões. Mary canta os vocais principais nessa e os refrãos possuem backings vocals gravados por Kjetil e Ole. A simetria das músicas em Darkest White e Rubicon foi, com certeza, uma das maiores contribuições de Ole desde que ele entrou para a banda. É um privilégio estar numa banda com cantores tão talentosos e os refrões poderosos que esse fator ocasiona é um dos maiores trunfos do Tristania ao vivo. Entretanto, devo dizer que há menos refrões com esse perfil nesse álbum do que no Rubicon. Abrir mão dos seus recursos musicais favoritos é um procedimento bastante comum no meio músical e em muitos momentos você tem que relevar esse tipo de sonoridade ou deixá-la em segundo plano. A única razão para se fazer isso é a extrema importância dos vocais principais numa faixa. Em muitas canções nós deixamos esse recurso de lado para dar espaço ao que somente um vocal é capaz de fazer. Os guturais de Requiem estão entre os meus momentos favoritos nesse álbum.
"Diagnosis" acabou se tornando uma das minhas favoritas também. Eu gosto de pensar que ela é o tipo de música que o SIGUR RÓS faria se eles resolvessem fazer uma canção metal. Nós não ficamos completamente safisfeito com a demo dessa faixa. Eu lembro que cheguei a conversar bastante com o Ole sobre como melhorar essa música quando estávamos fazendo as gravações definitivas. Felizmente, nós conseguimos. Adorei a produção do Christer e as guitarras estão mais fortes nessa música. É a primeira faixa do Tristania em que elas foram gravadas em C.
Os versões são feitos pela Mary, os pré-refrões pelo Ole e o refrão pelo Kjetil. Foi uma das primeiras ideias do Ole e uma das três primeiras canções a serem finalizadas.
Nessa música nós também decidimos que haveria uma parte progressiva, ela foi feita pelo Ole e nós a chamamos de "a parte mastodonte". Eu gostei muito dela e espero que possamos desenvolvê-la melhor no futuro e torná-la uma canção inteira. Mas ela combinou bastante com "Diagnosis" mesmo assim, especialmente depois que Kjetil acrescentou as suas partes.
"Scarling" foi a única canção que só foi concluída após as gravações definitivas, então foi a última canção a ser finalizada. Muito tempo foi gasto pensando nas melodias para os vocais para tornar essa canção perfeita e acho que fomos muito bem sucedidos nessa. Os versos cantados nessa foram feitos pelo Kjetil, enquanto os pré-refrões e refrões ficaram a cargo da Mary. Ela é uma das canções mais sombrias do álbum e tenho a impressão de que ela será amada ou odiada pelos fãs, sem meio termo. (algo semelhante a "Magical Fix" do Rubicon).
"Night On Earth" foi composta por mim e Ole numa sessão de gravações que fizemos no meu apartamento no último verão. Lembro-me que foi num dos poucos dias de verão que Stavanger viu ano passado. Nós comiamos churrasco e cerveja enquanto gravávamos uma das canções mais obscuras do álbum. Os guturais são os vocais principais nessa e Mary canta nos refrões. O riff dela é groove, o tipo de riff criado pelo Black Sabbath e mais tarde também usado por Metallica e Slayer. Tenho o pressentimento de que será uma das mais pedidas nos shows.
"Lavender" é a balada do álbum. Ela começa com uma guitarra e bateria bem intimistas até se tornar bombástica e poderosa. Mary e Kjetil cantam cada um os seus versos e Ole fica com o refrão. Essa música tem uma atmosfera parecida com "Amnesia", mas ainda assim é bem diferente.
"Cypher" é uma canção bastante distinta das demais. Ela é possui basicamente um acorde e, ao longo da faixa, vai ganhando diferentes intensidades. Lembro-me de quando toquei para o Einar pela primeira vez. Ele gostou bastante, mas disse que havia pouco de progressivo nela. Nas palavras dele, "esse é um dos poucos pontos em que eu e você discordamos quanto à música". Eu e Einar temos muitos artistas favoritos em comum, como Radiohead, Pink Floyd, Portishead, Björk e Nick Cave. Ao longo dos anos, tenho tentado convencê-lo de que Godspeed! You Black Emperor, Mogwai e Arab Strap são ótimas bandas, mas sem muito sucesso. Ver o Einar indo embora durante uma apresentação do Mogwai em Stavanger no último festival de verão com uma cara de entediado me fez desistir de tentar fazê-lo apreciar esse tipo de música.
"Cypher" sofreu mudanças radicais durante as gravações definitivas. Basicamente, nós tiramos partes que eram muito complexas e tornamos-a uma canção mais simples. O refrão possui um acorde em G maior, mas de algum modo ela acabou saindo quando adicionamos uma atmosfera mais sombria no começo dela. Enquanto eu. Ole e Tarald conversávamos sobre ela, me veio a cabeça a simplicidade ocasionada quando se repete uma nota continuamente e então eu me lembrei de uma banda estadunidense chamada The Swans. Enquanto Tarald não finalizava a letra, nós a chamavamos de "a canção à The Swans". Ela se assemelha bastante a Shadowman e Fate.
Os vocais do Kjetil foram feitos durante uma sessão de gravações que fizemos em Stavanger ano passado. Sua performance soa bastante simplista, mas ainda assim ele mostra nela porque ele é um excelente vocalista. Ela dura quase seis minutos e o final não podia ser mais intenso e majestoso. Mais é mais!
A última música, "Arteries", é outra das minhas favoritas do álbum. Quando decidimos a ordem das músicas, essa foi uma das sugestões para ser a faixa de abertura. Ela começa de modo explosivo e essa energia é mantida durante toda a música. Faz todo o sentido do mundo encaixar as demais canções do álbum entre duas canções tão agressivas como "Number" e "Arteries". Ambas mostram toda a agressividade contida nesse álbum. Kjetil faz os refrões dessa.
Alguns de vocês devem saber que Kjetil é muito bom em cantar músicas do Faith No More, inclusive ele tem uma banda cover em parceria com Jonathan Perez (Sirenia/ex-Trail of Tears) e Runar Hansen (ex-Trail of Tears). Eu acho que a admiração dele pelo Mike Patton ficou bastante latente no refrão de Arteries. Ela é uma das canções mais fortes de toda a carreira do TRISTANIA e guturais permeiam por toda a faixa. O final de "Arteries" possui uma excelente performance vocal do Ole. A essência dessa música mudou bastante durante a pré-produção, mas nenhuma parte nova foi escrita; a estrutura dela é que foi muito modificada. Por exemplo, o refrão cantado pelo Ole acabou se tornando o pré-refrão e o refrão feito pelo Kjetil virou o pré-refrão. Os guturais, que soam como uma homenagem ao Vorph do álbum Ceremony of Opposites do Samael deixaram essa canção intensa e sombria.
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