Heavy Metal no Chile: resistência contra a ditadura
Por Artur de Figueiredo
Fonte: Matias Francino
Postado em 06 de abril de 2014
Sob uma região Portuária, rochosa, entre cordilheiras, surge o Chile. Um país de riquezas culturais, sociais, que como boa parte da América da Sul, sofreu com a ditadura de Pinoches e cia. Na arte, como muitos segmentos sofre com o acesso e a difusão do mesmo pelo o país.
Dessa forma, nasce o Heavy Metal, diante muitas dificuldades, e um público cada vez mais assíduo. Como fiéis que peregrinam pela sua crença, desperta a paixão, curiosidade, um sonho em mudar um sistema conservador, até opressor, que de outrora se vivia. Desta forma, os Chilenos lutam pelo o Heavy Metal de cada dia, em condições difíceis, mas que de forma alguma faz com que diminuem o ímpeto na transformação e consolidação de um gênero 'Underground' em suas fronteiras.
Para Matias Francino (guitarrista da Banda LLUVIA FUNEBRE), o contexto Sócio Político influenciou e muito para o crescimento do Heavy Metal e a democracia do mesmo para um povo que sofria e era alheia a muita coisa, por conta do sistema. "Olha, acho que o maior inimigo do Headbanger no passado foi o mesmo o Headbanger.
Ao final dos anos 80, o Chile passou mal pelo fato da ditadura e também o povo, que esteve bastante violento neste período, por conta disso tudo. Falando dos mesmos shows do final dos anos 80 até na primeira metade dos anos 90, era quase um risco tocar em shows pela falta de segurança.
Isso sei porque conheço muitas bandas que tocaram por esses anos, e era tudo bem mais difícil, até as bandas tiveram dificuldades pelo som. Antes era bem difícil tocar, por isso também, as bandas antigas de Metal eram da classe Social mais alta, já que nem as bandas de famílias trabalhadoras conseguiam ter instrumentos bons para tocar.
O músico complementa que antigamente, o país era um verdadeiro reduto do Metal extremo. "No Passado, Chile foi um pais bem forte na área do Death Metal, mas sempre ficou muito, mas muito no Underground, e há coisas que a gente confunde "qualidade" não está relacionado com "antiguidade", posteriormente".
Francino ainda cita a cena que serviu de referência para bandas cultuadíssimas no Metal Mundial. "Só citar a banda "PENTAGRAM" que a foi grande influência do NAPALM DEATH, que é do Chile, absolutamente, mas além dessa banda, há outras muito boas. Isso sim, em diversos estilos dentro do Metal, como por exemplo: UBDERCROFT (Death Metal), POEMA ARCAMUS (Doom Metal), ASUNTO (Metal Core), VIGILANTE (Industrial Metal) e têm outras que são as mais antigas como: DORSO, CRIMINAL, TOTTEN CORPSE, SEPTICEMIA, entre outros". Contextualiza a cena emergente do Chile. O crescimento da cena motivou o surgimento de várias outras bandas.
Outras bandas muito boas e de excelente qualidade surgiram, como: LOS CRUSTACEOS (Hardcore Crust), ABSTRACT SYMPHONY (Heavy Neo Clássico) e PSICOSIS (Death Metal). No crescimento do gênero pelo o país, alguns tiveram um êxito ainda maior, podendo com isso, tocar em festivais, fazer turnês, etc...
Falando de sua própria banda "LLUVIA FUNEBRE", Matias exalta a oportunidade de sair da cena 'local' para se tornar uma banda 'Intercontinental'. "Curiosamente ficamos bastante conhecidos pelo fato de ser uma banda regional e sem contar com uma gravadora, assessorias, entre outras coisas.
A gente conseguiu fazer turnês internacionais, ter Singles nas Rádios, ter 2 álbuns lançados e estamos indo para o terceiro. Outra coisa muito importante é que entre os anos 2008 e 2010, nós conseguimos além de dois álbuns, 5 turnês internacionais.
Voltando a falar sobre a dificuldade do gênero "Heavy Metal" no país, a cena se mostra ainda mais restrita para as bandas novas, que por si só, sofrem com os estigmas, como cobranças, os temidos covers, que acabam assombrando muita banda e a conquista de um mercado, público, que respira a cada dia, novidades, e posteriormente, um fato que acontece em outros lugares, o destaque maior para as bandas estrangeiras.
"Tem bastantes shows em Santiago, mas para as bandas gringas, tem uma parte boa, mas tem a sua parte ruim. A parte boa é que sempre estão tendo eventos de Metal muito bacanas como o Metal Fest, entre outros. Ao mesmo tempo as bandas locais de Metal tocam em palcos menores". Analisa Francino sobre a importância das grandes bandas, mas o desprestígio da cena Local com esse sistema.
Por outro lado aos poucos, esse sistema vem mudando. "Agora, tem outros espaços, que poucas bandas conseguem tocar, é quase um concurso, mas caso consiga, tem uma chance muito boa de tocar em grandes festivais dentro do Pais. Com isso é bacana demais, a minha banda já teve a chance em muitas oportunidades de tocar nesses tipos de festivais, mais alternativos, e o público prestigia bastante".
Finalizando, a diversidade Cultural contrasta gêneros com ideologias bem distintas, mas que de forma alguma se perde, unindo a grande essência da arte com o Metal e afins. "As bandas mais clássicas do Chile geralmente eram mais de Death Metal, de Thrash e de Punk, alguns nomes, como: ATOMIC AGGRESSOR, FEED BACK, NECROSIS, ANARKIA, MASSACRE, FISKALES AD-HOK... mas nenhum deles conseguiu gravar um álbum, só gravaram Demos, algumas dessas bandas demoraram até mais de 12 anos em gravar um álbum, por falta de estúdios de gravação.
Entretanto, acontecem shows internacionais com uma grande parafernália, mas para shows locais ainda faltam muita estrutura". Ironiza Francino sobre a questão do entretenimento em seu país utilizando bandas de pequeno e grande porte, como referência.
O Heavy Metal como em outras partes do país, pelo o mundo afora, ainda carrega os preceitos já conhecidos por muitos. A riqueza social, cultural com suas divergências, as perfeitas imperfeições, estigando um público que respira a arte do som pesado com senso crítico, através de sua história de luta, resistência, ampliando ainda mais as raízes de cada 'Headbanger'. E assim caminha o Heavy Metal...
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps