Mötley Crüe: América do Sul em 2015 e shows até Janeiro de 2016
Por Nacho Belgrande
Fonte: Playa Del Nacho
Postado em 20 de agosto de 2014
Por ANDY GREENE para a edição online estadunidense da ROLLING STONE de 19 de Agosto de 2014.
Faltam quatro horas para que o MÖTLEY CRÜE suba ao palco no Pepsi Center em Denver, e NIKKI SIXX está sentado em seu ônibus de turnê, lendo um livro sobre as Olimpíadas de 1936 e se gabando de suas habilidades ao jogo UNO. "Noite passada eu joguei com minha esposa e filha até 1 da manhã", diz o baixista, de 55 anos. "Eu jogo Uno com qualquer um e ganho."
Esse cara foi declarado morto após uma overdose de heroína em 1987, mas muito mudou para os quatro membros do Crüe desde aqueles dias insanos. "Quando você é jovem, você bebe a noite inteira, come mil garotas e cheira tanta cocaína quanto quiser", diz Sixx." Eu estou sóbrio agora. Eu tenho o desejo de conquistar mais coisas."
No momento, o Mötley Crüe está no primeiro trecho de sua derradeira turnê, lotando casas pelos EUA com o convidado especial ALICE COOPER. Conversamos com os quatro membros do grupo para uma matéria na nova edição da Rolling Stone. Eis aqui 19 coisas que ficamos sabendo com as entrevistas.
Inicialmente, até os próprios agentes da banda acharam que eles estavam blefando sobre essa ser a última turnê deles.
"Eles nos disseram, 'Isso é um lance legal de marketing'", diz Sixx. "Isso realmente nos irritou. Eles disseram, 'Sabe, isso rola por uns cinco ou seis anos'. E nós respondemos, 'Sem chance. Quem vocês acham que nós somos?' Eles responderam, 'O THE WHO fez isso, assim como o KISS e muitos outros'. Foi quando tivemos a ideia de nos comprometermos legalmente com um contrato de modo que nunca mais saiamos em turnê."
O "Acordo de Cessação de Turnê" tem sim, uma brecha.
"Se todos os quatro membros da banda concordarem, poderíamos sobrescrever nosso próprio contrato", diz Sixx. "Mas isso nunca vai acontecer. Há pessoas nessa banda, e você está falando com uma delas. Não há quantidade de dinheiro que me faça mudar de ideia. Mesmo se nos oferecerem $10 milhões para fazermos 10 shows daqui a dez anos. O modo que armamos tudo, incluindo essa conversa agora, seria muita palhaçada. Não vai acontecer nunca."
Mick Mars quer escrever um livro quando a turnê acabar.
"Minha história vai ser um pouco diferente da de todo mundo, entretanto", ele afirma. "Eu não quero seguir aquela de, 'Saímos em turnê, daí eu comi aquela mina e peguei tal doença dela.' Quem se importa com isso? Eu quero escrever sobre a música e os altos e baixos do ramo."
Eles viajam em ônibus separados.
"Isso é óbvio", diz Vince Neil. "Nikki tem nove pessoas em seu ônibus. Tommy tem os filhos dele juntos o tempo todo. Todo mundo tem sua própria programação. Também não temos muito sobre o que conversar a menos que seja sobre o show."
Nem todas a tensão das antigas se foi.
"Ainda há conflito", diz Sixx. "Há diferenças e atrito. É como ter uma namorada e você não aguenta, mas é o melhor sexo que você já teve na sua vida e você continua voltando pelo sexo, apesar de ela te deixar louco. Isso é meio o que é o Mötley Crüe."
A montanha-russa com a bateria de Tommy Lee, conhecida como Crüecify, o deixou cagando nas calças no começo.
"É de arrepiar", ele diz. "No ponto mais alto, ela está suspensa a 17 metros de altura. Eu tenho que admitir que fico meio com a calça pesada quando aquilo vira de cabeça pra baixo pela primeira vez."
Tocar bateria de cabeça pra baixo, suspenso a 17 metros de altura, não é uma tarefa fácil.
"Minha obrigação é fazer com que pareça fácil", diz Lee. "Mas é duas vezes mais difícil do que tocar em solo firme. A gravidade puxa seus braços para baixo e seus pés do pedal. Você tem que manter seus pés no pedal constantemente e seus braços voltados pra cima. Jesus, não tinha algo mais difícil para eu ter escolhido fazer?"
Mick Mars não tem planos para se aposentar da música uma vez que o Mötley Crüe acabe.
"Eu quero gravar um disco solo", diz ele. "Eu não quero ficar sentado em casa e engordar e envelhecer. Eu já sou velho o suficiente. Quero trabalhar até morrer."
A adaptação para o cinema do livro "The Dirt" seguirá em frente.
"Nikki e eu acabamos de assistir a uma leitura de duas horas do roteiro", conta Lee a respeito do filme baseado na autobiografia da banda. "Não foi com os atores que farão o filme, mas com pessoas que eles contrataram para ler todo o roteiro. Porra, foi uma viagem ouvir 30 anos de sua vida passarem em duas horas. Foi simplesmente surreal. Dirigindo pra casa, Nikki e eu ficamos olhando um pro outro, tipo, 'O que diabos acabamos de ver?' Eu mal posso esperar até que eles comecem a filmar essa porra. Está programado pra ser em breve, pelo menos eu acho."
A turnê de despedida vai rolar 2015 adentro.
"Tenho certeza que voltaremos e tocaremos nos EUA de novo", diz VINCE NEIL. "Há muitas cidades que estamos pulando. Também temos que tocar no Canadá, México, América do Sul, Ásia, Japão e Europa. Temos um longo caminho a percorrer."
O uso de fitas pré-gravadas com os backing vocals ainda é um tema sensível.
Em uma recente entrevista com EDDIE TRUNK, Mars se pronunciou sobre sua insatisfação com a decisão da banda de suplementar os vocais de Neil com trechos pré-gravados. "Isso poderia me encrencar muito", ele disse. "Deixe que eu coloque da seguinte maneira. Eu vou dizer duas palavras e você vai saber: Britney Spears… eu não gosto disso. Eu poderia colocar um CD do Mötley e tocar junto com ele o dia inteiro. Eu não quero fazer isso."
Quando perguntado sobre o assunto de novo agora, Mars tem uma opinião levemente diferente. "É melhor ouvir vocais no tom certo do que não os ouvir", ele diz. "Eu acho que há algumas pessoas que não curtem isso. Algumas pessoas preferem lances crus, na cara. Eu acho que os vocais de fundo reforçam a banda sob alguns aspectos. Quer dizer, é isso aí mesmo."
Vince Neil diminuiu bem seu consumo de álcool.
"Eu tomo uns coquetéis de vez em quando", ele diz. "Eu até tomo uma taça de vinho no jantar. E só."
Apesar da dor intensa oriunda de sua longa batalha contra a espondilite anquilosante, Mick Mars permanece livre das drogas.
"Alguns dias são piores do que os outros, quando se trata de dor", diz Mars. "Mas eu não tomo nenhum analgésico. De jeito nenhum. Eu embarquei nessa uns 15 anos atrás, e nunca mais quero lidar com aquilo, muito obrigado. Não é um bom caminho. O alívio rápido não é uma trilha a se seguir."
14. Mars está considerando uma reunião com o vocalista JOHN CORABI, que foi frontman do Mötley Crüe por alguns anos na década de 90.
"John e eu temos conversado sobre compormos algumas coisas", ele diz. "Uma reunião completa não foi discutida, mas é possível."
As opiniões sobre a banda gravar material novo depois do fim da turnê ainda divergem.
"Eu não vejo isso acontecendo", diz Lee. "Isso não está em nossos planos, a menos que seja para a trilha sonora de 'The Dirt", mas eu não consigo imaginar qual seria a finalidade disso, já que o filme conta nossa história." Vince discorda. "Eu nos vejo gravando no futuro", ele afirma. "Com certeza". Nikki Sixx fica em cima do muro. "Podemos voltar a fazer músicas", ele diz. "Só que precisa haver um veículo para ela."
Caso eles sejam escolhidos para o Rock And Roll Hall Of Fame, espere uma única apresentação.
"Se algumas pessoas deixarem seus egos de lado, nós nos reuniríamos sim para o Rock And Roll Hall Of Fame", diz Sixx. "Mas, entre meus colegas de banda, o Hall Of Fame virou meio que uma piada. Mas talvez toquemos de novo em algum tipo de premiação ou no Super Bowl ou algo do tipo.
Eles já aceitaram o fato de que muitos críticos de rock não gostam deles.
"Nunca fomos populares entre os críticos", diz Neil. "Para muita gente, somos uma típica banda dos anos 80. Todo mundo quer se livrar da pecha de anos 80. Elas querem ir dos anos 70 direto para os 90, mas os anos 80 foram gigantescos para a música. Eles começaram um tipo totalmente novo de música que vendeu muitos discos e que as pessoas ainda seguem."
Eles se recusaram a cooperar com o musical 'Rock Of Ages' na Broadway e com a subsequente versão cinematográfica.
"Eu, especificamente, não sou alguém que segue aquele período da música", diz Sixx. "Eu não acho que sejamos inerentes de um determinado período. 'Rock Of Ages' nos ofereceu tanto dinheiro. Eles nos ofereceram uma porcentagem. Dissemos não. Foi um filme vagabundo que não tinha nada a ver com o que acreditamos."
O último show do Mötley Crüe será em Los Angeles.
"Tem que ser lá", diz Neil. "É o único lugar para se terminar. Eu espero que o façamos no dia 17 de janeiro de 2016. Será o nosso trigésimo-quinto aniversário." O local exato ainda não foi determinado. "Há negociações para que sejam algumas noites no Staples [Center] ou no Forum [de Inglewood]", diz Lee. "Depois, pode haver um show começando 1 hora da manhã no Whisky [A Go Go], onde toda essa porra começou de fato. Quer dizer, porra, todos nós morávamos na esquina daquela merda de bar. Seria muito bom acabar lá."
Não importa quando e onde aconteça, Sixx já tem uma visão dessa noite em sua mente. "Eu sonho com entrar no meu carro depois do último agradecimento à plateia", ele diz. "Eu vou dirigir pra casa, sozinho, com o rádio desligado. Eu vou passar de carro pelo Whisky, pelo Roxy, o Rainbow e o Troubadour. Eu vou até minha casa, colocar a chave na porta, girá-la, e pensar, 'Por onde passaram todos aqueles anos, caralho?" Daí vou fechar a porta e esperar pelo próximo capítulo."
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