Cursed Slaughter: entrevista dirigida ao público do nordeste
Por Israel Ferrão
Fonte: Metal On Metal
Postado em 01 de setembro de 2014
Isreal Ferrão: Saudações! Como surgiu a ideia de fundar o Cursed Slaughter ? Houve algum tipo de mudança no som da banda do início até hoje? Faça uma breve apresentação.
Dan: Éramos amigos, que curtiam metal e principalmente Slayer, tivemos uma banda cover de Slayer chamada Hellsoul, um belo dia lá por 2009 o Ricardo e o Rodrigo (Guitarra/Bateria) que são irmãos resolveram começar a tocar sons próprios e me chamaram (Dan) para o vocal, encontramos um baixista, o Fernando Milan, que ficou conosco até parte dos shows de divulgação do MMTM, ele passou por algumas mudanças em sua vida e não pode continuar com o Cursed, resolvemos então recrutar o William, que já era o outro guitarra do Hellsoul para preencher o posto de baixista.
Quanto a mudanças no som, acho que elas são naturais, não escutamos sempre as mesmas bandas e por isso temos diferentes influências o tempo todo, com o passar do tempo as músicas vão ganhando uma cara diferente, o MMTM foi nosso primeiro disco, antes dele tivemos uma demo chamada Hate Evolution, lançada somente em formato digital, hoje temos o segundo disco pronto e consigo ver uma melhor definição da nossa identidade, indo para um lado mais extremo em termos de velocidade e peso.
Israel: Esse ótimo material intitulado "Metal Moshing Thrash Machine'' gravado por vocês, me fez lembrar ótimas bandas do cenário Crossover/Thrash mundial. Ótimos riffs e um vocal bem coeso, destacando as faixas "Crystal Lake" , "Cyco Army" , "Rot In The Cross " e "Wake Up..and Smell The Napalm". Conte me quais as principais influências da banda, e como as ouvindo pode ajudar no processo criativo.
Dan: Poxa seria um pouco difícil falar, são toneladas de referências, mas acho que as mais latentes ouvindo hoje o material, seriam o Slayer, Testament, RxDxPx, Suicidal Tendencies, Tankard, Misfits.. etc. Acho que fica isso fica bem perceptível se você buscar por essas influências em nosso som, o Slayer deve ser a mais latente, por ser uma unanimidade entre nós quatro, mas tem influências mais escondidas, como o Misfits que está lá somente na parte das letras e nos encaixes de backing vocals, RDP é uma que marca presença principalmente na Attitude, nosso lado mais Hardcore, que é algo que eu curto muito! O Rodrigo é muito influenciado por Lombardo/Bostaph, e você consegue perceber isso facilmente ao ouvir qualquer uma das músicas do CD, com as viradas malucas dele, tanto na fase do Slayer quanto na fase do Testament, o Ricardo que é o cara dos riffs escuta muita coisa diferente, desde groove metal até death, e acho isso ótimo, faz com que nosso som te faça lembrar de outras bandas, ao mesmo tempo que não soa como nenhuma delas, estamos tentamos criar nossa própria identidade.
Israel: Como está a aceitação desse material, e como foi a distribuição nacional e internacional? Fale-me a respeito do feedback que vocês tem recebido do "Metal Moshing Thrash Machine".
Dan: O MMTM foi lançado no final de 2012 de forma independente, fizemos uma prensagem meio safada em CD-R que se esgotou rapidamente, quatro dessas cópias eu entreguei na mão do Juninho (baixista do RDP) e pedi para ele entregar para os caras da banda, já que foram uma grande influência no nosso som, o Boka (baterista do RDP) curtiu o som e veio falar comigo, uma vez que ele tem um selo (Pecúlio Discos) e me perguntou se gostaríamos de lançar o play pelo selo dele, ficamos muito felizes, além de ter a aprovação de um cara que admiramos, ainda teríamos um lançamento nacional por um selo foda, e em 2013 o disco saiu de verdade pela Pecúlio, prensado, com encarte e a porra toda e ficou foda!! A aceitação não poderia ter sido melhor se tratando do nosso primeiro registro, tivemos apenas resenhas ótimas em diversos sites/blogs/revistas/zines, o disco ainda é um dos 10 mais vendidos da Pecúlio, se encontra a venda pelo site do selo, em todas as lojas da Galeria do Rock e em todos os nossos shows. Estamos muito satisfeitos com o desempenho do disco.
Israel: As letras de vocês possui uma temática sangrenta e odiosa. Quem as escreve, e qual a referência para tal?
Dan: Todas as letras desse disco em particular foram escritas por mim, com exceção da Attitude, escrita por mim e por amiga e a trinca Nuke Future, Lethal Injection e Crystal Lake, que teve a colaboração do Fernando Milan. Eu sou doente por cinema e em especial filmes/livros de terror, não sou nenhum especialista no assunto, mas é um tema que me fascina e que provavelmente continuará aparecendo em minhas letras por um tempo, quanto as letras mais voltadas para a nossa realidade, a inspiração vem de absurdos que são passados para as pessoas como coisas normais, guerras territoriais, desvio de verbas públicas, fanatismo religioso, desrespeito a liberdade de expressão, alienação midiática, esses são temas que causam grande revolta não só em mim, e o que eu faço é colocar todo esse ódio em letras e rimas, toda essa revolta e essa vontade de estripar algum babaca que se aproveita da inocência de uma pessoa da maneira que for, politicamente ou religiosamente.
Israel: Vocês fizeram uma tour nesse ano de 2014, certo? Como foram os shows, por quais cidades passaram?
Dan: Nossa cara, tocamos em tudo quanto é canto de SP, na verdade os shows começaram em 2013, tudo isso culminou na gravação do DVD com o Desalmado no Produsom, que deve sair em algum momento esse ano ou no começo do ano que vem. Os shows são variados, somos uma banda pequena, chegamos em muitas cidades onde ainda não nos conheciam, no inicio tivemos uma ajuda brutal de outras bandas que já estavam estabelecidas no cenário e nos ajudaram a espalhar nossa música, que é o caso do Bandanos, e também tivemos uma força grande da produtora Soco na Fuça de São José dos Campos, que construiu nossa base de público mais forte nos chamando para fazer diversos shows por lá, sempre com o máximo de profissionalismo! Claro, existiram shows ótimos e shows ruins, mas p/ gente é sempre válido tocar, tocar ao vivo é o motivo do Cursed existir, o tesão que temos por isso é imenso, e enquanto pudermos andar estaremos tocando por ai! Costumo dizer que nós somos amigos que tocam na mesma banda, porquê vamos p/ role não só para tocar, mas p/ bebermos juntos e curtir o som de outras bandas, nós somos malucos de verdade por metal/hardcore e nesse corre conhecemos bandas animais, infelizmente saímos de SP apenas uma vez, fomos ao RS com a força dos nossos irmãos Cyco do CxFxCx, onde fizemos dois shows nada menos do que brutais! E conhecemos outras bandas animalescas, como o Balde de Sangue, Pull the Trigger, Chute no Rim, etc.. São muitas haha, mas enfim... não vemos a hora de tocar ainda mais!
Israel: Algum novo projeto para 2015? Tour, shows, disco... conte como estão os planos da banda para o ano que vem.
Dan: Cara, como disse, estamos com o segundo disco composto, mas como somos uma banda pequena e independente não temos a verba para a gravação agora... Estamos levantando essa grana com a venda de camisetas e do disco físico do MMTM, então nosso projeto para 2015 é levantar essa grana para podermos gravar em algum momento do ano que vem, no meio tempo estamos com o DVD quase pronto, sendo produzido no Family Mob aqui em SP. Agora temos uma estrutura melhor, contamos ai com a assessoria da Wargods e a parte de administração e Booking sendo feita pela Ya que tem nos ajudado bastante, então aos poucos temos visto o Cursed ganhar mais forma e nos podemos nos concentrar mais na música, fora a parceria com a Pecúlio, que continua sendo nosso selo para qualquer coisa que formos lançar. Então nosso objetivo é tocar ainda mais, e procurar levar nosso som para fora de SP.
Israel: Estive em São Paulo recentemente para o "Profana Aliança Nacional" mas não tive muita oportunidade de conhecer o cenário... Como são as coisas por aí quando se fala em "Cena", como é a movimentação de shows, bandas, zines, público?
Dan: Cara a cena no interior ainda é forte, são os melhores shows/público, infelizmente o mesmo não pode ser dito do público aqui da capital, vejo cada vez menos pessoas com vontade de organizar um show ou festival, o público é escasso e muitas vezes prefere ver videos da banda ou baixar seus discos do que de fato estar lá apavorando no mosh. Bandas temos muitas, seria impossível citar alguma sem ser injusto com alguém, mas infelizmente produtores bons tem sumido, por tomarem prejuízo organizando algum evento, o cara organiza e toma na cabeça, pois tem que bancar o espaço, transporte das bandas, equipamento, nada nada com certeza ele gastará por volta de uns 1000 reais se fizer em um lugar de fácil acesso e ajudando as bandas, então ele teria que cobrar 10 reais de entrada, porque qualquer coisa acima disso já é pretexto p/ galera não colar, pois é "caro", ou seja ele precisará de 100 pessoas p/ poder sair no zero a zero, e infelizmente um evento hoje, de bandas underground levar 100 pagantes é muito raro. Quem está nessa, tem que estar por gosto pela música mesmo e tentar se importar pouco com as merdas que acontecem, ou se não a pessoa/banda/produtor, não irá durar, não é fácil, mas uma vez que o show começa, parece que tudo valeu a pena.
Israel: Para finalizar gostaria de agradecer pelo tempo cedido a responder essas perguntas , desejo toda sorte para banda e espero vê-los em Salvador em breve.. queria que você deixasse um recado pra quem acompanha a banda, e também pra quem está conhecendo a partir dessa entrevista!
Dan: Muito obrigado pelo espaço, sua entrevista foi muito bacana e bem elaborada, agradeço quem teve a paciência de ler até o final, temos uma vontade imensa de conhecer o Nordeste do país, nunca estivemos por ai, embora tenhamos recebido um grande carinho de muitas pessoas da região através do nosso Facebook! Conheçam o Cursed Slaughter, entrem na nossa pagina: facebook.com/cursedoficial . Vejam nosso canal no YouTube: youtube.com/cursedoficial e aproveitem o mergulho no underground para conhecerem mais bandas, nosso país está inundado de bandas precisando de reconhecimento e que não deixam nada a dever a bandas internacionais!!! Espero vê-los no mosh! Stay Cursed!
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