Temple of The Dog: como foi o épico show em New York?
Por Brunelson T.
Fonte: Site Rock in The Head
Postado em 21 de novembro de 2016
A banda TEMPLE OF THE DOG atingiu a arena do Madison Square Garden com uma série de emoções nesta noite da segunda-feira, 07/11/2016. Eles forneceram 02 horas de grandes lembranças dos primeiros dias do grunge, juntamente nos lembrando que o falecido vocalista do MOTHER LOVE BONE, Andy Wood, tinha sim potencial para ser uma estrela do rock.
"Eu tenho certeza que se Andy estivesse vivo, ele estaria tocando aqui no Madison Square Garden", foram alguns dos primeiros comentários do vocalista Chris Cornell, cujo vocal estava tão forte quanto de 25 anos atrás - quando o único álbum de estúdio do TEMPLE OF THE DOG foi lançado. Cornell também falou de quanto mais louco o mundo tem ficado desde aqueles primeiros anos... A banda explorou poderosamente algumas de suas melhores músicas como: "Say Hello to Heaven", "Wooden Jesus" e "Call Me a Dog".
Temple Of The Dog - Mais Novidades
Alcançando a sua 4ª canção, "Your Saviour", Cornell nos lembrou que, se queríamos encontrar a religião em 1990, havia mais e mais pessoas que realmente queriam alguma ajuda para lidar com os seus problemas. Ele disse à animada multidão de New York, que eles não precisavam de ninguém para dizer-lhes como encontrar a religião e que algumas destas pessoas estão apenas querendo tirar vantagem sobre as outras. Ironicamente, depois do show - do lado de fora do ginásio - os fãs que estavam saindo do concerto testemunharam alguns "ajudantes religiosos" tentando promover a sua religião, exatamente como Cornell havia mencionado. Talvez, deve ter havido algum mal-entendido com o nome da banda sendo divulgado por toda a cidade e na fachada do Madison Square Garden.
"Nós só temos 01 álbum, então, fizemos um setlist com outras músicas também", informou Cornell, que entrou em ação com algumas das melhores canções do MOTHER LOVE BONE: "Stardog Champion" e "Stargazer". Ambas foram muito bem tocadas, nos lembrando das forças melódicas e líricas de Andy Wood e nos proporcionando prazer em escutar como essas 02 músicas se encaixaram muito bem, em uma das melhores bandas grunge que o Madison Square Garden já ouviu falar. A namorada de Andy Wood da época, Xana la Fuente, não foi mencionada na introdução de ambas.
Já que o setlist apresentou em grande parte clássicos dos anos 70, senti-me perguntando o por quê? Enquanto que a banda parecia ter a sua química facilmente renovada - não tendo problemas para bombear algumas músicas incríveis da história do rock - eu não conseguia ver uma conexão com Andy Wood - a menos que fossem músicas de suas bandas e artistas favoritos... De certa forma, a mistura do grunge dos anos 90 com o rock dos anos 70, nos fez sentir que estávamos escutando uma rádio de rock em 1990, antes que o grunge fosse varrido para o mundo alternativo por atos famosos de bandas como o SOUNDGARDEN, ALICE IN CHAINS, PEARL JAM e NIRVANA. Naquela época, a música estava em um estado de fluxo, não sabendo para onde se virar depois do hair metal/glam metal dos anos 80, da new wave e do hard rock dos anos 70. Álbuns como o do TEMPLE OF THE DOG nos levaram a uma revolução do rock.
Quase todos os covers tocados foram compostos antes do falecimento de Wood, exceto 02 canções do ultra-raro EP de Chris Cornell, "Poncier" (1992): "Missing" e "Seasons" – essa última fez parte da trilha sonora do filme "Vida de Solteiro" (1992), do diretor Cameron Crowe. Antes dessa última música, Cornell brincou sobre as "carreiras" de atores que os membros do PEARL JAM desempenham nesse filme – filmado em Seattle e baseado no cenário grunge.
Depois de terminar o 1º set com uma versão reduzida da música "Reach Down" (no álbum, ela passa dos 10 minutos de duração), houve uma bela apresentação solo de Chris Cornell para a multidão. Com uma canção perfeita para ser tocada em arenas com todos os presentes enrolados na áurea grunge, Cornell apareceu sozinho para o 1º bis com apenas o seu violão. Foi um momento bom e íntimo ao ouvir a música do MOTHER LOVE BONE, "Man of Golden Words" (de onde se tirou o nome TEMPLE OF THE DOG), que terminou com letras citando a canção do PINK FLOYD, "Comfortably Numb". Os fãs pareciam mais confortáveis e entusiasmados quando algumas das famosas letras da canção do PINK FLOYD foram cantadas - mas isto ofuscou a canção de Andy Wood.
Então, por que tanto rock clássico? Embora eu pensasse que a intenção era que o TEMPLE OF THE DOG não tocasse nenhuma música do PEARL JAM ou do SOUNDGARDEN, também acho que eles não queriam fornecer nenhum refletor para qualquer um dos contemporâneos de Andy Wood do cenário grunge - exceto por um momento fantástico, quando fizeram o cover da banda MAD SEASON, "River of Deceit", que trouxe uma lembrança do grande e falecido Layne Staley. Durante algumas das músicas, parecia que Andy Wood estava se comunicando conosco lá do além. Na canção "Seasons", de Chris Cornell, ele canta: "E eu estou perdido por trás das palavras que eu nunca vou encontrar / Eu sou deixado para trás, assim como as estações rolam". Enquanto que no cover de HARRY NILSSON, "Jump Into The Fire", a mensagem para os fãs, foi: "Você pode pular para dentro do fogo, mas você nunca será livre".
O cover do LED ZEPPELIN, "Achilles Last Stand", foi uma performance estelar, com memórias de Andy Wood voltando a mente a partir de frases, como: "Com toda a diversão que se tem, viva os sonhos que sempre tivemos / Oh, as músicas que iremos cantar, quando nós retornarmos novamente pela última vez". "Os poderosos braços de Atlas seguram o paraíso da terra / Eu sei o caminho". Eu meio que esperava que a qualquer momento, Andy Wood soubesse o caminho de volta à terra e que fosse aparecer no palco mais 01 vez...
Também pensei em Andy Wood durante as frases: "Eu estou me afundando na areia movediça do meu pensamento e não tenho mais forças / O conhecimento vem com a libertação da morte", que foram as letras do cover de DAVID BOWIE, "Quicksand". Ainda assim, algumas seleções eram questionáveis, como o cover da banda FREE, "I'm a Mover", e do BLACK SABBATH, "War Pigs". Eu não vi conexão e não senti nenhuma vibração em relação a Wood em qualquer uma dessas 02 últimas canções (talvez, fossem 02 músicas das preferidas de Andy), mas "War Pigs" foi uma das performances mais bem recebidas da noite.
Na música "Missing", de Chris Cornell, houve uma forte ligação entre os 02 grandes vocalistas (que eram amigos, chegando a dividir o mesmo apartamento), quando ele canta: "Esta pode ser a última coisa que você vai ver de mim / E pode ser a sua chave para descansar / Tem sido difícil de aguentar / E eu estou com saudades". Cornell havia brincado mais cedo com a plateia, que ele não estava se sentindo que estava no lendário Madison Square Garden, até momentos antes da banda ter começado a tocar a 3ª música do show, "Call Me a Dog".
De certa forma, parecia mais como o desempenho final de Andy Wood no Madison Square Garden, sob os holofotes de New York – nos proporcionando um enorme prazer em fazer parte dessa incrível noite de música.
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps