Chico Science: banda diz que polícia proibiu música dele no carnaval do Recife
Por Igor Miranda
Fonte: Instagram
Postado em 28 de fevereiro de 2020
A banda Janete Saiu Para Beber afirmou, nas redes sociais, que foi impedida por policiais de tocar a música "Banditismo Por Uma Questão De Classe", de Chico Science e Nação Zumbi, durante o Carnaval do Recife. A apresentação acontecia na rua do Apolo, no Recife Antigo, quando foi encerrada pela Polícia Militar (PM). Em nota, a corporação nega que tenha restringido qualquer canção durante o evento.
"Na segunda de carnaval dia 24 tocamos o tributo ao Chico Science e Sheik Tosado na rua do Apolo - Recife Antigo. Durante o show enquanto tocávamos 'Banditismo por uma questão de classe', a Polícia Militar fez uma barreira entre o público e a banda. Tivemos que parar o show com ameaça de levar nosso vocalista preso!", afirmou o grupo, por meio das redes sociais.
O texto completa: "A produção foi incrível e conseguiu reverter a situação, mas o mais absurdo foram os argumentos: Chico Science não pode tocar, não pode! Assim como outras bandas de amigos também aconteceram a mesma coisa nos polos do Recife. Também aconteceu com o China no Polo da Lagoa do Araçá e com a Devotos no Polo Várzea. Se isso não é ditadura, é o que então??? Resistência!".
Em outra série de publicações, a banda aponta que músicas como "Sangue de Bairro" e "Monólogo ao pé do ouvido" "irritaram alguns dos policiais presentes, que foram questionar a produção do evento sobre o teor dessas músicas". As canções trazem tom crítico, como a já citada "Banditismo Por Uma Questão De Classe", com um verso que diz: "Em cada morro uma história diferente que a polícia mata gente inocente".
"Eles exigiram o fim do evento, argumentando: 'Não pode tocar Chico Science. Chico é som de briga! Não pode tocar!'. Foi apresentada toda a documentação exigida por lei para que o evento acontecesse. Desconhecendo a situação que acontecia nos bastidores, o vocalista Cesar Braga proferiu um xingamento contra o fascismo e seus apoiadores. Em nenhum momento essas palavras foram direcionadas a Polícia Militar", afirma o grupo.
Em seguida, o vocalista Cesar Braga foi ameaçado de prisão por desacato e injúria. "Enquanto os policiais que permaneceram na frente da casa, formaram uma barreira entre o palco e o público, intimidando todos os presentes. A produção do evento, tentando apaziguar a situação e temendo a prisão arbitrária de um dos músicos, solicitou que a banda encerasse o show. Devido ao diálogo, a produção conseguiu prosseguir com o evento, alegando ainda que as próximas apresentações seriam com letras em inglês, como forma de amenizar a tensão desnecessária", diz a banda.
Caso semelhante com Devotos
A banda Devotos relatou ter sofrido de situação parecida durante show no polo da Várzea, no Recife. O vocalista Cannibal disse, em entrevista ao G1, que policiais ameaçaram encerrar o show após a performance da música "Banditismo Por Uma Questão De Classe".
"A gente faz uma intervenção de uma música nossa com a música Banditismo, de Chico Science. Fazemos isso desde uma apresentação no Festival de Inverno de Garanhuns em 2002. Quando a gente terminou de tocar e foi para a música seguinte, a produção me avisou que a PM disse que se a gente cantasse mais uma música falando mal da polícia, eles iam acabar o show", afirmou Cannibal, ao G1.
Polícia Militar nega
Em nota enviada ao Jornal do Commercio, a Polícia Militar de Pernambuco alegou que "não há qualquer tipo de proibição à exibição de nenhuma música durante o Carnaval ou em qualquer época do ano. O efetivo somente orienta a suspensão de blocos que tenham estourado o tempo previsto para o desfile, por causa do planejamento operacional, que provoca o recolhimento da tropa após a dispersão dos foliões".
O texto ainda aponta: "Deixar que a festa prossiga sem a presença de policiais colocaria em risco a segurança de todos. Os organizadores das agremiações que acreditem ter havido algum abuso deve procurar o Batalhão responsável ou mesmo a Corregedoria Geral, para formalizar uma queixa e possibilitar uma detalhada apuração de todos os fatos".
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