Metal Brasileiro: Extremismo, conservadorismo e preconceito na cena
Por Evilásio Júnior
Postado em 10 de junho de 2020
Não é fácil cortar a própria carne, mas é preciso. Devemos lançar uma luz reflexiva sobre a atual cena da música pesada e os desdobramentos que estão fazendo parte do movimento. Pois com a polarização política que o país vem sofrendo, uma parcela significativa dos headbangers se alinhou com uma agenda política de valores de extrema-direita, que prega o ódio às minorias e que flerta com o que há de mais retrógado na sociedade: um conservadorismo eivado de preconceito.
Quantas bandas de pretos há no cenário? Quantas bandas formadas por mulheres? Quantas bandas formadas por índios? Por homossexuais? Poucas, muito poucas. O Metal de uma forma geral, não apenas o brasileiro, é o espaço do homem branco, hétero, que tem uma exaltação pela cultura europeia, reproduzindo valores de uma cultura eurocêntrica, patriarcal e anacrônica, que quase não abarca a nossa época e o nosso modo de ser. Porque quase não há bandas que fazem a análise histórica e sociologia do Brasil em suas letras, há pouquíssimas bandas e pouquíssimos trabalhos com os aspectos culturais brasileiro, há um culto desenfreado ao que vem de fora. Um pensamento colonizado, que não consegue ver a força que a nossa cultura tem.
Como não bastasse tudo isso, o Metal não é um lugar democrático, é um ledo engano achar isso. Peguem as principais bandas do país e observem o estereótipo ali presente, num simples golpe de vista você consegue visualizar o que estou falando. O próprio headbanger é o responsável pela segregação dentro do próprio segmento, vide o que aconteceu com a banda Nervosa, grupo formado por mulheres e que recentemente teve a saída de duas integrantes.
Não era para ser diferente, o Brasil é um dos países onde mais há mortes de mulheres no mundo, onde a estrutural social é pautada em valores retrógados e que há uma forte presença do patriarcalismo e como este se espraia por nossas relações. Isso se reflete na forma como o assunto sobre a banda foi comentado em páginas da internet. Muitos comentários sexistas, desvalorização das integrantes por serem mulheres, torpeza.
A banda vinha numa ascendente, consolidando o seu nome não apenas no Brasil, mas mostrando a força do Metal Brasileiro lá fora, aliás, mostrando a força feminina num ambiente ocupado por homens. Contudo, Fernanda Lira (baixista e voz) e Luana Dametto (bateria) deixaram a banda, ficando apenas Prika Amaral, guitarrista.
O que seria algo natural e rotineiro na vida de bandas de Rock: a saída de componentes, serviu de motivo para a "macharada" começar a destilar ódio e fazer comentários vulgares acerca das meninas do Nervosa. Disseram que o grupo não tinha qualidade musical, que as meninas eram "gostosinhas" e que ainda estavam na ativa por isso. Ofensas e mais ofensas, comentários misóginos, machistas, preconceituosos... A saída de Fernanda e Luana mostrou que o espaço metálico ainda é um lugar cheio de ranço e retrógado, que precisa ser discutido.
Claro que muita gente defendeu as meninas do Nervosa, isso não pode ser negado, mas o que ficou claro nesse episódio: Há uma forte parcela do Metal Brazuca que é extremista, conservadora e preconceituosa.
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



O guitarrista preferido de Mark Knopfler, do Dire Straits, e que David Gilmour também idolatra
Os 11 melhores álbuns de progressivo psicodélico da história, segundo a Loudwire
Bangers Open Air divulga line-up da próxima edição, com In Flames, Fear Factory e Jinjer
O subestimado guitarrista base considerado "um dos maiores de todos" por Dave Mustaine
Nova música do Megadeth desbanca - temporariamente - Taylor Swift no iTunes dos EUA
Megadeth, Anthrax, Trivium e Evergrey apoiarão Iron Maiden em turnê pela Europa
Nick Holmes diz que há muito lixo no nu metal, mas elogia duas bandas do estilo
A "melhor banda de rock'n'roll em disco", segundo Bono, do U2
Brent Hinds - O ícone do heavy metal que não gostava do estilo - nem de conceder entrevistas
Nicko McBrain compartilha lembranças do último show com o Iron Maiden, em São Paulo
Regis Tadeu detona AC/DC e afirma que eles viraram "banda cover de luxo"
As melhores de Ronnie James Dio escolhidas por cinco nomes do rock e metal
As 5 melhores bandas de rock dos últimos 25 anos, segundo André Barcinski
As 3 teorias sobre post enigmático do Angra, segundo especialista em Angraverso
O principal cantor do heavy metal, segundo o guitarrista Kiko Loureiro
As 10 bandas favoritas do metal brasileiro no Metal Storm
A música que faz Prika Amaral querer cantar e tocar bateria ao mesmo tempo
A categórica opinião de Prika Amaral sobre o Kreator; "O som deles só melhorou"
Prika Amaral não gostava do Judas Priest quando era adolescente; "Grande erro!"
Metal Calcinha: onze bandas lideradas por mulheres
Prika Amaral explica por que decidiu se tornar vocalista da banda Nervosa


