Megadeth: o mé irlandês e Mustaine "causando" foram "a causa" da obra-prima da banda
Por Vagner Mastropaulo
Postado em 27 de agosto de 2020
À seção "The Stories Behind The Songs", nas páginas 24/25 da revista Classic Rock 262 (junho/19), Dave Mustaine revela um "causo alcoólico-religioso" que posteriormente o inspirou para compor o maior hit do Megadeth. Embora ele não veja o incidente como uma gafe, foi um deslize que acabou gerando "Holy Wars... The Punishment Due". E tudo ocorreu no Antrim Forum, em Antrim, Irlanda do Norte, no dia 11/05/88, durante a turnê de So Far, So Good... So What!. Abaixo, declarações do músico e um resumo do texto original em inglês, que pode ser lido na íntegra clicando aqui.
"Eu tinha curtido as maravilhosas bebidas adultas da Irlanda. Estava estupefato por estar na Irlanda, embora eu nem mesmo soubesse as diferenças entre Irlanda e Irlanda do Norte até mais tarde. Durante a tarde, um cara havia sido pego vendendo camisetas piratas dentro da casa de shows com a arrecadação indo para ‘A Causa’. Me disseram que isso era um conflito entre Católicos e Protestantes, algo que achei bem zoado, mas sinceramente eu não sabia que ‘A Causa’ significava o IRA".
Assim o líder do Megadeth começa a contextualizar um desenrolar de confusões que, à época, denotavam seu total desconhecimento sobre sensíveis questões locais, mesmo que sua avó tivesse nascido em County Cook, um condado no sul da Irlanda. E o jornalista Dave Ling alerta que tudo teria ficado por isso mesmo se um fã não tivesse jogado uma moeda de uma libra no guitarrista e o show não precisasse de uma parada abrupta por conta de um problema técnico na bateria de Chuck Behler.
Mustaine relembra: "Fui lá para trás e tomei uma dose de Peppermint Schnapps. Uma frase do Paul McCartney havia ficado famosa: ‘Dêem a Irlanda de volta aos irlandeses’ e se era boa o suficiente para Sir Paul, bem... mas quando eu disse essas mesmas palavras seguidas de: ‘Esta música vai para A Causa – Anarchy In Antrim’ e tocamos o cover do clássico dos Sex Pistols, as coisas mudaram realmente rápido e não me lembro de tudo que aconteceu".
Sóbrio, o choque de realidade se deu apenas no dia seguinte, no café da manhã: "David Ellefson me disse: ‘Aposto que você não se lembra de ser escoltado para fora de Antrim na noite passada dentro de um ônibus à prova de balas, lembra?’. E não, não me lembrava. Minha resposta foi: ‘Isso é legal pra cacete’, mas é claro que não era legal pra cacete. Ellefson certamente não achava que era legal. Mais tarde, quando eu estava sozinho, me perguntava por que diabos havia feito aquilo. Mas éramos todos jovens, todos havíamos bebido e fumado e estávamos lidando com muitos conflitos pessoais internos".
E ele se aprofunda a respeito de "The Punishment Due", parte final de seu maior clássico, inspirada no Justiceiro, da Marvel, que já havia aparecido em "Killing Is My Business... And Business Is Good!": "Aqueles que estão cientes do meu estilo de escrita sabem que quando há reticências, algo a mais está por vir. ‘Holy Wars’ é a única música em que gravei o solo e mantive o primeiríssimo take – por isso que o amplificador grita como um vulcão em erupção no começo".
E a matéria se encerra com uma auto-referência implícita: "Não penso no que aconteceu como uma gafe. Eu era uma pessoa muito inocente que foi provocada. É por isso que chamo a mim mesmo de ‘bobo’ [nota: na letra, em alusão ao verso: ‘Fools like me, who cross the sea and come to foreign lands’]. Mas aprendi muito com a experiência".
E para mais informações sobre a rivalidade entre as Irlandas, clique nesse link da Super Interessante, com menção ao evento que foi o impulso criativo para o U2 em "Sunday Bloody Sunday".
FONTE: Revista Classic Rock 262 (junho/19)
https://www.loudersound.com/features/holy-wars-the-punishment-due-by-megadeth-the-story-behind-the-song
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