Renato Russo: polícia apreende material com versões e, segundo TV, música inédita
Por Igor Miranda
Postado em 10 de dezembro de 2020
A Polícia Civil do Rio de Janeiro apreendeu na última quarta-feira (9) uma série de materiais de Renato Russo, vocalista da Legião Urbana falecido em 1996. De acordo com reportagem do "Jornal Nacional", da TV Globo, a "Operação Tempo Perdido" localizou diversas versões e até mesmo uma gravação inédita do cantor.
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Ao todo, foram apreendidos 91 arquivos de áudio em CDs, fitas cassete e fitas master que, segundo a reportagem, foram catalogados pelo produtor Marcelo Froes. O material estava em um depósito que, conforme apontado pela TV Globo, é utilizado pela gravadora Universal Music, no bairro do Cordovil, zona norte do Rio de Janeiro.
De acordo com a Polícia Civil, Marcelo Froes foi contratado pela família de Renato Russo, no ano 2000, para produzir um inventário dos arquivos do cantor, mas nunca teria apresentado esse documento. Ainda segundo a investigação, Froes fez acordo semelhante com a EMI Music, entregando o resultado de sua pesquisa à empresa - que foi comprada pela Universal Music algum tempo depois.
Ao menos 30 arquivos de áudio presentes no material apreendido são inéditos. Além de trechos de músicas e versões jamais apresentadas, como uma edição reggae de "Faroeste Caboclo", há, conforme a polícia, uma música inédita chamada "Helicóptero".
Ao jornal "Folha de S. Paulo", a assessoria de imprensa de Giuliano Manfredini, filho e herdeiro de Renato Russo, declarou que é "impossível saber" em um primeiro momento o que é inédito ou não. O material precisa ser analisado antes de qualquer conclusão.
À TV Globo, Giuliano Manfredini revelou ter se emocionado ao ter acesso ao material. "A gente está atrás de todo o registro histórico do Renato, todo o registro do Renato. Tem um valor histórico incomensurável, e acho que os fãs precisam saber disso, os admiradores precisam saber, eles precisam ter acesso a isso", declarou.
Marcelo Froes e a Universal Music ainda não se manifestaram.
Há ou não há música inédita?
Conforme já destacado, a reportagem da TV Globo apontou que o material apreendido pela Polícia Civil apresenta uma música inédita, intitulada "Helicóptero". A assessoria de Giuliano Manfredini afirmou, por sua vez, que ainda não dá para saber se há alguma composição inédita entre as gravações.
Em outubro, a polícia realizou a Operação Será e apreendeu materiais de Marcelo Froes. Na ocasião, o produtor garantiu que não há músicas inéditas de Renato Russo no acervo dele.
"É fundamental que as pessoas entendam a diferença entre música inédita, aquela totalmente nova, que ninguém nunca ouviu, e gravação inédita, que é a música já conhecida, gravada de uma forma diferente. Se falarmos em gravações de músicas já conhecidas, posso afirmar que existem muito mais do que 30 inéditas. Há muito material guardado, que também tem um altíssimo valor histórico", disse Froes, ao "G1", na ocasião.
Já ao "Uol", Froes afirmou: "Eu sabia melhor do que ninguém que existia material para se fazer conteúdo póstumo, mas esses projetos pararam porque rolam muitas animosidades entre as partes envolvidas. É claro que existe um material muito precioso e eu sempre deixei isso claro para todo mundo, sempre fomos provocados sobre isso. Mas, desde 2010, não mexo nesse acervo. Só vejo más notícias sobre isso, e a última delas bateu na minha porta".
O produtor Carlos Trilha, que trabalhou com Renato Russo e não foi envolvido na operação policial, reforçou que os registros existentes trazem gravações inéditas de músicas que já foram lançadas, e não canções inéditas. "As tais 'versões inéditas' de músicas que já existem é quase certo que sejam apenas remixagens utilizando-se as vozes guia das faixas que possuíam este registro (Renato odiaria isso). O que existia de material inédito já foi totalmente espremido", afirmou, na época.
Trilha ainda destacou: "A operação não se deu em meus estúdios. Marcelo Froes nunca trabalhou diretamente com Renato Russo e o mesmo nunca gravou no estúdio do jornalista-pesquisador. [...] Renato Russo só teve um produtor musical durante sua vida e ele se chama Carlos Trilha. [...] É realmente lamentável que a morte de um artista possa conduzir sua obra à um universo de critério artístico duvidoso dirigido por pessoas que nunca estiveram realmente próximas a ele", comentou.
Assim como Marcelo Froes, Carlos Trilha também não falou sobre a apreensão da última quarta-feira (9). Portanto, ainda não se sabe a origem da música "Helicóptero", citada pela TV Globo como inédita.
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