Melhores de 2020: os favoritos do redator Victor de Andrade Lopes
Por Victor de Andrade Lopes
Postado em 02 de janeiro de 2021
Esta lista não deve ser entendida como uma lista de "melhores", até porque elas só servem para gerar polêmica nos comentários e vêm sempre recheadas com os mesmos nomes óbvios de sempre para fazer média com gravadoras e agradar as massas. Aliás, como é possível elaborar uma lista de melhores antes mesmo de um ano acabar se a quantidade de horas de música lançadas é superior à quantidade de horas de que um ano inteiro dispõe?
Os itens abaixo foram selecionados e ordenados seguindo exclusivamente meu gosto como fã, e não minha análise como jornalista, embora alguns comentários se baseiem em minhas próprias resenhas dos mesmos, que você pode conferir no meu blog Sinfonia de Ideias ou aqui mesmo no Whiplash.net.
PS: O ranking original foi publicado em meu perfil no Facebook e é levemente diferente, pois engloba artistas de outros gêneros. Ele tem também uma lista das minhas 10 músicas favoritas do ano.
10. Whoosh! – Deep Purple e
9. The Absence of Presence – Kansas
Este ano foi marcado por grandes lançamentos de bandas clássicas, cujas carreiras superam (e muito) a minha vida inteira em longevidade. Whoosh!, do Deep Purple, e The Absence of Presence, do Kansas, são dois deles. Eu sei que fazer um mesmo comentário para os dois lançamentos beira o desrespeito e a preguiça, mas é que estamos falando de duas bandas com características muito semelhantes: ambas foram criadas há mais ou menos meio século, ambas passaram por numerosas mudanças de formação e ambas têm um som marcado por guitarras abrasivas, órgãos proeminentes e vocais de timbres relativamente próximos. E ambos os lançamentos foram felizes ao colocar estes sons, novamente, em evidência.
8. Ordinary Man – Ozzy Osbourne
Num álbum que é uma aula de como o heavy metal pode acolher o pop sem comprometer a qualidade geral da música desenvolvida, o eterno Madman marcou seu primeiro disco de inéditas em dez anos com um trabalho que conseguiu fazer um banquete com aquilo que nas mãos de alguém sem direcionamento poderia ter virado uma salada desastrosa. Pudera, quem consegue chamar Tom Morello, Duff McKagan, Chad Smith, Slash, Elton John e até os rappers Post Malone e Travis Scott para um disco de heavy metal e ainda ser abraçado pela crítica e pelo público? Se este tiver realmente sido o último disco dele, como os pessimistas pregam, então ele com certeza se despediu da melhor forma possível.
7. Quadra – Sepultura
Deste petardo, ainda não sei o que falar, só sentir. Eu poderia falar dos acordes, riffs e linhas matadoras da dupla Andreas Kisser e Paulo Jr., dos vocais avassaladores de Derrick Green e até da bateria inumana de Eloy Casagrande, mas qualquer palavra que você proferir sobre este disco – mesmo que elogiosa – parece ser engolida e desintegrada pela força desses 50 e poucos minutos de destruição musical.
6. MMXX – Sons of Apollo
Falando em destruição musical, o maior supergrupo de metal progressivo da década voltou em 2020 com um disco que constitui uma evolução natural com relação ao anterior. Aquilo que todos sentimos, continua: a soma desses cinco monstros em seus respectivos instrumentos (lembrando: Jeff Scott Soto nos vocais, Ron "Bumblefoot" Thal na guitarra, Billy Sheehan no baixo, Derek Sherinian nos teclados e Mike Portnoy na bateria) pode até não atingir aquilo que se esperava – se é que o ouvido humano estaria preparado para tal resultado –, mas com certeza faz jus às gordas discografias de cada um desses senhores.
5. Never Look Back – Goldfinger
O inquieto Goldfinger não encerrou a década sem mostrar que era capaz de fazer algo tão bom quanto o maravilhoso The Knife (2017). Com Never Look Back, álbum muito vivo e jovial, a banda se mostra firme como candidata ao título de "Reis do Ska Punk", mesmo com o líder John Feldmann já estando na casa dos 50 anos.
4. Cell-0 – Apocalyptica
Num dos melhores álbuns de "volta às raízes" desta década, o Apocalyptica regressou à música 100% instrumental e lançou um brilhante trabalho que explode em cores e emoções, tanto no som quanto na estética dos clipes. Com direito até a uma participação do indefectível Troy Donockley, do Nightwish! O que nos leva ao início do pódio...
3. Hvman. :||: Natvre. – Nightwish
Eu mesmo fiquei surpreso que Hvman. :||: Natvre. veio parar aqui no terceiro lugar. Que eu me lembre, minha resenha para ele foi mais morna que a dedicada ao antecessor Endless Forms Most Beautiful, de 2015. Acho que meu grande problema com o álbum foi a longa e decepcionante faixa épica "All the Works of Nature Which Adorn the World", que ocupa sozinha o Disco 2 inteiro e é totalmente orquestral e sem o lado metal da banda. Mas a Disco 1, ah, esta é de uma qualidade ímpar. "Pan", "Music", "Tribal" e "Harvest" estão entre os melhores momentos do sexteto finlandês, e configuram um patamar que seria difícil de ser batido num próximo lançamento, não fosse a banda liderada por Tuomas Holopainen – um dos poucos músicos vivos que eu me atrevo a chamar de gênio. O que me leva a outro músico que merece esta minha deferência...
2. Transitus – Ayreon
Se a lista de convidados me impressionou um pouco menos que aquela selecionada para o disco anterior (The Source, de 2017), o resultado da mistura me deixou boquiaberto. Num projeto ousado que envolveu um gibi e alguns clipes com produção sem precedentes na história desta que é a melhor metal opera do mundo, o holandês Arjen Anthony Lucassen foi muito feliz ao se arriscar em alguns terrenos desconhecidos, explorando doses de jazz, swing e música folclórica de um jeito nunca antes ouvido em sua discografia.
1. Virus – Haken
Parece marmelada que o Haken ocupe novamente o topo da lista igual ao que aconteceu em 2018, e com um disco que é quase um irmão mais novo daquele que mereceu destaque há dois anos (Vector). Ora, vou fingir que não gostei tanto? Esta lista é altamente pessoal, o que me dá liberdade de dizer que o disco me trouxe tudo o que eu mais aprecio no metal progressivo (peso, riffs arrasadores, solos e linhas alucinadas, serenidade bem dosada), e veio ainda com aquela que considero minha música favorita de 2020 – "A Glutton for Punishment", segunda parte da épica "Messiah Complex".
[an error occurred while processing this directive]Menção honrosa: Power Up – AC/DC
Das várias gratas surpresas musicais que atenuaram este ano, o novo disco do AC/DC certamente está entre as melhores. Com a volta da formação clássica-recente, o quinteto australiano mostra que ainda tem tanto poder de fogo quanto os canhões de "For Those About to Rock". Alguns poderiam argumentar que a formação clássica não voltou pra valer uma vez que Malcolm nos deixou há alguns anos, mas ele ainda está presente aqui, assinando todas as faixas com o irmão. Elas foram resgatadas da gaveta na qual estavam fadadas ao esquecimento e a soma delas configura, como o próprio Angus admite, uma justíssima homenagem àquela lenda das seis cordas.
Revelação: Nova Sekai – Nova Sekai
Esta desconhecida banda é até agora um total mistério para mim - tanto que nem sei se é mesmo uma banda ou talvez um projeto de uma pessoa só. Tudo o que sei é que o Nova Sekai vem do Japão, e só. Não sei quantos integrantes compõem o time, nem quem eles (ou elas) são. Só sei que o metal instrumental digno de trilhas sonoras de games da 1990/2000 foi um charme difícil de resistir...
[an error occurred while processing this directive]Revelação: One Spirit of a Thousand Faces – Dinnamarque
Chegamos ao único ponto em que esta lista pro Whiplash.net diverge da minha lista original, que selecionou Fragma (Amanda Magalhães, com músicas pop/MPB/soul e afins) como revelação nacional. Pois o Dinnamarque é um grupo bastante direto e prático, entregando um heavy metal (com algumas doses esporádicas de power e thrash) pra ninguém botar defeito. Com um time de músicos de alta competência e uma produção bem profissional, a banda estreou com um trabalho acima da média e abriu caminho para um futuro promissor – ainda que o maldito vírus torne qualquer futuro incerto.
Capas favoritas: Prehensile Tales – Pattern-Seeking Animals / Nova Sekai – Nova Sekai
Vai ter empate sim! Quase deixei o Nova Sekai de fora por eles já terem figurado como revelação, mas eu gostei tanto da capa que não vi vantagem em fazer isso. A imagem de uma elevação rochosa cercada por um misterioso halo numa paisagem desértica ao anoitecer me remeteu à parte final do clássico Contatos Imediatos de Terceiro Grau, um dos meus filmes favoritos.
Quanto ao Prehensile Tales, este me fez lembrar ao mesmo tempo dos jogos Shadow of the Colossus e Horizon: Zero Dawn, além do filme Máquinas Mortais. Fico a conjecturar sobre a origem e o destino dessas enigmáticas criaturas vagantes. Você não?
Grande decepção: Father of All Motherfuckers – Green Day
O disco novo do Bon Jovi quase veio parar aqui, mas aí eu lembrei que não posso considerar como decepção algo que eu já não esperava que fosse bom. Worlds Apart, da pareceria Allen/Olzon, também era candidato, mas não foi tão ruim assim. Por isso, o posto fica com o risível Father of All Motherfuckers, cuja agressividade, vigor e atitude ficam só no título. Na lista de hoje, nós aprendemos que no universo do punk, há quem tenha nascido para ser John Feldmann, e há quem tenha nascido para ser Billie Joe Armstrong...
FONTE: Facebook
https://www.facebook.com/victordalopes/posts/10159702753012494
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