Scream Weaver: trio de Nova Friburgo/RJ lança o EP "Brainstorm"
Por André Nascimento
Postado em 20 de março de 2021
Influenciada por influências díspares como BLACK SABBATH, NIRVANA e HIM, a SCREAM WEAVER lançou semana passada seu novo EP "Brainstorm", que é uma mescla de canções novas compostas durante a pandemia e também de canções antigas da banda, que conta com Vinicius Gonçalves (vocal), Eloisio Michalski ( baixo/guitarra) e Henrique Gravino ( bateria). O EP, que foi produzido por Ricardo Lins, traz seis faixas em 21 minutos de duração e marca, após uma série de singles acústicos lançados durante o período de isolamento social em 2020, o retorno da sonoridade elétrica da banda.
A banda, que anteriormente era um quarteto mas após a saída do guitarrista Gabriel Amendola no segundo semestre de 2020, gravou o EP como um trio - onde Eloisio Michalski gravou os baixos e também as guitarras. O formato trio segue em gravações, mas a banda em shows que pintarem ao longo de 2021 contará com o já citado Michalski nas guitarras e Ricardo Calmona provisoriamente como baixista enquanto o SCREAM WEAVER não tenha um guitarrista, de modo oficial, em sua formação.
Numa entrevista, o fundador/compositor/baixista ( e agora guitarrista temporão) Eloisio Michalski falou sobre o novo EP, suas influências e a cena roqueira de Nova Friburgo, município da região serrana do Rio de Janeiro e onde a banda reside. Leia abaixo a entrevista.
Como surgiu a Scream Weaver?
A Scream Weaver surgiu na minha adolescência, ela só não tinha nome. Mas eu sempre quis ter uma banda e escrever músicas. Muito inspirado pelo Steve Harris e pelo Luis Mariutti na época, eram os meus baixistas favoritos e eu sabia que ambos eram compositores, especialmente o baixista da donzela de ferro - foi grande herói e inspiração por maior parte da minha adolescência; digo que até hoje ainda é, mas muita coisa foi mudando e outras inspirações também foram me moldando como músico e compositor. Hoje em dia são tantas as coisas que me levaram a formar a Scream Weaver que é difícil dizer somente uma. Respondendo sua pergunta de forma mais sucinta: foi o desejo de colocar pra fora tudo o que sentia, ao invés de deixar aquilo me consumir. A música sempre foi um escapismo, uma sublimação e/ou uma catarse pra mim. O nome Scream Weaver veio dessa ideia, o "Tecedor de Gritos", gritos de raiva, de paz, de amor, de alegria etc. Por mais que soe meio "do mal", na verdade é extremamente psicanalítico e filosófico, ainda mais levando em conta as letras. Contudo, foi somente em 2016 que consegui formar a banda, graças ao Vinícius [Gonçalves], Henrique [Gravino] e ao Caio [Eduardo Teixeira].
Compor ( e cantar ) em inglês de certo modo limita a banda em certos nichos de mídia e mercado. Qual a motivação de adotar o inglês ao invés do português?
Eu fui exposto a língua Inglesa desde muito cedo. Video-games fizeram parte da minha infância e adolescência, fazem até hoje, pra falar a verdade. Isso me fez pensar em Inglês desde aquela época e também, graças às oportunidades que minha família me proporcionou. Com 9 anos eu já fazia um curso, tinha acesso a essas coisas que para muitos sempre foram sonhos. Eu tive muita sorte, essa é a verdade. Essa pitada de sorte e o meu forte interesse pelo Inglês me levaram a começar a escrever poesias na língua, além do que eu já escrevia em Português. Acabei por optar pelo Inglês pois quero levar a banda para Europa, vejo que a nossa música tem potencial por aquelas terras, assim como no Canadá. Tudo isso me levou a escrever nessa língua tão popularmente universal, sem contar as influências.
Quais as influências da banda, sejam elas musicais e literárias?
Como havia comentado anteriormente, são das mais diversas. Musicalmente falando, somos muito influenciados pelo HIM, Black Sabbath, Ghost, Nirvana, Foo Fighters etc. É uma mistura dos anos 70 com os 90, mas a gente escuta e curte muito som mais atual e novo. Num geral somos bem diversos, acho que isso acaba refletindo na nossa música. Liricamente falando, eu sou muito influenciado pelo Edgar Allan Poe, Neil Peart, Ville Valo, Neil Gaiman, Friedrich Nietzsche, Pablo Neruda, Álvares de Azevedo etc. Num geral, poetas e escritores - eu sou apaixonado por poesia e contos; é parte da minha leitura diária.
Este novo EP, conte mais sobre ele.
O Brainstorm é um apanhado de músicas novas - escritas durante a Quarentena - e músicas antigas. Quem é fã da banda e é daqui da nossa cidade natal, já viu/ouviu algumas dessas músicas em nossos shows. É um trabalho que expressa a nossa diversidade musical e está mostrando a nossa cara mais explosiva. A gente é uma banda que gosta de se mexer durante as apresentações, esse EP mostra um pouco desse lado mais energético, musicalmente falando. As letras, por outro lado, estão todas atreladas a colocar sentimentos para fora, em especial retratando o atual momento histórico que estamos vivendo. A música 'The Cage' descreve a sensação de estar preso, 'Out' (autoria de Henrique - baterista da banda) fala sobre liberar aquilo que nos aprisiona, 'Cry Out' também retrata bem esse assunto, porém de outra perspectiva. ``Electric Lies'' é uma crítica a internet e a forma que manipula as pessoas, mudando até o rumo das eleições. ``Brainstorm'' é a que define essa mistura toda, como uma tempestade de sentimentos que, acredito, todos estão sentindo nesse atual momento de nossa existência. Então, posso dizer que o EP é isso: um conjunto de músicas explosivas e catárticas, todas retratando como a gente vem lidando com isso tudo que vivemos.
Como é a cena roqueira de Nova Friburgo e o que são os prós e contras em relação à logística no deslocamento a outros locais como o Rio de Janeiro e São Paulo, por exemplo?
A grande verdade sobre a cena daqui de Nova Friburgo é: os bares compraram as bandas covers e só entra lá para expor seu som quem toca esse tipo de música. Se você leva um trabalho autoral, tem que ser na "encolha" e no máximo uma ou duas músicas. Os músicos e musicistas são obrigados a tocar o que agrada a galera que pode pagar para entrar num bar/casa de show desses. Todos esses locais são, em sua grande maioria, dominados pela elite/classe média alta daqui da região. Quem toca música autoral é obrigado a procurar espaços alternativos, como clubes e teatros - que por muitas vezes não abrem espaço por conta do conchavo político. Devo dizer, é muito complicado trabalhar com arte e música em um lugar que se comporta como um feudo e limita tudo e a todos. As poucas bandas tentam se ajudar, mas num geral acaba virando uma disputa de egos. A gente tenta o tempo todo sair dessa bolha; queremos ir visitar as cidades da região, como Teresópolis e Petrópolis, porém precisamos estabelecer contato com as bandas de lá, que pelo que sei, são escassas também e estão tão ilhadas como nós. Já nos deslocamos para Bom Jesus do Itabapoana, Rio de Janeiro e alguns cantinhos daqui da região, mas não mais longe que isso, infelizmente. Queremos ir ao Rio mais vezes e também alçar vôos para São Paulo (óbviamente, pós Pandemia), por mais que seja caro o descolamento, sendo feito de uma forma bem organizada, a gente consegue sair daqui. Só precisamos nos conectar com o pessoal das outras regiões. Isso se torna um pouco complicado quando somos uma banda pequena e com pouca exposição, por isso estamos focando em nossas gravações. Assim podemos mostrar nosso material e começar a sair mais da cidade, que é nosso maior objetivo. Quem nos acompanha aqui pensa da mesma forma e nos ajuda muito, por isso, agradeço vocês, galera - amigos e parceiros.
Quais os planos da Scream Weaver num curto a médio prazo?
A curto prazo, vamos lançar outro EP em Setembro. Ele será uma mistura do nosso primeiro - Nevermore - e do Brainstorm. Trazendo aquela energia mais pesada e arrastada, porém com a explosividade do recente trabalho. Estamos animados e queremos continuar a produzir, até porque ainda tem muita música aqui pra ser gravada - escrevo desde cedo, então acumulei muitas coisas durante esses anos, isso sem contar as músicas dos outros meninos da banda. Ainda no curto prazo, espero encontrarmos um guitarrista para a banda; quem nos acompanha sabe que desde 2019 estamos nessa luta para encontrar o quarto membro da banda para assumir as seis cordas. Por enquanto, eu estou fazendo papel duplo na banda. A longo prazo, encontrando um guitarrista e lançando mais material, queremos levar nossa música e arte para fora, para outros estados e quem sabe para outros países. Estamos dispostos a nos arriscar e levar essa proposta longe. Temos muito foco e levamos nosso trabalho muito a sério, acho que só falta encontrar o caminho e uma pitada de sorte.
Além deste EP "Brainstorm", a discografia da SCREAM WEAVER conta com o álbum ao vivo "Okami Sessions" e o EP "Nevermore", além de dez singles que podem ser escutados abaixo no perfil da banda no Spotify.
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps