Charlie Brown Jr: a briga de Chorão com Marcelo Camelo, detalhada por Tadeu Patolla
Por Igor Miranda
Fonte: Yanna C Brasil
Postado em 22 de abril de 2021
O produtor e guitarrista Tadeu Patolla relembrou em entrevista ao canal de Yanna C Brasil no YouTube da briga entre os vocalistas Chorão, do Charlie Brown Jr, e Marcelo Camelo, do Los Hermanos. O caso aconteceu em julho de 2004, quando ambas as bandas viajavam para se apresentar em um festival no Piauí.
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Na época, Patolla estava tocando com o Charlie Brown Jr. O produtor assumiu o violão-base no álbum ao vivo "Acústico MTV", de 2003, e fez a turnê de divulgação do trabalho junto da banda. Ele testemunhou toda a situação e compartilhou o caso com detalhes, conforme transcrito pelo Whiplash.Net a seguir.
A origem da treta
De acordo com Tadeu, a situação teve início na semana anterior ao evento, durante um ensaio do Charlie Brown Jr. "Estávamos ensaiando para alguns shows na casa do Marcão (guitarrista). Tocou o telefone e era o Camelo. O Chorão ficou surpreso. Ele atendeu e falou: 'pô, do c***lho você ligar para mim, sou teu fã'", relatou.
Marcelo Camelo fez contato com Chorão naquele dia para explicar que revista teria distorcido uma fala dele em uma entrevista. A publicação teria divulgado supostas críticas do vocalista do Los Hermanos ao Charlie Brown Jr por participar de uma ação publicitária da Coca-Cola, associando o grupo a algo "comercial", "vendido", entre outros adjetivos do tipo.
"O Camelo falou: 'estou ligando porque você sabe como é jornalista... a gente falou um negócio para uma revista e o jornalista escreveu errado, não foi daquele jeito, escreveram que eu falei que você é um vendido, por causa da Coca-Cola'. Daí o Chorão: 'filho da p*ta, você falou mal de mim, vai se f*der'. Ele atirou o telefone e acabou quebrando", relembrou Tadeu.
De acordo com o produtor, todos da banda ficaram do lado do Chorão, pois entenderam que, mesmo se a revista alterasse algum detalhe da fala, Marcelo Camelo teria dito algo próximo do que foi publicado.
"Já falei que não quero papo"
Na semana seguinte, Charlie Brown Jr e Los Hermanos compartilharam um mesmo voo para o Piauí, onde as duas bandas iriam se apresentar em um festival. O grupo O Rappa também estava no avião.
"Todo mundo de cara amarrada, às 8h da manhã, por ter de acordar cedo, um dia inteiro de viagem... falei: 'c***lho mano, isso não vai dar certo'", refletiu Tadeu, de início.
Antes do voo, Marcelo Camelo tentou conversar com Chorão, mas o vocalista do Charlie Brown Jr repreendeu o frontman do Los Hermanos. "Logo que o Camelo viu o Chorão na entrada, antes de entrar no avião... eu não vi, mas os caras falaram: 'o Camelo foi falar com o Chorão e o Chorão deu uma carraspana (bronca) nele'", disse.
Dentro do avião, Marcelo insistiu em sua abordagem. "Vi o Camelo levantar lá da frente e vir até aqui atrás. Ele parou para falar com o Chorão, mas o Chorão falou: 'meu, já falei que não quero papo contigo'. Daí o Camelo foi ao banheiro, voltou e falou de novo: 'Chorão, eu queria pedir desculpas'. E o Chorão: 'c***lho, não quero falar com você'. Aí já virou um climão (risos)", afirmou o produtor.
A briga
Tadeu Patolla relembrou que a briga em si não aconteceu no Piauí, mas, sim, no Recife. Os músicos precisaram descer na capital de Pernambuco para fazer uma conexão, já que o voo de São Paulo até Teresina não seria direto.
"As bandas desceram separadas, uma de cada vez. Ficamos no saguão esperando a chamada para o voo, sentados nas cadeiras enfileiradas. Do outro lado do saguão, estava o Los Hermanos junto com O Rappa", disse.
De repente, a mesma cena do avião aconteceu no saguão do aeroporto no Recife: Marcelo Camelo se deslocou da área em que estava o Los Hermanos para tentar conversar com Chorão, que, nas palavras de Tadeu, "começou a esfumaçar".
"Quando o Camelo se aproximou, o Chorão só levantou e deu uma cabeçada no Camelo. Foi tão rápido. Na mesma hora, os caras da banda colaram junto", afirmou.
Chorão também apanhou
Um detalhe curioso que nem sempre é mencionado quando se conta a história da briga entre Chorão e Marcelo Camelo é que o vocalista do Charlie Brown Jr também foi agredido. Porém, o golpe veio de um terceiro envolvido: Rodrigo Amarante, guitarrista do Los Hermanos.
"O Amarante chegou no meio e deu um soco no queixo do Chorão, que mordeu a língua, e saiu correndo. Eu saí correndo atrás do Amarante, mas ele correu pra c***lho, ninguém achou. Tinha uns 10 atrás dele, ia ser f*da se pegasse. Daí veio polícia, televisão... teve a baldeação, mas foi em outro voo. Ficamos um tempão no aeroporto, pois tivemos que ir para a delegacia", afirmou.
Em função disso, tanto Marcelo Camelo quanto Chorão tiveram seus shows comprometidos no festival. "O Camelo foi para o hospital do aeroporto, uma enfermaria, e o Chorão também foi. O Camelo ficou mal. Ele cantou com o olho todo assim, roxo, e o Chorão com a língua gorda, sangrando no microfone pra c***lho", relembrou Tadeu.
O cuidado com o Charlie Brown Jr
Após a situação, houve uma cautela adicional com relação ao Charlie Brown Jr. A primeira decisão foi enviar Los Hermanos e O Rappa para voos separados da banda de Chorão.
No dia seguinte ao festival, os músicos do Charlie Brown deixaram o hotel separados dos outros artistas e sequer passaram pelo saguão do aeroporto: foram deixados de van na porta do avião.
Chorão se arrependeu?
Será que, depois de tudo, Chorão demonstrou algum tipo de arrependimento pela briga? De acordo com Patolla, não. "Acho que o Chorão não se arrependeu. Ainda tentou colocar a culpa na gente, tipo: 'a culpa foi de vocês, vocês não me seguraram'. Eu falei: 'c***lho, como que te segura, a gente ainda te avisou que ele estava vindo'", afirmou.
Na visão de Tadeu, o Charlie Brown Jr acabou desenvolvendo certa "marra" depois desse caso. "Nessa hora, fica uma coisa meio de: 'não era para ter acontecido, mas a gente é Charlie Brown, ficamos todos juntos'. "O Chorão também poderia ter entendido o que o Camelo queria dizer, mas o Camelo de fato falou, ele quis falar aquilo. Fica aquela coisa de: 'Charlie Brown é bandinha, mas a gente não se vende'. Se f*der... quer ter atitude, tenha, não seja escroto", concluiu.
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