Por que músicos do Sepultura não chamariam irmãos Cavalera para participar de "SepulQuarta"
Por Igor Miranda
Postado em 23 de agosto de 2021
Ao longo do ano de 2020, o Sepultura lançou um projeto diferente na internet: o "SepulQuarta", que acabou se tornando um álbum. A iniciativa trouxe a banda fazendo entrevistas e colaborações musicais com vários convidados no YouTube, como forma de manter contato com os fãs e gerar conteúdo em meio à pandemia.
Artistas do calibre de Scott Ian (Anthrax), David Ellefson (ex-Megadeth), Phil Campbell (Motörhead), Alex Skolnick (Testament), Fernanda Lira (Crypta), Matt Heafy (Trivium), Mayara Puertas (Torture Squad) e Rafael Bittencourt (Angra), entre outros, participaram das gravações ao lado dos membros da banda: o vocalista Derrick Green, o guitarrista Andreas Kisser, o baixista Paulo Xisto e o baterista Eloy Casagrande.
O resultado rendeu não só uma série de vídeos, que seguem disponíveis no YouTube, como, também, um álbum que reúne gravações de destaque do projeto. Também intitulado "SepulQuarta", o disco foi lançado no início deste mês.
Os irmãos Max e Iggor Cavalera, respectivamente vocalista/guitarrista e baterista originais do Sepultura, não chegaram a ser convidados para o "SepulQuarta". Em entrevista ao G1, Andreas Kisser explicou que a ideia não foi cogitada e comentou suas razões.
O assunto foi abordado após o responsável pela entrevista, Rodrigo Ortega, afirmar que muitas lives realizadas por artistas, no YouTube, em meio à pandemia, tiveram um caráter nostálgico, a exemplo das transmissões ligadas ao pagode dos anos 1990. O jornalista, então, perguntou se essa ideia de "nostalgia musical" fez com que o Sepultura pensasse, em algum momento, em convidar Max e Iggor para algum episódio do "SepulQuarta".
Após dar risada com a conexão entre os irmãos Cavalera e as lives de pagode, o guitarrista respondeu: "Não, não teve. Acho que a conexão é sua, nunca teve essa conexão. Não vejo uma coisa dos Cavalera como nostálgica, vejo como um fato histórico da banda. A gente está num momento muito melhor da nossa carreira em todos os aspectos: de união, de respeito entre os músicos, de clareza de comunicação com os empresários e os objetivos da banda. [...] Não existe nostalgia. Nostalgia pode ser por sua parte, mas não dentro da banda".
Sem nostalgia
Na visão de Andreas Kisser, não adianta "jogar um sentimento" que não existe dentro da banda "para fazer uma conexão e envolver o nome dos irmãos de alguma forma". "'SepulQuarta' não tinha essa missão ou essa possibilidade. 'SepulQuarta' mexe com o presente. A gente estava trabalhando com os elementos da atualidade, dentro dos limites da pandemia criamos o SepulQuarta e temos um disco que saiu disso. Onde tem nostalgia aí?", complementou.
O repórter, então, comentou que "as pessoas queriam resgatar o passado nessas lives". Andreas refletiu: "Algumas sim, não todas, você não pode generalizar. Algumas pessoas queriam, nós não. Tanto que a gente teve nosso 'storyteller' (sic) em que a gente contava nossas histórias, relembrando tours, relembrando gravação de disco, falamos com roadies antigos. Isso a gente sempre fez. Fizemos o documentário também ('Sepultura Endurance', de 2017)".
O guitarrista apontou que mesmo essas iniciativas que refletem sobre a história do Sepultura não são nostálgicas, são apenas históricas. "Você está lembrando aquilo que faz parte da sua vida. Não é uma maneira de querer voltar ao passado, ou criar situações que não existem mais. O 'SepulQuarta' é uma coisa de presente", declarou.
Por fim, ele destacou: "Aliás, o Sepultura é um presente. Se a gente fosse nostálgico, não estaria aqui hoje. Estaria tentando inventar turnê para tocar o disco 'Arise' (1991) inteiro ou fazendo celebração de disco velho, coisa que a gente não faz. A gente está fazendo coisa do hoje, do presente. Criando o 'Quadra', o 'SepulQuarta'. Então aqui não existe nostalgia".
A entrevista completa de Andreas Kisser pode ser lida no site G1.
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