Max Cavalera e o vergonhoso incidente que o fez deixar de usar drogas e beber
Por Bruce William
Postado em 19 de junho de 2022
Max Cavalera esteve recentemente no podcast "Hardcore Humanism With Dr. Mike", onde contou, em detalhes, como acontecia sua guinada para fora do mundo das drogas e do álcool. A transcrição foi feita pelo Blabbermouth.
"Meu caminho para o straight edge é meio bizarro, porque eu fui completamente louco", começa Max. "Tenho algumas histórias do Brasil. Eu me lembro de uma vez em que tocamos em Manaus - isso é, na Floresta Tropical na Amazônia - e eu usei a melhor cocaína que você poderia conseguir. Depois do show, apareceu um cara com o mais puro pó branco boliviano. Eu fiquei acordado a noite toda. Acabei indo para o telhado do prédio onde cantei e toquei inteiro o 'Beneath The Remains', acabando por ver o sol nascer enquanto estava totalmente chapado de cocaína. Foi uma experiência incrível, cara. Talvez a cocaína fosse apenas boa, não sei. Mas foi uma experiência incrível. E eu tive muitas interações assim ao longo da minha vida".
Prossegue o músico: "Meu irmão era straight edge, mas nunca tentou me forçar a seguir este caminho, o que é meio triste, de certa forma, pois (ele disse no passado) 'Eu não podia beber porque eu tinha que cuidar de você. Se nós dois bebêssemos, nós dois iríamos morrer. Foda-se, vamos morrer juntos, então eu tive que ser um pouco mais responsável e não beber para poder cuidar um pouco dele'. Daí quando ele se casou, ele passou a bola pra minha esposa: 'Você lida com ele, agora esse é um compromisso seu'. E foi uma luta durante muitos anos, pois eu era uma pessoa difícil de lidar em relação a esta merda. Há histórias épicas, toda aquela merda (que dizem) realmente aconteceu, festejar com os caras do Ministry e vomitar em Eddie Vedder, tudo aquilo aconteceu. É foda e é insano, mas aconteceu".
"Aos poucos, fui envelhecendo", conta Max. "E odiava ficar de ressaca. Se tivessem inventado um remédio pra ressaca, provavelmente nunca deixaria de beber, pois gosto da sensação. Mas como eu odiava, era muito difícil lidar com aquilo. Daí passei a tomar remédios durante o dia, eles curavam a ressaca e você ficava de boa novamente".
Quando Max Cavalera atingiu o fundo do poço dos vícios em drogas e álcool
Então Max relata um incidente "particularmente louco" que aconteceu e que fez com que ele decidisse mudar de vida: "Estávamos em uma turnê pela Europa e eu queria muito beber e não tinha nada no ônibus. Fui pro banheiro e comecei a beber sabonete líquido pras mãos. Me pegaram bebendo aquilo. Minha mulher abriu a porta do banheiro e me pegou com o frasco na mão. 'Que porra é essa?', ela perguntou. 'Estou bebendo sabonete líquido. Preciso de ajuda'. Foi um momento absurdamente insano".
"A partir dali, aos poucos, fui passando pelas diferentes fases de deixar de beber, primeiro deixando de usar drogas. Um dos procedimentos foi aquela coisa clichê de ir pra um lugar próprio, longe de tudo", conta Max. "Mas todos são diferentes. Alguns conseguem sair por conta própria, tem essa força de vontade. Eu não conseguia. Então fui pra um lugar, onde fiquei entre seis e oito meses, um lugar na Flórida. E foi uma experiência miserável, aprender do zero. Eles ficam de olho em você 24 horas por dia, senti muita falta da minha família. Mas justamente por causa daquilo eu percebi o que eu realmente mais amava. Gostava de ficar doidão e beber e me drogar, porém amava mais a música e a minha família. Quando saí eu havia mudado minhas prioridades. E voltei ao primeiro amor de minha vida - Metal, música. Simples assim".
O vocalista conta ainda que recebeu o ultimato de um médico: "Ele falou pra minha esposa que se eu continuasse do jeito que estava, morreria em alguns anos, sem sombra de dúvida. Essas coisas abrem os nossos olhos, são um choque de realidade que a gente recebe. Comecei a colocar as coisas em perspectiva e eu, tipo, trabalhei duro a vida inteira, consegui sair do Brasil. As chances eram de uma em um bilhão. E eu estava jogando fora tudo aquilo que conquiste por causa de drogas e álcool? Não, cara, não quero isso não. Mas é difícil resistir".
Por fim, Max conclui: "Provavelmente sou um viciado por natureza, então está tudo apenas adormecido. Não estou totalmente curado, o vício continua ali e sempre continuará".
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps