Plano Real marcou antes e depois na relação do rock nacional com política, diz Ettore
Por Gustavo Maiato
Postado em 30 de agosto de 2022
O Plano Real foi criado no governo Itamar Franco, em 1994, para tentar resolver uma das maiores crises inflacionárias da história do Brasil. Mas o que será que esse plano econômico tem a ver com a relação entre o rock e a política?
Em entrevista ao jornalista musical Gustavo Maiato, o youtuber Júlio Ettore, especializado em rock brasileiro dos anos 1980, explicou que as mudanças na sociedade e economia que vieram a partir do Plano Real fizeram com que a relação do rock com a política mudasse bastante.
"Nos anos 1980, para falar sobre política bastava ser contra o governo. Antes do Sarney assumir, havia uma compreensão difusa sobre o que era governo. Ainda estava na mão dos militares. Depois, as coisas estavam ruins e a inflação estava alta. Fazia muito sentido ser contra o governo e falar sobre política.
Talvez, nos anos 1990, isso ainda era relevante, até que o plano real começasse a fazer efeito e o Brasil iniciou a construção das bases para um crescimento mais sólido. Depois, a política começou a ter outro caráter. Antes, era ligada à economia. Você vê o "Cinco" da Legião Urbana, ou algumas dos Paralamas. São críticas. Não que as coisas hoje estejam fáceis, mas antes tinha fiscal para conferir o aumento de preço nas padarias, sabe?
A politização do rock, naquele momento, estava ligada à economia e à dificuldade de viver no país. Fazia sentido. Hoje, para uma banda falar de política, vai ter que escolher um lado. Aí vai desagradar outro. É mais uma questão de ter um time do que falar sobre política. É um ambiente bem diferente.
Não que as coisas ficaram perfeitas, mas enquanto os problemas econômicos não fossem amenizados, o rock tinha toda liberdade e terreno fértil, com liberdade de expressão. Tinha inflação alta e analfabetismo, mas diminuiu", concluiu.
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