O dia que ensaio frustrante que não saía nada acabou gerando clássico do Sepultura
Por Gustavo Maiato
Postado em 19 de julho de 2023
Com quase 70 milhões de reproduções no Spotify e presença carimbada em todos os shows, "Roots Bloody Roots" é sem dúvidas o maior clássico do Sepultura. Com 36 milhões, entretanto, "Refuse/Resist", do álbum "Chaos A.D." também é uma composição icônica que marcou a trajetória do grupo.
Em entrevista ao Sonoros, Andreas Kisser se recordou de como a ideia para esse hit surgiu. Segundo ele, o processo de composição naquela época não estava em seus melhores dias, mas do nada Max Cavalera começou o riff principal e tudo deu certo.
"Antigamente, a gente ia ao ensaio e tirava água de pedra. Ficava olhando para a cara do outro ali. "Vamos fazer algo tipo Slayer, vamos fazer algo tipo Rage Against the Machine, não sei o quê..." E aí saíam as nossas ideias.
Tinha muitas vezes que a gente ia ao ensaio e não saía nada, a gente ficava frustrado. Um dia, estávamos ensaiando por 4 horas. O Max pegou a guitarra e começou o riff do nada. Aquilo foi o empurrão que faltava, né? Virou ‘Refuse/Resist’. Era um processo mais difícil, onde você tinha que lidar mais com o pessoal, a banda junto, emoção dia a dia... Era como trabalhar num escritório.
Hoje em dia, a gente tem possibilidades melhores, eu acho, de não ter que ficar sempre junto, sabe? Acho que uma coisa que os músicos de banda como a gente, que viajam demais, reclamam, é isso, né? Não tem tempo para ficar com a família, não tem tempo para ter uma rotina, para fazer coisa. Hoje a gente pode organizar um pouco melhor e, mesmo fazendo muitos shows, a gente não fica tão sufocado com essa rotina".
O processo de criação de "Refuse/Resist"
Em entrevista para a Metal Hammer, Max Cavalera também comentou sobre o processo de criação de "Refuse/Resist". A transcrição foi de Igor Miranda.
"A ideia de 'Refuse/Resist' surgiu quando eu estava andando de metrô em Nova York. Havia ali uma espécie de Pantera Negra, um cara do tipo punk, e ele tinha uma jaqueta de couro preta com um verso de protesto pintado nela. Be, ao fim, estava escrito: 'Proteste e sobreviva/Recuse e resista' ('Protest and survive/Refuse and resist).
Tirei o nome diretamente daquela jaqueta. Saí do metrô, voltei para o nosso hotel e anotei aquele verso, para não esquecer. O batimento cardíaco de Zyon (filho de Max) abre a música e o disco. Foi divertido. Estava ali com um minidisco e fones de ouvido, tentando gravar com as enfermeiras. Foi importante gravar aquilo corretamente, pois foi uma introdução única", declarou.
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