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A curiosa reação de Dave Mustaine ao ouvir solo de "Tornado Of Souls" pela primeira vez

Por Mateus Ribeiro
Postado em 22 de novembro de 2023

O talentoso guitarrista Marty Friedman fez parte da banda de Thrash Metal Megadeth por uma década. Enquanto foi integrante do grupo liderado pelo guitarrista/vocalista Dave Mustaine, Friedman gravou excelentes discos, com destaque para o magnífico "Rust In Peace", considerado por muitos como o melhor trabalho de estúdio do Megadeth e um dos maiores clássicos da história do Thrash.

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Foto: Reprodução
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Lançado em setembro de 1990, "Rust In Peace" é o quarto disco de estúdio do Megadeth e o sucessor de "So Far, So Good…So What!", de 1988. O álbum marca a estreia do guitarrista Marty Friedman e do baterista Nick Menza, que ao lado de Mustaine e David Ellefson (baixo), formaram o time mais aclamado do Megadeth.

A música que Mustaine escreveu por conta de sua separação

"Rust In Peace" é uma obra-prima atemporal e quase perfeita (na opinião deste redator, "Dawn Patrol" é totalmente descartável). O disco em questão apresenta em sua lista de faixas algumas das músicas mais famosas do Megadeth, caso da maravilhosa "Tornado Of Souls".

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Escrita por Dave Mustaine e David Ellefson, "Tornado Of Souls" nasceu da dolorosa separação entre o vocalista do Megadeth e a sua noiva Diana. O frontman contou a história na página 130 do livro "Rust In Peace - A História da Obra-prima do Megadeth", lançado no Brasil pela Editora Belas Letras.

"A minha doença estava desenfreada e arruinando tudo e todos que eu amava. Principalmente a garota que eu queria casar. No final, não nos conectamos mais. A gente se deu bem por um tempo, mas acabava sempre brigando. Acredito que gostávamos muito um do outro, mas, por alguma razão, não conseguimos ficar juntos", escreveu Mustaine, que descreveu a dor causada pela separação como "imensa".

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Em 2017, durante entrevista concedida à Rolling Stone, Mustaine falou sobre outras músicas do Megadeth que foram inspiradas em seu antigo amor.

"Eu escrevi ‘Tornado Of Souls’, ‘Trust’, ‘This Was My Life’, ‘99 Ways To Die’ – todas essas são sobre ela também. Estou muito, muito felizmente apaixonado por minha esposa, mas só houve uma outra pessoa que realmente atingiu essa profundidade dentro do meu coração. E acho que todos nós temos isso quando temos um relacionamento com alguém por quem realmente nos apaixonamos, mas nem sempre dura necessariamente."

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O solo que sacramentou a entrada de Marty Friedman no Megadeth

Conforme escrito no início desta nota, "Rust In Peace" é o primeiro registro do Megadeth a contar com os preciosos serviços de Marty Friedman. Segundo Mustaine, quando o guitarrista entrou na banda, o disco já estava praticamente acabado, e Marty teve que gravar os solos, missão que foi cumprida de forma brilhante.

"Quando entramos em estúdio com Marty, o álbum já estava completamente escrito. E uma coisa que a maioria das pessoas não percebe é que em todos os discos do Megadeth, eu toco a maioria das partes rítmicas, com apenas alguns enfeites do outro guitarrista. Então tudo que Marty teve que fazer foi colocar os solos no topo de tudo, e ele fez um ótimo trabalho", disse Mustaine, em 2010, durante entrevista à Guitar World, republicada pelo site Music Radar.

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De todos os solos que Marty gravou para "Rust In Peace", o mais marcante é o que se ouve em "Tornado Of Souls". Longo, cheio de feeling e melodia, a peça até hoje encanta os fãs de Megadeth.

Embora o solo de "Tornado Of Souls" seja lendário e inesquecível, Friedman o gravou da mesma forma que gravou todos os outros solos que executou durante a sua brilhante trajetória musical.

"É literalmente exatamente igual a qualquer outro solo que fiz no Megadeth, ou qualquer outro solo que fiz na minha música, ou qualquer solo que fiz para qualquer artista. Eu literalmente apenas improviso. Eu apenas tento sentir o que a música me faz sentir e simplesmente sigo. Às vezes eu entendo imediatamente e às vezes preciso de 100 tomadas para conseguir algo que gosto.

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No que diz respeito a ‘Tornado Of Souls’, já que é sobre este que as pessoas tanto me perguntaram, tive que pensar sobre isso e realmente não encontrei nenhuma resposta boa. O que posso pensar é que é longo. Se você olhar para os solos que as pessoas consideram, você sabe, os grandes solos - coisas do Pink Floyd, Led Zeppelin, 'Layla', eu acho, 'Free Bird', todos esses grandes solos de guitarra famosos – eles são longos, muito, muito longos", disse Friedman, em entrevista cedida ao site Ultimate Guitar.

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No fim das contas, Marty Friedman acabou gravando um dos solos mais bonitos da história do Heavy Metal. E até mesmo Mustaine gostou do que ouviu, de acordo como o que Marty escreveu em seu site oficial.

"Quando terminei o solo desta música, Mustaine entrou no estúdio, ouviu uma vez, virou-se e, sem dizer uma palavra, apertou minha mão. Foi nesse momento que senti que era realmente o guitarrista dessa banda."

A história de Marty Friedman no Megadeth

Depois de ser aprovado pelo patrão Mustaine, Friedman permaneceu no Megadeth por mais dez anos e gravou os álbuns "Countdown To Extinction", "Youthanasia", "Cryptic Writings" e "Risk", além do EP "Hidden Treasures".

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O "casamento" de Friedman com o Megadeth começou a se desenhar em 1999, durante as gravações de "Risk", oitavo disco de estúdio do quarteto. Segundo o guitarrista, um de seus solos foi limado do álbum, o que acabou o chateando.

"Essa era minha música favorita do álbum na época. Também fiz meu solo favorito do álbum nessa música, mas ele foi substituído por Dave sem meu conhecimento. Apareci em Nashville todo animado para ouvir as mixagens e quando ‘Breadline’ apareceu, fiquei especialmente animado. O solo veio e minha boca caiu no chão. Onde diabos estava meu solo???

Fiquei furioso porque ninguém tinha me contado nada até a música já estar mixada. Acontece que nossos empresários não gostaram do solo que fiz, disseram que era ‘muito feliz e melódico’. Bem, era uma música ‘feliz e melódica’! De qualquer forma, se eles precisassem refazer, eles poderiam ter me dito que eu ficaria feliz em voltar para Nashville e refazer. Essa falta de consideração certamente plantou a semente para eu querer sair da banda", relatou Marty, em outro artigo publicado no seu site.

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A reconciliação com Dave Mustaine

Friedman saiu do Megadeth no início de 2000 e foi viver no Japão. Mais de vinte anos após a separação, ele voltou a se encontrar com Mustaine e participou de um show que a banda realizou na capital japonesa. Ao contrário do que se pode pensar, os guitarristas nunca brigaram enquanto estavam afastados. Ao menos é o que Friedman falou em participação no The Jasta Show.

"O engraçado é que não havia realmente nada entre nós no tempo em que não estávamos tocando juntos. E se houvesse, seria o tipo de coisa que a mídia gosta... Você sabe como eles fazem hoje em dia - eles tiram algo que poderia parecer negativo de, tipo, uma entrevista de duas horas, e isso será a manchete. Em primeiro lugar, nunca houve nada entre nós. Se algum de nós trocasse um e-mail, seria totalmente casual. Portanto, não era incomum ouvir de Dave: ‘Cara, nós vamos tocar no Budokan. Você quer tocar?’. Foi completamente casual. Portanto, nunca houve nada - definitivamente nada que eu saiba que fosse de qualquer tipo de discussão entre nós em primeiro lugar. É chato. Mas é a verdade.

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Foi muito orgânico. Foi como dois amigos na escola falando sobre: ‘Vamos fazer uma jam’. Foi incrivelmente casual. E eu acho que é assim que deveria ser, realmente. Nós apenas conversamos sobre algumas músicas. Eu queria fazer duas músicas, e então Dave [Mustaine] disse, 'Por que não fazemos outra música?’. Eu disse ‘Ok, isso é ótimo’".

Para ler mais sobre o trabalho da formação clássica do Megadeth, leia a nota abaixo.

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Sobre Mateus Ribeiro

Fã de Ramones, In Flames e Soilwork. Ouve (quase) tudo, desde rock clássico até black metal.
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