Neil Young em 1982: "A música eletrônica é um novo tipo de rock"
Por André Garcia
Postado em 24 de dezembro de 2023
Muito se fala sobre a camaleônica capacidade que David Bowie e Bob Dylan tiveram de se reinventar ao longo de sua carreira — metamorfoses ambulantes, como cantou Raul Seixas. Neil Young não fica muito atrás! Embora muito associado à música folk, o longo de seu mais de meio século de estrada, ele já fez de tudo.
Uma dessas metamorfoses do canadense que até os fãs parecem ter esquecido foi seu flerte com a música eletrônica em "Trans" (1982). Abusando de teclados, sintetizadores, bateria eletrônica e voz distorcida, está mais para Kraftwerk do que aquilo que ele ficou famoso fazendo com o Crazy Horse.
Não precisa nem dizer que foi um fracasso, né? Tanto que ele jamais voltou a fazer aquele tipo de música novamente, mas, conforme publicado pela Far Out Magazine, em entrevista e 1982 se mostrou empolgado com ela.
"A música eletrônica é muito parecida com a música folk para mim. É como um novo tipo de rock n roll — é tão sintética, e é anti-sentimental tendo muito sentimento. Então, para mim essa nova música é emocional, muito emocional, por ser tão fria... Eu tenho meus sintetizadores e meus computadores, e não estou só."
Em sua autobiografia, Young revelou que "Trans" havia sido inspirado em sua relação com seu filho tetraplégico.
"'Trans' foi inspirado no meu filho Ben e seus problemas de comunicação. Como consequência de uma tetraplegia, Ben não conseguia falar nem se expressar de forma compreensível para a maioria das pessoas, então fiz um disco em que eu cantava por meio de uma máquina, e a maior parte dos ouvintes nem conseguia entender o que eu dizia."
Em entrevista de 1988 para a Rolling Stone, ele disse: "Você ouvirá [em 'Trans'] muitas referências ao meu filho e às pessoas tentando viver uma vida apertando botões, tentando controlar as coisas ao redor delas e falando com pessoas que não podem falar, usando vozes de computador e coisas assim. É algo sutil, mas está bem ali. Só que tem a ver com uma parte da minha vida que praticamente ninguém pode se identificar."
Confira abaixo como ficou "Mr. Soul", do Buffalo Springfield, na versão "Trans".
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