Summer Breeze Brasil 2024: três dias de muito som e muito sol na Terra da Garoa
Por Mateus Ribeiro
Postado em 30 de abril de 2024
A segunda edição do Summer Breeze Brasil foi realizada entre os dias 26 e 28 de abril de 2024, no Memorial da América Latina, localizado em São Paulo. Milhares de pessoas compareceram ao evento, que contou com a participação de Anthrax, Mercyful Fate, Sebastian Bach, Gene Simmons, Overkill, Exodus, Killswitch Engage, Lacuna Coil, Epica, Within Temptation, Hammerfall e outros monstros da música pesada.
Um sol para cada um, Thrash Metal e Hard Rock
Logo no primeiro dia do festival (sexta-feira, 26), o sol e o calor castigaram o público que compareceu ao Memorial da América Latina para conferir as atrações que abriram os trabalhos do Summer Breeze Brasil 2024.
A banda estadunidense Flotsam And Jetsam subiu ao palco meio-dia e fez a alegria dos fãs de Thrash Metal. O veterano grupo, que se apresentou em terras brasileiras pela primeira vez, fez uma apresentação competente e empolgou o público.
Enquanto o Flotsam And Jetsam descia a lenha no Hot Stage, o palco ao lado (Ice) estava sendo montado para receber a banda de um dos vocalistas mais emblemáticos do Metal brasileiro: Edu Falaschi. O frontman cantou músicas de sua carreira solo e hits gravados durante sua passagem pelo Angra, como "Acid Rain", "Spread Your Fire" e "Bleeding Heart". Ainda deu tempo de Edu mandar uma versão improvisada de "Pegasus Fantasy", tema de abertura do anime "Cavaleiros do Zodíaco".
Pouco após o fim do show de Edu Falaschi, o grupo norte-americano Black Stone Cherry fez um show cheio de energia. Apesar do sol de rachar mamona que iluminava o céu na tarde de sexta-feira, o quarteto demonstrou muito carisma e presença de palco.
Apesar do horário ingrato (15:50), o Exodus foi responsável por aquele que este redator considera o melhor show do primeiro dia do Summer Breeze Brasil 2024. O quinteto, que está bem afiado, não deu tempo para o público respirar e enfileirou clássicos de diferentes fases. "Bonded By Blood", "And Then There Were None", "The Toxic Waltz", "Fabulous Disaster" e "Piranha" certamente agradaram aos fãs mais saudosistas. Quanto ao material mais recente do Exodus, o grupo tocou as maravilhosas "Blacklist", "The Beatings Will Continue (Until Morale Improves)", "Prescribing Horror" e "Deathamphetamine". Um baita concerto, que mostrou por quais razões o Exodus é um dos gigantes do Thrash.
Depois da violenta aula do Exodus, foi a vez de Sebastian Bach. O ex-vocalista do Skid Row, como era de se imaginar, cantou grandes hits de sua antiga banda, como "Monkey Business", "18 And Life", "I Remember You", "Youth Gone Wild" e "Slave To The Grind". Sebastian também inseriu algumas faixas de sua carreira solo no setlist, além de um cover de "Tom Sawyer", clássico do Rush. Apesar da boa vontade, de seu carisma e da sua competente banda de apoio, Sebastian Bach não canta como antes (o que é óbvio), o que acabou comprometendo um pouco o show. No fim das contas, o cantor e compositor fez muita gente voltar no tempo, mesmo com uma voz que pouco lembra a que gravou os maiores clássicos do Skid Row.
Quem fez bonito na sexta-feira foi o Mr. Big, que está em sua turnê de despedida. Os veteranos Eric Martin, Billy Sheehan, Paul Gilbert e Nick D'Virgilio demonstraram muita técnica, precisão e carisma no Ice Stage. Martin compensou a ausência da potência vocal de outros tempos com muito carisma. A dupla formada por Sheehan e Gilbert entregou solos matadores e riffs alucinantes.
Além de "Daddy, Brother, Lover, Little Boy", "Alive and Kickin’", "Green-Tinted Sixties Mind", "Just Take My Heart", "To Be With You" e "Wild World", o Mr. Big tocou "Baba O’Riley", clássico do The Who. Um grande show de uma grande banda, que vai fazer falta.
Para fechar a noite no Hot Stage, Gene Simmons, baixista, vocalista e fundador do Kiss, grupo que (teoricamente) encerrou suas atividades em dezembro de 2023. Para a surpresa total de zero pessoas, o milionário mais famoso do mundo do Rock tocou várias músicas do quarteto maquiado ao lado de sua ótima banda de apoio. Basicamente, foi um show (bem pesado, é bom que se diga) do Kiss, mas sem maquiagem e quase sem o Kiss. Vale citar que a banda de Gene também fez interessantes covers de "Ace Of Spades" (Motörhead) e "Communication Breakdown" (Led Zeppelin).
Ah, estava quase me esquecendo: no meio do seu show, Gene Simmons soltou uma frase em português. O frontman soltou um "sua bunda é linda" sem o menor pudor e sem a mínima cerimônia.
Por fim, a lendária banda Biohazard presenteou seus fãs com seu característico Hardcore pesado, brutal e muito marcante. Billy Graziadei e seus comparsas incendiaram o Sun Stage com os clássicos "Urban Discipline", "Shades Of Grey" e "Punishment". O icônico grupo ainda tocou "We're Only Gonna Die", do Bad Religion.
Muita gente, muito calor e uma tarde dançante
No sábado, a banda brasileira de Thrash Metal Nervosa subiu ao palco às 11 da manhã e se apresentou para um bom público. Prika Amaral e companhia tocaram "Seed Of Death", "Kill The Silence", "Perpetual Chaos", "Jailbreak" e "Guided By Evil", entre outras músicas. Aliás, por falar em Prika Amaral, a guitarrista/vocalista mostrou muito jogo de cintura ao fazer parte do show apenas no vocal, já que uma corda de sua guitarra arrebentou.
O Thrash Metal continuou ditando o ritmo, já que depois da Nervosa, o Forbidden se apresentou. O grupo californiano não decepcionou os "thrashers" que encararam um sol desgraçadamente ardido e mostrou porque é um nome muito respeitado dentro da cena do Thrash.
Sábado, 13:10. Era a hora do Power Metal dar as caras nos palcos principais do Summer Breeze Brasil. O Gamma Ray, liderado pelo lendário guitarrista alemão Kai Hansen, fez valer o ingresso ao tocar "Rebellion in Dreamland", "Heaven Can Wait", "Somewhere Out in Space" e a maravilhosa "Send Me A Sign".
O show do Gamma Ray mal havia acabado e a maior banda brasileira de Power Metal do mundo entrou no Hot Stage. O Angra fez uma apresentação pautada pelo alto nível musical, uma das principais características do grupo liderado por Rafael Bittencourt. O bom show contou com canções de todas as fases da banda, sendo que seis das doze músicas executadas são da "fase Fabio Lione".
O sol estava quase derretendo a cabeça da multidão que tomou conta do Memorial da América Latina, quando a experiente banda italiana Lacuna Coil deu as caras ao som de "War Pigs", do Black Sabbath. O grupo de Gothic Metal, conhecido por sua sonoridade pesada e cheia de identidade, abriu o show com uma trinca de respeito, formada por "Blood, Tears, Dust", "Reckless" e a sensacional "Trip The Darkness".
[an error occurred while processing this directive]O show do Lacuna Coil estava bacana, porém, um dos shows mais interessantes do Summer Breeze iria começar em breve. Sendo assim, saí de onde estava, atravessei mais uma vez a interminável passarela que separa os palcos e fui até o Sun Stage acompanhar o The Night Flight Orchestra. E não me arrependi nem um pouco.
Björn "Speed" Strid e sua banda fizeram o melhor show do Summer Breeze Brasil 2024. O grupo fez o público dançar ao som de sua cativante mistura de AOR com Hard Rock, que parece trilha sonora de filme da "Sessão da Tarde". "Midnight Flyer", "Satellite", "Sometimes the World Ain't Enough", "Gemini" e "Something Mysterious" colocaram um sorriso no rosto de cada pessoa que assistiu ao espetáculo. No fim da apresentação, rolou até o tradicional trenzinho.
Resumidamente, o The Night Flight Orchestra fez um show inesquecível. Espero que o grupo volte em breve para o Brasil.
Infelizmente, por conta de problemas relacionados ao calor excessivo e ao cansaço, tive que fazer uma pausa estratégica para rangar e dar um descanso para meu corpo, já que também sou filho de Deus. Dessa forma, perdi o show do Hammerfall. Você pode conferir fotos da apresentação do grupo sueco em nosso site.
[an error occurred while processing this directive]Um dos baluartes do Som de Gotemburgo, o Dark Tranquillity fez uma ótima apresentação. Guiado pela potente voz de Mikael Stanne, o Robert Plant do Death Metal Melódico, o veterano grupo sueco fez um show monstruoso e mostrou que peso e melodia combinam muito bem.
Por fim, o experiente e talentoso vocalista Jeff Scott Soto se apresentou no diminuto Waves Stage e acompanhado dos músicos da banda Spektra, cantou músicas do Talisman, do W.E.T. e até mesmo de Yngwie Malmsteen. Durante o interessante concerto, Jeff falou sobre seu amor pelo Brasil e afirmou que gosta muito de churrasco e de caipiroska.
Domingo, o gran finale
O domingo começou com o show do Eclipse, que levantou a galera com seu competente e empolgante Hard Rock. Enquanto o Eclipse se apresentava no Ice Stage (que de Ice tinha apenas o nome, já que o sol estava moendo), o Torture Squad estava botando pra quebrar no Sun Stage. O ótimo show da respeitada banda brasileira contou com a participação da vocalista Leather Leone.
O insuportável sol do meio-dia não espantou os fãs do While She Sleeps, que se aglomeraram para acompanhar o show do grupo britânico de Metalcore. Eu, que pouco conheço sobre a banda, fiquei satisfeito com o Metalcore moderno e eletrizante que agitou o domingão.
Outro grande show do Summer Breeze Brasil rolou após o While She Sleeps. A lendária banda Overkill desceu a lenha e atordoou os seus fãs com algumas de suas pedradas mais populares. O quinteto (que contou com a colaboração de David Ellefson) tocou "Ironbound", "Coma", "Horrorscope", "Elimination", "Rotten To The Core" e "Hello From The Gutter", além de "Scorched" e "The Surgeon", faixas de seu mais recente trabalho, lançado em abril de 2023.
Logo depois do show do Overkill, corri para o Sun Stage, onde o Ratos de Porão tocou. Não tem muito o que falar sobre a banda, é porrada atrás de porrada. "Amazônia Nunca Mais", "Sofrer" e "Crucificados Pelo Sistema" foram algumas das músicas tocadas por João Gordo e sua turma.
Quando o show do Ratos de Porão estava acabando, resolvi cruzar a passarela novamente, afinal de contas, estava chegando a hora do show do Carcass, que foi destruidor. O grupo alegrou os fãs da podreira sonora com seu set repleto de clássicos. "Heartwork", "Incarnated Solvent Abuse", "Keep On Rotting In The Free World", "Kelly's Meat Emporium" e "Buried Dreams" fizeram subir o cheiro de desgraça e putrefação no Ice Stage.
Jeff Walker, vocalista e baixista do Carcass, sentiu os efeitos do calor e chegou a fazer uma parte do show sentado. O frontman não fugiu da raia e terminou o show com um saco de gelo na cabeça.
Felizmente, o sol estava indo embora quando o Killswitch Engage começou a sua apresentação. E que apresentação! Considerado um dos principais nomes da New Wave Of American Heavy Metal, o grupo demonstrou muita técnica, presença de palco e um carisma fora do comum. O vocalista Jesse Leach (que recebeu uma bandeira do Esporte Clube Vitória durante a apresentação) chegou a descer do palco para cantar com alguns fãs.
"This Fire", "My Curse", "The End Of Heartache", "In Due Time", "The Signal Fire", "My Last Serenade", "Rose Of Sharyn" e o incrível cover de "Holy Diver" garantiram a alegria dos fãs de Metalcore que foram ao Summer Breeze Brasil 2024.
Após uma pequena pausa, sobe no Ice Stage o quinteto mais carismático e "presença" do Thrash Metal. Obviamente, estou falando do Anthrax. O grupo liderado por Scott Ian estava ligado no 220 e enfileirou clássicos do calibre de "A.I.R.", "Indians", "Caught In A Mosh", "Among The Living", "Keep It In The Family", "Got The Time" e "I Am The Law", sendo que na última das músicas citadas, Andreas Kisser (guitarrista do Sepultura) fez uma participação especial.
Confesso que gosto muito mais do Anthrax com os vocais de John Bush, porém, não dá para negar que Scott Ian, Charlie Benante e demais músicos da banda entregam um show repleto de energia e vibração. Um show inesquecível.
Coube à lendária banda Mercyful Fate a difícil tarefa de encerrar o Summer Breeze Brasil 2024. Tarefa essa que foi tirada de letra por King Diamond e sua banda, que proporcionaram uma experiência surreal para quem presenciou o concerto.
King Diamond celebrou sua "missa encapetada" em um palco impressionante e cheio de detalhes. O grupo executou hinos imortais da música pesada, com destaque para "A Corpse Without Soul", "Evil", "A Dangerous Meeting", "Black Funeral", "Satan's Fall" e "Come To The Sabbath". Um excelente show que fechou um excelente evento.
Resumo final
No final das contas, o Summer Breeze Brasil 2024 foi um baita festival, que reuniu bandas de diferentes vertentes do Metal. Da música dançante e contagiante do The Night Flight Orchestra até a brutalidade exercida pelo Carcass, o que se viu do começo ao fim do evento foram bandas muito competentes e que entregaram grandes shows.
Que em 2025, o Summer Breeze Brasil seja tão legal quanto foi em 2023 e 2024. E que no próximo ano, o sol e o calor tirem férias nos dias 3 e 4 de maio, quando a terceira edição do festival será realizada.
Summer Breeze Brasil 2024
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