O que esperar do Summer Breeze Brasil deste ano? Relembre a primeira edição
Por Emanuel Seagal
Postado em 25 de abril de 2024
A segunda edição do Summer Breeze Brasil está se aproximando. O festival será realizado nos dias 26, 27 e 28 de abril, novamente no Memorial da América Latina, em São Paulo. Já garantiu seu ingresso? Caso ainda esteja em cima do muro, confira como foi a primeira edição e saiba o que esperar.
Em 2023 o festival alemão teve sua primeira edição brasileira, desta vez com apenas dois dias, trazendo nomes como Blind Guardian, Stone Temple Pilots, Lamb of God, Parkway Drive e Kreator entre outras grandes atrações que se apresentaram em quatro palcos.
As bandas com maior notoriedade se apresentaram nos palcos Hot e Ice, que ficavam lado a lado, minimizando riscos de atrasos, pois quando um show terminava em um palco, uma equipe trabalhava na preparação do próximo show no outro. A área onde ficava o palco Sun era acessível por meio de uma passarela estreita, que obrigou os fãs a ficarem de olho nos relógios para não perderem seus shows mais aguardados. Já no palco Waves, além de alguns shows, recebeu palestras de Bruce Dickinson (Iron Maiden) e Simone Simons (Epica), mas o acesso era restrito aos fãs que, além do ingresso convencional, adquiriram o ingresso Summer Lounge.
A banda alemã Voodoo Kiss foi a responsável por dar o pontapé inicial às 11h. O baterista Achim Ostertag criou o Summer Breeze em 1997, que logo se tornou um dos mais importantes festivais na Europa, porém a banda entrou em hiato no ano 2000, retornando em 2022 com o lançamento do seu primeiro álbum. Desconhecida do público e com uma posição nada favorável no cronograma do evento, o show estava bem vazio, e foi um bom momento para se ambientar com o espaço do festival e em seguida conferir a próxima atração.
O palco Sun deu o tom do que seria a experiência para muitos fãs, com um mix de favoritos, nomes familiares e surpresas. João Gordo, figura conhecida por grande parte do público, não se apresentou com sua banda principal, o Ratos de Porão (atração da edição de 2024), mas sim com o Brutal Brega, um projeto iniciado despretensiosamente na pandemia, onde une o punk rock com a "música brega", em uma ideia que tinha tudo para dar errado, mas funciona e ao vivo é muito divertido. O show foi baseado no disco de estreia do projeto, e começou com "Fuscão Preto", do Trio Parada Dura, que empolgou o público, passando pela viagem no tempo com "Pavão Mysteriozo", tema da novela "Saramandaia", de 1976, onde o irreverente vocalista relembrou o Ki-Suco e os "apelidos de gordo" que já recebeu. O show parecia uma reunião de amigos falando bobagem, se divertindo e fazendo um som, principalmente pelo fato do João Gordo ler as letras de todas as músicas, o que foi um grande ponto negativo do show, mas o festival mal havia começado e a galera estava mandando uma roda punk ao som de Sidney Magal, então, não dá para reclamar.
Em um festival como esse o fã precisa fazer escolhas, e era hora de me despedir da diversão do Brutal Brega e ir conferir o palco Ice, onde dessa vez não encontrei surpresas, mas o death metal old school e competente do Benediction. O quinteto se apresentou com o vocalista Dave Ingram, que retornou ao grupo em 2019, e o super carismático Nik Sampson no baixo, celebrando os trinta anos do álbum "Transcend the Rubicon", representado pelas músicas "Unfound Mortality", "Nightfear" e "I Bow To None". Assim como o público, Dave, com seus 54 anos, já sentia os efeitos do sol forte do meio-dia, e aproveitou para mandá-lo se f*der enquanto tomava uma cerveja e ouvia o coro "Benediction! Benediction!" da galera, antes de se encaminhar para o fim do show com "Stormcrow", do recente álbum "Scriptures", e "Magnificat".
Enquanto o palco principal recebia Marc Martel, o Sun Stage estava lotado para receber a Crypta, um dos grandes nomes do metal nacional, e que recentemente havia realizado uma turnê com o Morbid Angel, marcada pelo tornado que atingiu a casa de shows onde a banda se apresentou, resultando na morte de um fã, diversos feridos e a destruição do motorhome do grupo. Apesar da tragédia, fãs ajudaram as meninas através de crowdfunding, arrecadando o valor necessário para cobrir o prejuízo. Infelizmente o show começou com a ausência total dos vocais da frontwoman Fernanda Lira, e quando era possível ouvi-la, estava baixo demais, obrigando a plateia a gritar em uníssono "aumenta o som" após as duas primeiras músicas. Com o problema resolvido, a banda dedicou a faixa seguinte, "Kali", para as mulheres presentes na plateia, com um set que cobriu o seu disco de estreia, "Echoes of the Soul" e o single "I Resign". Se o carisma da Fernanda Lira, com suas frequentes "caras e bocas", é um dos grandes destaques da Crypta ao vivo, o grupo encontrou na guitarrista Jéssica Falchi, que em 2022 entrou no lugar de Sonia Anubis, uma colega a altura em competência técnica e presença de palco. Infelizmente o show durou menos de uma hora, pois ainda não estão tocando ao vivo as músicas que farão parte do segundo disco, mas sem dúvida conseguiram retribuir o apoio dos fãs ao realizar um dos melhores shows do Summer Breeze.
No meio da tarde, durante o fim do show do Skid Row e o início do Sepultura, Bruce Dickinson trouxe ao Waves Stage uma versão mais curta da sua apresentação, onde fala sobre sua vida, em uma mistura de palestra com stand-up comedy, porém sem a sessão de perguntas e respostas, ou seja, nada de cantar "Tears of the Dragon" ou qualquer outro pedido do público. Muitos fãs já conheciam a história por meio de vídeos no YouTube ou sua autobiografia "What Does This Button Do?", mas mesmo conhecendo o roteiro e as "punchlines", ver o lendário vocalista ao vivo é um deleite. Ao longo de uma hora ele fala sobre sua infância, como inicialmente queria ser baterista, mas teve que se contentar em tocar bongô, cantou "Let It Be" (The Beatles), arrancou muitas risadas, falou sobre o Iron Maiden, seu envolvimento com a aviação, cervejas, e até mesmo sua luta contra o câncer.
No início da noite o Lamb of God fez um grande show, sendo seguido pelo Stone Temple Pilots no palco Ice, enquanto o lendário Accept foi escalado para o "alternativo" palco Sun. O sexteto merecia tocar no palco principal? Sem dúvidas, mas o espaço lotado de fãs, a aura de lendas do metal no palco, em grande parte pelo guitarrista Wolf Hoffmann, fez os alemães parecerem headliners desde as primeiras músicas, "Zombie Apocalypse" e "Symphony of Pain", do recente álbum "Too Mean To Die". Clássicos como "Midnight Mover", "Fast As a Shark", e "Metal Heart" colocaram a galera pra cantar junto e coroaram o que poderia ser o melhor show do dia, mas outro grupo alemão subiria no palco Hot em seguida.
O vocalista Hansi Kürsch prometeu um set especial para o Summer Breeze e cumpriu. O Blind Guardian foi o grande destaque do festival. Começaram com os hits "Imaginations From The Other Side", "Welcome to Dying", "Nightfall", "Time Stands Still (At The Iron Hill)", para em seguida mandar o álbum "Somewhere Far Beyond" na íntegra. O show foi concluído com "Valhalla" e "Mirror Mirror", em um set de 19 músicas, que passaram voando.
Domingo, finalzinho da manhã, sol queimando e death metal na orelha, foi assim o segundo dia do Summer Breeze, com os gaúchos do Krisiun, que agradeceu ao público presente e além das autorais, mandaram uma homenagem ao Lemmy, tocando a icônica "Ace of Spades". No início da tarde, a galera, tomando suas primeiras cervejas, se divertiu bastante com o Finntroll. Não gosta de folk ou black metal? Não tem problema, é impossível não se contagiar com a divertida apresentação dos finlandeses, com destaque para a grudenta "Trollhammaren".
[an error occurred while processing this directive]Enquanto o Finntroll terminava seu show no palco Sun, era hora de correr, pois um dos headliners, o Testament, estava começando no palco Hot. Após alguns problemas de áudio solucionados veio uma aula de thrash metal, com o frontman Chuck Billy comandando o público, que gritou junto em "Rise Up". No meio do show, Chuck pediu a galera que preparasse um "Wall of Death", onde o público é dividido em dois, e após o aviso do vocalista correm uns contra os outros.
Após pegar uma água, foi a vez de checar o auditório, intitulado "Waves Stage", que no primeiro dia contou com show várias atrações como Apocalyptica e uma palestra do Bruce Dickinson. Foi uma boa desculpa para poder sentar e descansar, enquanto assistia o bate-papo com Simone Simons, vocalista do Epica. Foi uma ótima oportunidade para ter um contato diferente com a cantora. Uma fã chamou atenção, pois se identificou com a vocalista, que além dos seus trabalhos na música, é mãe, e aproveitou para fazer uma pergunta para Simone.
Após o descanso, mais thrash metal, e fãs do Testament que me perdoem, mas o show do Kreator foi espetacular. Parece combinado, mas no festival, de origem alemã, o melhor show do primeiro dia foi do alemão Blind Guardian, e no segundo só podia dar Kreator! O show foi impactante visualmente, pela energia da banda, efeitos pirotécnicos, e Mille Petrozza mostrou estar bem entrosado com o público brasileiro, afinal, são décadas vindo aqui. "People of the lie", "Flag of Hate", a clássica "Pleasure to Kill", e até a nova, porém atemporal, "666 - World Divided" esgotaram o que sobrava de energia do público.
[an error occurred while processing this directive]O segundo dia do Summer ainda contou com o Avantasia no palco Ice, enquanto no Sun rolava a pedrada na orelha do Napalm Death, que intercalava músicas com discursos políticos, mostrando estar inteirado no que acontece no Brasil ao citar trabalho escravo, e claro, não podiam deixar de tocar a cover mais direta possível, "Naz* Punks Fuc* Off", do Dead Kennedys.
Com o dia terminando e alguns fãs já se preparando para ir para casa, o Stratovarius fechava o palco Sun, enquanto o Parkway Drive apresentava-se no palco principal. Mesmo não acompanhando a carreira da banda, era impossível não cantarolar ao ouvir "Black Diamond". Ainda deu tempo de checar o show intimista do Evergrey no auditório, pois com o público esgotado da maratona de shows, e a própria banda um tanto cansada por ter se apresentado na Áudio há menos de 24 horas, qualquer um podia ficar na primeira fila e curtir o show de perto.
O Summer Breeze deixou uma excelente impressão, trazendo bandas dos mais variados estilos, e criando uma verdadeira cidade do rock/metal, com atrações espalhadas pelo Memorial da América Latina. Ao conversar com um membro da delegação europeia que veio para o festival, foi perceptível a preocupação da produção em entregar um evento comparável ao Summer Breeze original, além de tirar lições para as próximas edições. Todos que trabalharam no festival e que tive contato nestes dois dias foram bastante educados e atenciosos, inclusive no posto médico.
O Summer Breeze Brasil 2024 será realizado nos dias 26, 27 e 28 de abril, no Memorial da América Latina, em São Paulo. Confira abaixo uma playlist que preparamos com músicas de todas as atrações do festival para você fazer seu "esquenta".
Summer Breeze Brasil 2024
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