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O que era o "camarim do vício" que Aerosmith construiu para usar drogas nos shows

Por Gustavo Maiato
Postado em 13 de abril de 2024

O Aerosmith, assim como diversas bandas de rock, sofreu com o abuso de drogas e isso fica claro em diversas entrevistas que Steven Tyler e Joe Perry já deram na carreira. O uso era tanto que os dois passaram a ser chamados de The Toxic Twins – ou "Os Gêmeos Tóxicos", em português.

Uma matéria do El País abordou esse assunto das drogas na carreira do Aerosmith e relembrou a história do "camarim do vício", espécie de casinha que a banda mandou construir para que pudessem cheirar cocaína durante as apresentações. É o que conta Tyler.

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Foto: Divulgação - Facebook Oficial
Foto: Divulgação - Facebook Oficial

"Eu mantinha no palco minha caixa de primeiros socorros, dentro de um tambor vazio de 14 polegadas, em cujo fundo havia uma garrafa de Jack Daniel’s e dois copinhos de papel: um cheio de coca com um canudo, o outro com Coca-Cola e Jack Daniel’s", confessa Tyler em suas memórias. No livro ele também descreve seu modus operandi: "Eu ficava atrás dos amplificadores, cobria a cabeça com uma toalha e metia o canudo no nariz. O canudo saía do copo, como se fosse para beber.

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A ideia era uma guarita pequena e portátil, poderia ser instalada na parte de trás do palco. Assim, em 1976 encomendamos um pequeno camarim a uma empresa que projetava e montava iluminação para teatros e cenários. Fornecemos os planos e as medidas: 36 polegadas (94 centímetros) de profundidade, 36 de largura e dois metros de altura. Mas, quando chegou, media 11 por 11 metros. Era um negócio tão monstruoso que tiveram que transportá-lo num enorme caminhão. Foi como o figurino de Stonehenge no palco de Spinal Tap, mas ao contrário [o cenógrafo havia feito as pedras em escala reduzida]. Então devolvemos. Escrevemos nele: ‘Vendam para os Stones’. Acho que fizeram isso".

O problema do Aerosmith com as drogas era intrínseco, tanto que Tyler já disse que não conseguia deixar os entorpecentes.

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"A heroína quase me matou. Estou falando. Você está olhando para um milagre. Sou um daqueles caras que conseguiram escapar. Eu poderia não ter voltado. Poderia ter ido embora, como muitos outros. Essa droga afetou nossa carreira musical. Nós nos separamos por causa das drogas. Ela levou tudo embora e nós nem percebemos. Alguém tem que dizer: 'Cara, você nem tem sua própria banda mais'

Achei que tudo estava bem. Na época, não percebia o quão ruim a situação estava. Esse é o problema das drogas. Elas me colocaram de joelhos. Percebi que algo ruim poderia acontecer comigo. Eu ficava dizendo para mim que isso não ia me afetar, mas podia. Eu diria às pessoas que pensam em usar drogas que se elas quiserem passar pelo inferno que passei, fiquem à vontade. Mas saiba que você pode não sobreviver.

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Pode não conseguir voltar aos trilhos. Lembro de ligar para meu empresário e falar que a reabilitação funcionava como uma lavagem cerebral. Eles estavam me fazendo mudar. Será que eles queriam que eu permanecesse nesse tratamento? Eu dizia que se continuasse, não seria mais capaz de compor músicas. Se eu pudesse dizer algo para as pessoas, seria para não ter medo de parar. Não é o fim do mundo. Você não vai morrer por isso", concluiu.

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Sobre Gustavo Maiato

Jornalista, fotógrafo de shows, youtuber e escritor. Ama todos os subgêneros do rock e do heavy metal na mesma medida que ama escrever sobre isso.
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