Como era o esquema de "jabá" do Chacrinha nos anos 1980, segundo Edgard Scandurra
Por Gustavo Maiato
Postado em 10 de dezembro de 2024
Nos anos 1980, o apresentador Chacrinha era uma figura central no cenário musical brasileiro, mas também estava envolvido em práticas que refletiam a dinâmica de mercado da época. Segundo Edgard Scandurra, guitarrista da banda Ira!, o esquema de "jabá" (promoção de artistas mediante contrapartidas) era uma moeda de troca comum, envolvendo apresentações gratuitas em troca de visibilidade.
Em entrevista ao MPB Bossa, Scandurra detalhou como essas práticas funcionavam: "O Chacrinha... talvez outros tenham feito mais vezes, mas comigo foram apenas uma ou duas vezes que a gente foi para a periferia do Rio com o Ira!. Essas caravanas que a gente precisava tocar eram jabás, fazíamos um playback, íamos nuns clubes da periferia e tocávamos lá a música."
Ele descreveu as condições das apresentações: "Você subia num palco e tinha uma caixa e um prato para o baterista. Era uma moeda de troca. Fazer esses programas com a gente, fazer esses shows com a gente de graça e a gente garante a ida ao Chacrinha para você. Era esquisitíssimo, esquisitíssimo."
Scandurra ressaltou que esse "jogo" não era exclusivo de Chacrinha, mas também estava presente nas rádios: "Era o jogo do mercado na época, né? Cara, era o jogo do mercado e não dá para colocar isso só nas costas do Chacrinha. As rádios eram assim também e não me espanta que não sejam assim até hoje. Não sei o que mudou. Talvez hoje seja mais escancarado, hoje pode chamar de promoção."
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