Como uma escada, uma lupa e uma palavra fizeram John Lennon se apaixonar por Yoko Ono
Por André Garcia
Postado em 29 de janeiro de 2025
John Lennon formou com Yoko Ono um casal que abalou o mundo por ter levado a culpa pela separação dos Beatles. Você com certeza já conhece o casal, mas você sabe como foi que eles se conheceram? E se eu te disser que tudo começou com uma escada, uma lupa e uma palavra de três letras?
O livro John Lennon no Céu com Diamantes, de Lúcia Villares, publicado pela Editora Brasiliense em 1982, conta como foi essa história.
Em 1966 Yoko Ono já tinha conquistado notoriedade na cena artística de Londres. Artista plástica vanguardista, ela era conhecida como uma inteligente japonesa de família rica, que foi educada nos Estados Unidos.
Em novembro daquele ano John Lennon, com seu casamento com Cynthia em crise e em depressão por suas insatisfações com os Beatles, ficou sabendo que uma tal Yoko ia fazer uma exposição maluca com gente dentro de sacos e coisas assim. Curioso, ele foi ver.
O líder dos Beatles foi lá antes da inauguração, e encontrou a galeria vazia, o que não o impediu de conferir e xeretar as obras. Foi então que ele viu algo que mudou sua vida para sempre: uma escada que dava em um buraco minúsculo com uma palavra que para ser vista era preciso uma lente de aumento. Curioso que só, ele não resistiu. Subiu na escada, olhou no buraco, viu a palavra "Sim", e achou aquilo o máximo.
"Podia estar escrito NÃO, ou qualquer coisa negativa lá", relembrou ele. "Naquela época, ser de vanguarda era destruir pianos com um martelo, quebrar esculturas ou qualquer coisa assim para pagar de anti-anti-anti."
Ele ficou impressionado também com uma maçã exposta que, como custava um preço absurdo, ficava ali à mostra lentamente apodrecendo diante dos olhos dos espectadores.
John e Yoko se conheceram quando ele viu um cartaz ao lado de um martelo com pregos escrito "Bata um prego". Ele perguntou se podia martelar um e ela, sem saber que ele era famoso, respondeu que não porque a exposição ainda não tinha inaugurado. Aquela deve ter sido a única vez que John Lennon ouvia um não de alguém em anos.
O dono da galeria correu para cochichar no ouvido de Yoko que aquele cara era rico e que poderia comprar as obras dela, então ela deixou que ele batesse um prego por 5 shillings.
"Então vou de pagar 5 shillings imaginários", disse ele, "e martelar um prego imaginário". Yoko riu, e ali eles se entenderam.
Como John era casado, os dois demoraram para realmente se envolverem. Foi só no ano seguinte que eles foram se encontrar de novo, trocando acenos tímidos em um vernissage. Até que um dia ela tomou coragem e foi até ele pedir patrocínio para sua próxima exposição; e o presenteou com um exemplar de seu livro de poemas, Grapefruit, que virou seu livro de cabeceira.
Em setembro de 1967 Yoko fez sua nova exposição financiada por Lennon na Lisson Gallery, que tinha todos os objetos pela metade e pintados de branco: meia mesa, meio quadro, meia cadeira…
Depois dali, vira e mexe Yoko para ser lembrada mandava para ele bilhetes com dizeres como "Respire", "Dance", "Conte as estrelas".
Pouco depois John partiu com os Beatles para seu retiro espiritual na Índia sem levar Cynthia consigo. Lá ele trocou cartas com Ono e, na volta à Inglaterra ele já havia aceitado que seu casamento havia chegado ao fim e não conseguia tirar Yoko da cabeça.
E o resto, como dizem, é história.
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