A pior música que Paul McCartney já escreveu: "Virou motivo de piada e esfacelou Beatles"
Por Gustavo Maiato
Postado em 26 de abril de 2025
Mesmo com uma carreira que soma cerca de 700 composições, Paul McCartney não escapou de deslizes criativos. Autor de clássicos que moldaram a história da música pop, o ex-Beatle também acumula faixas contestadas — por fãs, pela crítica e até por seus antigos colegas de banda. E, segundo muitos, nenhuma delas é tão problemática quanto "Ob-La-Di, Ob-La-Da".
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Lançada no "Álbum Branco" dos Beatles, em 1968, a canção foi inspirada na música ska e em expressões jamaicanas. Mas, longe de unir a banda, acabou se tornando motivo de atrito. McCartney foi o único entusiasta da faixa dentro do grupo e insistiu em finalizá-la, mesmo sob forte oposição de John Lennon, George Harrison e Ringo Starr.
De acordo com a Far Out, Richard Lush, engenheiro de som na época, contou à imprensa britânica um episódio emblemático. "O John apareceu completamente chapado e disse: ‘Tá bom, vamos fazer ‘Ob-La-Di, Ob-La-Da’. Foi até o piano e começou a tocar com força, o dobro da velocidade, claramente irritado", lembrou. "Ele estava realmente agitado."

Para muitos historiadores da música, a teimosia de McCartney com a faixa simboliza o início do esfacelamento da banda. O episódio não foi apenas sobre uma música: foi sobre poder, direção criativa e uma crescente falta de consenso entre os integrantes.
Curiosamente, McCartney já admitiu outras composições ruins ao longo da carreira, como a esquecida "Bip Bop", lançada com o Wings. "As letras são horríveis", confessou. Ainda assim, ele acabou gravando a música após elogios do produtor Trevor Horn: "Se ele gostava tanto assim, talvez eu não devesse odiar tanto. Algum motivo eu devia ter tido para gostar dela no início."
Mas "Ob-La-Di, Ob-La-Da" é outro caso. Sua sonoridade simplista e letra repetitiva viraram motivo de piada até entre fãs. E, pior, escancararam os conflitos internos de uma banda à beira do fim.

Mais de 50 anos depois, a faixa segue dividindo opiniões. Para uns, é inofensiva e divertida. Para outros, incluindo parte dos Beatles, representa o pior da obsessão de McCartney por melodias fáceis. E, nesse caso, nem mesmo sua genialidade foi suficiente para salvar a canção do status de "pior música que Paul McCartney já escreveu".
Curiosidades sobre "Ob-La-Di, Ob-La-Da"
"Ob-La-Di, Ob-La-Da" é, até hoje, uma das faixas mais discutidas da discografia da banda. A seguir, listamos cinco fatos que ajudam a entender como esse hit se tornou um símbolo de discórdia (e também de criatividade) na história dos Beatles. A listagem é baseada no site Beatles Bible.

1. A expressão veio de um amigo nigeriano de McCartney
Paul McCartney conheceu o percussionista Jimmy Scott nos clubes de Londres. Jimmy costumava dizer "Ob la di, ob la da, life goes on, bra", uma frase que Paul considerou poética e decidiu usar como título da canção. Embora Scott não tenha colaborado na composição, McCartney posteriormente lhe enviou um cheque como reconhecimento.
2. Gravações recomeçaram várias vezes e criaram tensão na banda
A música levou 42 horas de estúdio para ser finalizada, com múltiplas versões e arranjos sendo descartados ao longo de quase duas semanas em julho de 1968. A insistência de Paul em regravar a faixa gerou frustração. O engenheiro Geoff Emerick chegou a abandonar os trabalhos logo após a conclusão da música.

3. John Lennon detestava a música — e fez isso bem claro
Enquanto McCartney queria que a faixa fosse um single, Lennon a chamava de "granny shit" ("música de vovó"). Em uma sessão de gravação, chegou completamente alterado, sentou-se ao piano e tocou a introdução duas vezes mais rápido do que o habitual, gritando: "É isso! Vamos!". Foi essa versão, gravada com raiva, que acabou no disco.
4. Acidentes e improvisos viraram parte da música final
Paul McCartney acidentalmente trocou os nomes de Desmond e Molly em uma linha — cantando que Desmond ficou em casa e fez sua maquiagem — e decidiu deixar o erro no registro final. Também é possível ouvir George e John gritando "arm!", "leg!" e "foot!" em momentos de backing vocal, acrescentando um tom caótico e divertido à gravação.

5. A guitarra acústica foi gravada "no vermelho" de propósito
Para obter um som mais sujo e energético, os Beatles deliberadamente sobrecarregaram os equipamentos de gravação — algo que engenheiros modernos evitam. Paul tocou uma linha de violão uma oitava acima do baixo, e o som foi registrado com distorção natural, criando um efeito quase percussivo que deu corpo à faixa.

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