O retorno da última banda de rock que realmente fez sucesso no Brasil
Por Gustavo Maiato
Postado em 20 de abril de 2025
A discussão sobre qual foi a última banda de rock que fez sucesso de verdade no Brasil é longa e há quem defenda que o estilo morreu ainda nos anos 1980 ou 1990. Fato é que vários grupos surgiram ao longo dos últimos anos, mas nenhum se firmou tanto recentemente quanto os gaúchos do Cachorro Grande. Pelo menos é o que defende Júlio Ettore, especialista em rock nacional, em vídeo no seu canal.
Cachorro Grande - Mais Novidades
A formação da banda remonta a 1999, quando dois jovens músicos de Passo Fundo, Beto Bruno e Marcelo Gross, se encontraram em Porto Alegre e decidiram montar um grupo inspirado em Beatles, Rolling Stones e The Who. Ambos tinham histórias pessoais conturbadas, mas encontraram na música um ponto de redenção. "Com aquela banda, ele conseguiria viver de música", afirma Ettore, referindo-se à decisão de Beto de largar a escola e investir na carreira artística.
O primeiro show foi em Sapucaia do Sul e marcou o início de uma jornada que rapidamente ganharia proporções maiores. Em menos de seis meses, os integrantes deixaram seus empregos e mergulharam de cabeça nos palcos. "O público cresceu, cantava as músicas mesmo sem eles terem disco lançado", destaca Julio. O visual também virou marca registrada: terninho, boina e cabelo ao estilo dos anos 60. A estética retrô logo conquistaria o público jovem da capital gaúcha.
A virada veio quando a Stop Records resolveu apostar nos garotos. Gravaram o primeiro álbum e ganharam projeção com "Debaixo do Meu Chapéu". Mas foi com o single "Lunático" que a banda estourou. "Foi o primeiro clipe a entrar nos rankings da MTV. A música tirou a Cachorro Grande da bolha alternativa e firmou uma identidade visual em preto e branco", explica Ettore. Diferente de outras bandas locais, eles tinham um objetivo claro: sair do estado e conquistar o Brasil.
O sucesso do Cachorro Grande
O plano deu certo. Em 2005, a banda já fazia mais shows fora do Rio Grande do Sul e dividia palco com ícones do rock internacional, como Iggy Pop. "Beto Bruno subiu no palco com o público e enfiou o dedo no Iggy Pop", relembra, rindo. O auge trouxe visibilidade, mas também os típicos excessos do rock’n’roll: brigas internas, drogas e a saída de integrantes marcaram essa fase.
Apesar das turbulências, o grupo lançou discos importantes como Pista Livre e Cinema. Ainda assim, nem todos os álbuns mantiveram o mesmo impacto comercial. "Chega o momento em que você tem que evoluir, caminhar pra uma direção nova. Só que na hora de fazer isso, a Cachorro começou a patinar", analisa Ettore. Problemas com empresários e dificuldades de adaptação ao mercado digital minaram parte do potencial que a banda ainda tinha.
Uma das maiores críticas feitas por Julio é sobre a postura da banda frente à internet. "Depois dos shows, eles iam pra piscina do hotel com caixas de cerveja, enquanto a Fresno ia pro quarto do hotel responder às fãs nas redes sociais." A comparação entre as duas bandas gaúchas evidencia o quanto a falta de engajamento digital pode ter freado o crescimento da Cachorro Grande fora do circuito tradicional.
Mas em 2016, eles viveram um momento inesquecível: abriram o show dos Rolling Stones em Porto Alegre. "Foram aplaudidos no Beira-Rio e ainda tiraram uma foto com os Stones que só pôde ser publicada cinco anos depois", lembra Julio. Ele brinca que ali poderia ter sido o ponto final perfeito para a história da banda, mas eles insistiram em seguir — o que levou a conflitos ainda mais sérios.
Os problemas do Cachorro Grande
A gravação do último disco, "Electromod", foi conturbada. O produtor Edu K abandonou o projeto, Marcelo Gross brigou com os demais e acabou sendo demitido. "Me tiraram a única coisa que eu tinha, então foi uma coisa um pouco cruel", lamenta Marcelo, citado por Ettore. A turnê seguinte foi longa, arrastada e marcada por desgaste emocional e vícios.
Em 2018, a banda chegou ao fim. Mas a história não terminou ali. Em 2022, os integrantes decidiram fazer um show de reencontro, que evoluiu para a atual turnê de 25 anos da Cachorro Grande. "Diferente de alguns gaúchos que são orgulhosos demais, Marcelo, Beto e os outros colocaram as diferenças de lado", celebra Julio. O reencontro emocionou fãs antigos e reacendeu a discussão sobre o legado da banda no cenário do rock brasileiro.
O retorno do Cachorro Grande
A lendária banda Cachorro Grande está de volta aos palcos com a turnê comemorativa de 25 anos, e um dos momentos mais esperados desse retorno será no festival Best of Blues and Rock. O grupo gaúcho, que marcou uma geração com seu som influenciado por Beatles, Stones e The Who, sobe ao palco no dia 7 de junho, em São Paulo, dividindo a noite com nomes como Dave Matthews Band e outros.
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



Organização confirma data do Monsters of Rock Brasil 2026
A banda de metal extremo que é referência para Mark Tremonti (Creed, Alter Bridge)
Guns N' Roses homenageia seleção brasileira de 1970 em cartaz do show de São Paulo
Helloween retorna ao Brasil em setembro de 2026
A música solo que Ozzy Osbourne não curtia, mas que os fãs viviam pedindo ao vivo
O pior disco do Anthrax, segundo a Metal Hammer
"Um cantor muito bom"; o vocalista grunge que James Hetfield queria emular
Megadeth "vai resistir ao tempo" melhor que outras de thrash, de acordo com Ellefson
O pior álbum que Dio gravou ao longo de sua carreira, segundo a Classic Rock
As 10 melhores músicas do Iron Maiden, de acordo com o Loudwire
Trivium agradece Greyson Nekrutman e anuncia novo baterista
A opinião de Slash sobre o anúncio da volta do Rush em 2026
O primeiro tecladista estrela do rock nacional: "A Gloria Pires ficou encantada"
Bryan Adams retorna ao Brasil em março de 2026
A melhor música de "Let It Be", segundo John Lennon; "ela se sustenta até sem melodia"

O dia que Erasmo Carlos fez Cachorro Grande chatear com veto que sofreram anos antes
Rock/Metal: as poucas bandas que conseguem viver disto no Brasil


