Titãs comeu o pão que o diabo amassou para gravar o ao vivo "Go Back"
Por Mateus Ribeiro
Postado em 09 de abril de 2025
Lançado em outubro de 1988, "Go Back" é o primeiro álbum ao vivo dos Titãs e foi gravado no Festival de Jazz de Montreux, realizado na Suíça. O disco traz grandes sucessos da primeira fase da banda, como a sua faixa-título, "Cabeça Dinossauro", "Polícia", "Nome aos Bois", "Bichos Escrotos" e a inesquecível "Marvin".
Em vídeo publicado no Youtube, Nando Reis (ex-baixista e vocalista dos Titãs) contou por qual razão o primeiro ao vivo do grupo se chama "Go Back". Com a palavra, José Fernando Gomes dos Reis:
"Demos o nome ao disco que fizemos justamente porque voltamos a revisitar músicas já gravadas, e algumas delas em novas versões."


A apresentação dos Titãs em Montreux marcou a estreia da banda em palcos europeus. Segundo Nando, ele e seus parceiros ficaram felizes com a oportunidade. Porém, na passagem de som, problemas começaram a aparecer.
"Nós fomos convidados, não para a noite brasileira, que era onde todos os brasileiros iam, mas para a noite de rock, o que nos deixou exultantes, sabendo 'porra, somos reconhecidos internacionalmente com uma banda de rock'. Mal sabia eu que estava por vir (...).

Na passagem de som, nós somos muito sacaneados pelos técnicos de lá. Os europeus filhos da puta trataram nós, os brazucas, como se fosse ralé. E a gente teve o maior problema, eu me lembro de que chegamos lá não tava nada ligado, tinha problema de horário, uma má vontade da porra. Paulo Junqueiro, o nosso engenheiro de som tava conosco lá, e foi um perrengue. E o perrengue se estendeu (...)
A nossa ideia de que ser convidado para a noite do rock era um grande feito se provou um fiasco, porque ninguém nos conhecia. Então, nós éramos... não havia quase público nenhum, o que teria sido muito diferente se tivéssemos tocado na noite brasileira, com a plateia composta só de brasileiros festejando a música brasileira."

Como se a má vontade dos técnicos locais e a ausência de público não fossem problemas suficientes, mais um contratempo atrapalhou a performance dos Titãs na Suíça: um amplificador do produtor Liminha, que na ocasião estava tocando guitarra, parou de funcionar.
"Quando entramos no palco, percebemos que tava muito vazio, e além da tensão de ser um show que estávamos gravando um disco, num festival fora do país, não havia quase ninguém.
Para nosso infortúnio, na primeira música, ou na segunda, um amplificador do Liminha, que tava tocando guitarra, pifou. Isso nos deixou muito tensos, a ponto de nossa apresentação ter ficado bastante comprometida por esses dois fatores."
Apesar de todos os problemas, os Titãs concluíram a apresentação, que foi lançada meses depois sob o nome "Go Back". No entanto, foram feitos alguns overdubs em estúdio.

"Terminado o show, entramos em crise, porque fomos para lá fazer o festival e gravar um disco, e estávamos incertos se a nossa performance tinha tecnicamente sido suficiente boa para merecer um registro (...). E eu me lembro que falei assim: 'Não, antes vamos ouvir a fita'. Eu lembro que eu falei junto com Charles [Gavin, ex-baterista dos Titãs]: 'Eu troquei bem, eu garanto'. Daí fomos ouvir, e de fato constatamos que o baixo e a bateria estavam ótimos. Ou seja, é isso era uma parte importantíssima para que a gente pudesse daí fazer as correções que viermos a fazer.
Entramos no estúdio e refizemos algumas coisas, nem me lembro quantas, mas isso obviamente é uma inconfidência aqui, mas não há porque esconder, de fato o disco tem alguns overdubs."

"Go Back" tem 13 faixas e cerca de 42 minutos de duração. O álbum encontra-se disponível nas plataformas digitais.
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