Como Aquiles conseguiu contrato com o Angra: "Essas duas frases que falei contaram muito"
Por Gustavo Maiato
Postado em 18 de maio de 2025
O baterista Aquiles Priester quase ficou de fora do Rebirth, disco que marcou a reformulação do Angra no início dos anos 2000. Sua entrada só aconteceu graças a um misto de persistência, preparo e duas frases certeiras ditas nos momentos certos. Em vídeo no seu canal ele conta a história.
Depois da saída de Ricardo Confessori, o Angra buscava um novo baterista para iniciar a pré-produção do novo álbum. Aquiles, então à frente do Hangar, soube da oportunidade e decidiu fazer o teste. Mas antes da audição oficial, ele já deixava claro seu nível de determinação.


"Quando o Kiko [Loureiro] falou pra mim: ‘Vamos lá fazer um som na minha casa, tenho uma bateria Mapex’, eu disse: ‘Tem pedal duplo? Quero tocar com dois bumbos. Vou trazer a minha bateria, acho que vai ser mais legal’", relembra Aquiles. Foi quando ouviu do guitarrista uma pergunta direta: "E se nesse meio tempo a gente achar outro batera e você perder a chance?"
A resposta de Aquiles foi rápida e segura: "Faz o teste com quem você quiser, mas não escolha o seu novo baterista antes de me ver tocando." A frase foi dita na frente do vocalista Edu Falaschi e, como revelou depois o próprio Rafael Bittencourt, teve peso. Mas mesmo após um show bem executado com o Hangar, que contou com a presença de Kiko e Rafael, Aquiles não recebeu nenhuma ligação dos músicos. O silêncio incomodou.

"No domingo, na segunda, na terça... nada. Então na quarta-feira fui lá no Souza Lima, onde sabia que os dois estariam", conta. Foi direto ao ponto: "Por que vocês não me ligaram?"
Naquele momento, Aquiles percebeu que a dúvida talvez estivesse na sua familiaridade com ritmos brasileiros, algo mais presente no som do Angra. Antecipando a possível objeção, ele mostrou que havia se preparado: "Falei pra eles: ‘Acho que sei o que preocupa vocês. Se eu sou capaz de tocar música brasileira. E eu sou. Fiz aula com o Kiko Freitas. Ritmo brasileiro eu sei tocar. No Hangar não uso isso porque já tem vocês. Mas eu sei fazer. Inclusive comprei um monte de discos para estudar mais’."
Quando Rafael pediu para ver os CDs, Aquiles mostrou um pacote com obras de Gilberto Gil, Caetano Veloso, Gal Costa, Amelinha e Zé Ramalho. "Na hora, mudou o semblante deles", diz.

Convidado para a audição oficial, ele exigiu usar sua própria bateria — que ainda estava em Porto Alegre — e seguiu confiante. A primeira música apresentada foi "Running Alone", entregue a ele apenas com metrônomo e guitarra guia, sem linha vocal. "Eles me deram uma folha com a partitura, mas falei que queria primeiro escutar a música e imaginar o que poderia fazer nela", lembra.
Durante a montagem de seu kit na casa de Kiko Loureiro, outro momento decisivo aconteceu. Enquanto observava o esforço de Aquiles, Rafael brincou: "Pensou aí, meu? Maior trampo que a gente tá tendo pra descer essa bateria... e se não rola, você vai ter que desmontar e levar embora, né?"
Foi aí que veio a segunda frase memorável. "Rafael, essa bateria nunca mais vai sair daqui", respondeu Aquiles, levantando-se por trás do instrumento.

Mais tarde, os dois músicos confidenciaram que essas frases foram determinantes. "A gente percebeu que você sabia do que era capaz. E, principalmente, que você queria muito aquela vaga", disseram. "Sabia que era a minha única chance de ser um baterista de metal", conclui Aquiles. "Essas duas frases foram impactantes. Sou muito grato a tudo que aconteceu depois daquilo."
Confira o vídeo completo abaixo.

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