Distonia, "Dystopia" e Megadeth: Chris Adler abre o jogo sobre sua saída do Lamb of God
Por Mateus Ribeiro
Postado em 12 de maio de 2025
Fundado na década de 1990 sob o nome Burn the Priest, o Lamb of God despontou no início dos anos 2000 como um dos principais expoentes da música pesada contemporânea. A banda americana se destacou por sua sonoridade agressiva, que combina elementos do thrash e do groove metal.
A formação clássica do grupo contava com Randy Blythe (vocal), Willie Adler (guitarra), Mark Morton (guitarra), John Campbell (baixo) e Chris Adler (bateria). Essa configuração permaneceu estável até 2019, quando o mais velho dos irmãos Adler — responsável pelas baquetas — deixou o quinteto. Ele foi substituído por Art Cruz.


Chris Adler abriu o jogo sobre a sua saída do Lamb of God durante recente episódio do programa Loaded Radio, exibido na última quarta-feira (7 de maio). Segundo o relato do baterista (via Metal Injection), um distúrbio neurológico foi determinante para a separação:
"Eu nunca falei sobre isso antes, mas (...) em 2016 ou 2017, bem no final de 16 - fui diagnosticado com algo chamado distonia do músico. Eu não queria falar sobre isso na época, porque senti que isso realmente atrapalharia minha carreira. Mas passei por uma quantidade incrível de trabalho para poder me recuperar disso."

De acordo com os Manuais MSD, "distonias são contrações musculares involuntárias, que podem ser sustentadas ou intermitentes. As distonias podem resultar em posturas e movimentos anormais ou ambos; os movimentos podem se assemelhar a tremores. As distonias podem ser primárias ou secundárias e podem ser generalizadas, focais ou segmentares".
Segundo Adler, a distonia é uma espécie de "sentença de morte" para quem toca instrumentos musicais. O baterista explicou que o problema afetou seu pé direito e tentou convencer os colegas de banda a adaptar a estrutura de algumas músicas nos shows — proposta, ao que tudo indica, não aceita.

"A distonia é basicamente uma condição neurológica em que o nervo que controla o movimento de uma determinada parte do corpo se deteriora a ponto de tornar esse movimento impossível (...). E isso aconteceu comigo com meu pé direito.
Eu estava tocando uma música e meu pé, quando eu pretendia pressionar o pedal, disparava para o lado ou para trás (...). Acho que a banda ficou muito frustrada com meu desempenho. Eu lhes dei a documentação médica - eis o que é, eis o que podemos fazer. Havia apenas algumas músicas que estavam realmente incomodando; o restante eu conseguiria tocar se eles estivessem dispostos a mudá-las."
Enquanto ainda era integrante do Lamb of God, Adler se juntou ao Megadeth para as gravações de "Dystopia", álbum lançado em janeiro de 2016. A colaboração com o grupo de Dave Mustaine não agradou os demais integrantes, como ele relembrou:
"Naquela época, eu também havia entrado para o Megadeth. As tensões estavam muito altas. Nunca fomos o grupo mais funcional de pessoas viajando pelo mundo, se você sabe alguma coisa sobre a banda. Quem não estava na sala estava basicamente sendo criticado. Acho que a combinação das coisas chegou a um ponto em que eles não queriam lidar com isso, e eu não estava feliz com minhas apresentações. Então, isso meio que parou o trem."

No fim das contas, Adler foi demitido por e-mail. Obviamente, a demissão o deixou chateado, e ele levou tempo para se recuperar do baque:
"Foi um daqueles e-mails: 'Seus serviços não são mais necessários'. E isso foi devastador, porque realmente era - eu sentia que [a banda] era o meu bebê. Era o meu projeto. Eu dediquei minha vida a isso. Era a minha identidade.
Então, tive que dar um tempo. E, é claro, outras coisas estavam acontecendo. Na verdade, eu estava apenas tentando encontrar um propósito, tentando decidir sobre o que seria o capítulo dois. Eu sabia que queria tocar. Eu sabia que seria estúpido tentar competir com o que eu havia feito antes, porque realmente fizemos muito mais do que qualquer pessoa - inclusive nós mesmos - achava que poderíamos ter feito."

Apesar da dor causada pelo rompimento, Adler conseguiu superar as dificuldades. Hoje, parece haver paz entre ele e os ex-companheiros do Lamb of God:
"Foi devastador para mim, realmente foi. Como eu disse, eu realmente considerava esse o trabalho da minha vida. Mas eu entendo. Eu não era capaz de tocar as músicas que realmente precisávamos tocar. Eram músicas - bem, nem todas, mas havia duas ou três - que eram bastante populares, e eu entendo que isso os fazia parar. Tipo: ‘Por que não podemos tocar isso?’.
E, mais uma vez, com a minha participação no disco do Megadeth, que foi muito bem, e com a minha participação no disco do Protest the Hero [‘Volition’, de 2013], que foi muito bem, acho que as tensões estavam altas. Como os sites de metal sempre dizem, todo mundo é substituível, certo?

Então, eu levei a mal. Levei para o lado pessoal. E isso me fez entrar em uma espiral por um tempo. Mas superei esses ressentimentos e não tenho nada além de amor por eles."
Baterista técnico e preciso, Chris Adler gravou sete dos nove álbuns do Lamb of God. Entre suas performances, destacam-se aquelas registradas em músicas que se tornaram clássicos absolutos do quinteto, como "Laid to Rest", "Redneck", "Walk With Me in Hell", "Omerta", "Now You've Got Something to Die For" e "512".
Atualmente, Chris Adler integra a banda Firstborne. Curiosamente, o grupo conta com um integrante do Megadeth: o baixista James LoMenzo. A banda já possui um álbum de estúdio, e o segundo, intitulado "Lucky", tem lançamento programado para o próximo dia 18 de junho.

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