O instrumento sem o qual o rock and roll não teria nascido, segundo Quincy Jones
Por Bruce William
Postado em 04 de agosto de 2025
Entre tantas transformações vividas pela música na metade do século 20, uma mudança específica ajudou a moldar o rock and roll como o conhecemos e, na visão de Quincy Jones, foi decisiva para que tudo isso acontecesse. O lendário produtor e maestro credita a ascensão de um instrumento, muitas vezes subestimado, como o verdadeiro divisor de águas do gênero: o baixo elétrico.


Aos olhos de Quincy, a revolução não veio apenas da atitude ou da mistura de estilos, mas de uma base rítmica sólida. "Veja, o baixo elétrico mudou tudo", declarou certa vez em fala resgatada pela Far Out. "Esse instrumento foi o que mudou o gênero, não haveria rock and roll, nem Motown, nem nada sem uma seção rítmica elétrica." Segundo ele, foi essa nova espinha dorsal que possibilitou o nascimento de sonoridades mais ousadas, abrindo caminho para inovações como as de Miles Davis, Cannonball Adderley, Herbie Hancock e o próprio Quincy, que não aceitavam os limites impostos entre jazz, soul e rock.

O baixo elétrico começou a se firmar nos anos 1950, impulsionado pela popularização dos modelos criados por Leo Fender. O novo instrumento logo se tornou padrão nas gravações da Motown e das bandas de rock da época. A mudança era irreversível: a presença encorpada e a definição sonora do baixo redefiniram a música popular e serviram de base para que o gênero expandisse suas fronteiras.
Até músicos experientes como Carol Kaye, lenda da Wrecking Crew, resistiram de início. Ela admitiu que demorou a se acostumar com seu Precision Bass, que descreveu como "uma tábua com cordas". Mas não negou seu impacto: "Tinha um certo som que nenhum outro instrumento tinha", contou à Bass Player. Para ela, mesmo com suas limitações, o baixo elétrico foi essencial na preparação do terreno para uma revolução.

Para Quincy Jones, que esteve no centro de tantos momentos decisivos da música, o que realmente importava era a liberdade de experimentar. "As pessoas diziam pra gente não misturar jazz com rock - essa mentalidade míope. Isso é besteira", afirmou. E talvez tenha sido exatamente essa recusa em aceitar barreiras o que tornou possível a existência do rock and roll, com o baixo elétrico como seu motor propulsor.

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