Em "Crazy Train", Ozzy foi muito além de apenas cantar sobre um "trem maluco"
Por Bruce William
Postado em 03 de agosto de 2025
A faixa que abriu a carreira solo de Ozzy Osbourne também foi a última que ele cantou nos palcos. E nesse intervalo de 45 anos, "Crazy Train" se tornou uma das músicas mais emblemáticas do heavy metal, não só pelo riff inconfundível ou pelo refrão explosivo, mas pela mensagem que carrega, mesmo que muitos ainda a vejam apenas como um clássico sobre insanidade.
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Embora "I Don't Know" seja a faixa que abre o disco de estreia, "Blizzard of Ozz", antes dele chegar às lojas Ozzy lançou o single com "Crazy Train", cujo riff principal surgiu em meio a experimentações do guitarrista Randy Rhoads com seus pedais. Um deles gerava um som cadenciado, que lembrava o movimento de um trem. Rhoads e o baixista Bob Daisley, ambos fãs de trens em miniatura, riram e apelidaram aquilo de "crazy train". Foi ali que o título nasceu. "Randy tinha um pedal que fazia um som meio cadenciado, como o de um trem, mesmo quando não estava sendo usado", contou Daisley. "Eu disse: 'Randy, isso parece um trem, ou melhor, parece um trem louco.'"
Mas o tema da música era outro. Escrita em plena Guerra Fria, "Crazy Train" usou essa imagem como metáfora para o mundo caminhando em direção ao colapso. Versos como "Millions of people living as foes" ("Milhões de pessoas vivendo como inimigos") e "Heirs of the Cold War, that's what we've become" ("Herdeiros da Guerra Fria, foi isso que nos tornamos") escancaravam a paranoia nuclear, o medo do confronto final e a sensação de que a humanidade havia saído dos trilhos. No refrão, "I'm going off the rails on a crazy train" ("Estou saindo dos trilhos em um trem maluco"), Ozzy misturava o desespero coletivo da época com uma angústia pessoal mais profunda.
Segundo o site letras.mus.br, a letra ainda critica a manipulação da mídia e a perda da empatia em um mundo tomado pelo medo: "The media sells it and you live the role" ("A mídia vende isso e você vive o papel") e "Maybe it's not too late to learn how to love and forget how to hate" ("Talvez ainda não seja tarde para aprender a amar e esquecer como odiar") são alguns dos versos que mostram a tentativa de resistência emocional diante do caos. O trem pode ser "maluco", mas a insanidade ali é real, e vem de fora para dentro.
Composta por Ozzy, Rhoads e Daisley, a música também representa um marco de liberdade, pontua a Songfacts. Era o primeiro single após sua saída conturbada do Black Sabbath, onde foi retratado como um fardo autodestrutivo. Com "Crazy Train", Ozzy não só provou que podia seguir em frente, como redefiniu sua própria identidade. Ainda que o projeto Blizzard of Ozz fosse concebido como uma banda, a gravadora o moldou como uma empreitada solo, apagando gradualmente os nomes de Rhoads, Daisley e Kerslake das capas e créditos.
Ao longo dos anos, a faixa ganhou novas camadas de significado. E no dia 5 de julho de 2025, em Birmingham, ela ganhou também um peso definitivo. Ozzy, sentado por conta do avanço do Parkinson, encerrou seu último show solo com "Crazy Train", uma apresentação emocional que antecedeu a reunião com o Black Sabbath no festival "Back to the Beginning". Duas semanas depois, ele morreria aos 76 anos. Foi a última música que cantou como artista solo. E, de certa forma, a que melhor resume sua trajetória: confusão, resistência, e um grito de insanidade que virou símbolo de força.
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