A canção que Robert Plant odeia, mas sabe que vai ser lembrado por ela
Por Bruce William
Postado em 17 de setembro de 2025
Quando o Led Zeppelin lançou "Stairway to Heaven" em 1971, dentro do álbum "Led Zeppelin IV", a banda talvez não tivesse noção que estava prestes a assinar um dos capítulos mais duradouros da história do rock. A música nunca saiu como single, mas isso não a impediu de se tornar onipresente em rádios de rock FM, trilhas sonoras e no imaginário coletivo. Ao lado de riffs como "Smoke on the Water" e "Whole Lotta Love", ela ajudou a definir a identidade da música pesada dos anos 70.
Robert Plant, porém, nunca pareceu confortável com esse papel. Desde os anos 80 ele já demonstrava certo incômodo, chegando a classificar a faixa como "chata" em entrevistas. Para o vocalista, a magia de "Stairway to Heaven" ficou para trás junto com a época em que foi concebida. Ele mesmo disse que não sente prazer em cantá-la ao vivo, e por isso raramente a incluiu em seus repertórios solo. O que para milhões é uma obra-prima, para Plant acabou se tornando um fardo inevitável.


Ainda assim, ele nunca negou a importância que a faixa tem para a história do Led Zeppelin. Plant reconhece que foi a canção que consolidou a banda em um patamar inalcançável, um verdadeiro ponto de virada. "É uma canção muito importante para mim por causa de onde eu estava naquele momento e de onde eu estava com Jimmy [Page], com John [Paul Jones] e com Bonzo [John Bonham]", disse para a Rolling Stone. E ele já afirmou que entende por que fãs continuam a vê-la como um hino, mesmo que, em suas palavras, não seja algo que o emocione mais. Esse contraste cria a relação paradoxal: é a música que o consagrou, mas também a que o aprisiona.

Jimmy Page, por outro lado, sempre defendeu a faixa, lembrando o quanto ela representava a fusão de todas as ideias que o Zeppelin vinha explorando até então - folk, blues e hard rock. Talvez por isso Plant se sinta ainda mais pressionado: o guitarrista a vê como uma obra definitiva, enquanto o vocalista enxerga apenas o peso de ter que reproduzi-la eternamente.
Ao longo dos anos, esse conflito só cresceu, relembra a Far Out. Plant até ironizou o assunto em algumas ocasiões, deixando claro que preferiria ser lembrado por outras músicas, mas ao mesmo tempo sabendo que isso é impossível. "Stairway to Heaven" se tornou maior que qualquer membro do Zeppelin e passou a viver por conta própria, como se fosse um monumento imutável da cultura rock.

No fim das contas, o vocalista pode até odiar a ideia de ser lembrado sempre por uma mesma canção, mas não há escapatória. "Stairway to Heaven" é o elo inevitável entre Robert Plant e a eternidade do rock. Ele sabe disso, e talvez aí esteja a contradição que torna essa história ainda mais marcante: a música que ele evita cantar é justamente aquela que nunca deixará de cantar por ele.

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