O significado de "somos do interior do milho" em "Uma Brasileira" dos Paralamas
Por Gustavo Maiato
Postado em 10 de outubro de 2025
Lançada em 1995 no álbum "Vamo Batê Lata", a faixa "Uma Brasileiras", dos Paralamas do Sucesso, é um dos exemplos mais curiosos e inventivos da parceria entre Herbert Vianna e Carlinhos Brown. O disco marcou um momento de renovação criativa da banda, que vinha explorando novas sonoridades após o sucesso de "Severino" (1994), e abriu espaço para experimentações rítmicas e poéticas. A canção mistura pop, percussão baiana e letras repletas de imagens abstratas - entre elas, o verso que intriga fãs há anos: "somos do interior do milho".
A origem dessa frase insólita está em uma viagem de Herbert à Bahia, em 1994. Segundo contou o youtuber Júlio Ettore em vídeo publicado em seu canal, o encontro entre o vocalista dos Paralamas e Carlinhos Brown ocorreu em uma rua de Salvador. Brown, munido de um violão, começou a criar uma melodia improvisada - e a letra surgiu espontaneamente, ainda sem sentido definido. "Ele colocava fonemas, sons, experimentando o que soava bem", explicou Ettore. "O que mais impressionava é que, mesmo sem letra, tudo parecia fazer sentido: a levada, a melodia e esses fonemas."
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Esse estilo de composição ficou conhecido como "novilíngua de Brown", termo que o próprio Herbert citaria mais tarde na música Vamos Bater Lata. Trata-se de uma forma livre de escrever, em que o som das palavras é mais importante que o significado literal. Foi nesse espírito que nasceu o verso "somos do interior do milho". Como explicou Herbert em conversa registrada por Ettore, a criação era pura liberdade: "Eu falei: PQP, que genialidade, que liberdade mental de escrever absurdos e aquilo fazer um sentido poético".

Já de acordo com o site Letras.mus.br, a letra de "As Brasileiras" utiliza "imagens simples e diretas para transmitir alegria e espontaneidade", brincando com sons e palavras do português brasileiro. Assim, "somos do interior do milho" e "esse ão de são" evocam raízes rurais, o sotaque brasileiro e a musicalidade da fala popular. Já expressões como "tatibitate / trate-me, trate / como um candeeiro" adicionam um toque lúdico e afetuoso, remetendo à simplicidade cotidiana e à luz das pequenas coisas.


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