O guitarrista clássico "incrível" que Eddie Vedder colocou no mesmo nível de Jimmy Page
Por Bruce William
Postado em 10 de outubro de 2025
O Pearl Jam nasceu com selo "grunge", mas a coleção de discos da banda sempre foi mais vasta do que o rótulo permite. Em cada fase, dava pra ouvir ecos dos álbuns que fizeram aqueles moleques pegarem guitarra e baquetas: muito classic rock, um tanto de punk, e um carinho especial pelos shows ao vivo que viram rito.
Nesse caldeirão, Mike McCready é a válvula de escape. Em alguns discos ele ficou contido, quase como se a banda tivesse vergonha de abrigar um cara capaz de solos à la Hendrix. Mas, quando o espaço aparece, é ele quem puxa a canção para um lugar maior - pense em "Nothing As It Seems" e naquelas alavancas que parecem dobrar o tempo.


Entre as referências declaradas (Gilmour incluso), há um nome que sempre aparece: Peter Frampton. Não só pelos solos, mas pela capacidade de construir clima e contar história em faixas longas, inclusive o "Frampton Comes Alive!" virou manual de como segurar uma plateia por muitos minutos sem a música perder o fôlego.
Eddie Vedder já contou isso no microfone, antes de chamar Frampton ao palco. Durante conversa com a Louder (via Far Out), ele apresentou assim: "Esse cara era alguém que a gente admirava antes dos Ramones. Alguns dos nossos primeiros heróis da guitarra - como Jimmy Page e Pete Townshend - ele estava lá em cima, no mesmo nível. 'Frampton Comes Alive!' foi uma das razões pelas quais a gente amou discos ao vivo e, depois, decidiu lançar bootlegs por influência dele. E, além de tudo, ele é uma pessoa incrível."

Repare no peso dessa fala: Vedder não está só elogiando; está nivelando. Quando ele diz que Frampton "estava lá em cima, no mesmo nível" de Page e Townshend, crava um lugar no panteão, ou seja, o tipo de reconhecimento que não nasce de virtuosismo exibido, mas de efeito: timbre que fala, frase que respira, canção que cresce no palco.
Faz sentido no universo do Pearl Jam. A banda nunca dependeu de "firula" de guitarra, e sim de mood, de como o arranjo transforma o ambiente. Nesse ponto, Frampton foi bússola: mostrou que a guitarra pode conduzir um estádio sem atropelar a música, algo que McCready aprendeu muito bem.
No fim das contas, dá pra resumir assim: se Page é a avalanche e Townshend é a marreta rítmica, Frampton é a narrativa que mantém a chama acesa por 17 minutos. E foi por isso que Eddie Vedder o colocou ombro a ombro com seus deuses pessoais, e ainda carimbou: "uma pessoa incrível".

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