No More Death: não há mais morte, mas ainda há muito thrash metal
Por Mateus Ribeiro
Postado em 24 de agosto de 2025
Se você acompanhou o cenário do metal brasileiro no início deste século, é bem provável que tenha cruzado com o nome Mad Dragzter. Formado no fim dos anos 1990, o grupo ganhou destaque com seu thrash metal agressivo, veloz e repleto de energia — marca registrada que o tornou referência no underground nacional.
A potência sonora da banda rendeu dois álbuns que deixaram sua marca: "Strong Mind" (2003) e "Killing the Devil Inside" (2006). Após um período de pausa, o grupo retornou na década seguinte com "Master of Space and Time" (2015), disco conceitual com temática cristã.
Hoje, o Mad Dragzter faz parte da história — mas sua essência permanece viva através de Tiago Torres, guitarrista, vocalista e compositor. À frente do novo projeto No More Death, o músico mostra que sua paixão pelo thrash continua intacta. O álbum de estreia, "The Death is Dead", lançado em agosto deste ano, reúne oito faixas incendiárias, com riffs cortantes e grooves certeiros.

Tiago conversou com este redator e falou sobre o novo trabalho, as inspirações e os rumos de sua trajetória musical. Confira os destaques do bate-papo a seguir.

Conte-nos sua trajetória musical. Quando o metal entrou na sua vida e o que o motivou a formar uma banda?
Oficialmente o metal entrou na minha vida quando ouvi "Still Loving You", do Scorpions, em um disco de uma novela que estava tocando na minha casa. Eu devia ter 10 ou 11 anos, eu acho. Aquele som de guitarra mudou minha vida! Foi um amor imediato! Depois disso, descobrir as bandas foi uma jornada, até chegar no thrash! Ouvi o "Kill’em All" do Metallica e me apaixonei! Em meados de 1997 comecei a pensar em montar uma banda! O que aconteceu efetivamente em 1998, nos primórdios do Mad Dragzter, ainda chamado Dragster.

Explique como surgiu o No More Death. O que o inspirou a criar esse novo projeto?
"Depois do encerramento do MD em 2015, sempre tive idéia de em algum momento voltar a compor, tocar e gravar. Essa possibilidade apareceu em meados de 2024. Usei algumas idéias antigas e outras novas e saiu o ‘The Death is Dead’. O nome da banda já tinha sido pensado em 2019. E guardado com carinho para o tempo certo!"
Qual é o significado por trás do nome "No More Death"?
Foi retirado da passagem de Apocalipse 21:4. Onde existe a promessa de uma nova era, eterna, onde a morte não existirá mais!
A sigla NMD seria uma referência direta a "Next Mad Dragzter"? É uma homenagem ou apenas coincidência?
Ahahahahaha. Eu até pensava em ‘New Mad Dragzter’... Mas brincadeiras à parte, foi apenas coincidência. Amo tudo que fiz e vivi no MD! Os amigos que fiz, os discos que gravei, os lugares que toquei! Mas o No More Death é minha banda agora e sigo olhando para frente! Como uma locomotiva, que não pode parar!!!

Fale sobre o sentido conceitual de "The Death Is Dead". Qual mensagem o álbum pretende transmitir?
A morte nessa era é a única certeza que temos na vida! Todos vamos morrer! Por mais rica ou famosa que a pessoa seja, em algum momento ela vai morrer! Então o álbum conta como na verdade a morte foi vencida e ela está ‘morta’. Isso já aconteceu! Ela já perdeu! No álbum conto quem matou, e como e quando ela foi ‘morta’!
Quais foram as principais influências musicais durante a criação deste trabalho?
Eu ouço as mesmas coisas há trocentos anos, ahahahahaha. E claro que minhas bandas de coração, Metallica, Slayer, Exodus, Testament e Sepultura vão estar presentes em qualquer coisa que eu fizer. Mas nesse período pós ‘Master...’, o último disco do MD, acho que realmente o que mais ouvi e mais me influenciou foi o Slayer clássico! E isso ‘respingou’ no álbum, como a maioria dos reviews já tem falado!

Como tem sido o retorno do público ao seu novo projeto?
Realmente espetacular! Para uma banda do tamanho de um grão de areia, que acabou de chegar, acho que temos conseguido tocar muitos corações. E esse é o propósito do No More Death. Tocar corações!
Há planos de shows ou turnê com o No More Death? Surgiram convites ou oportunidades de levar a banda aos palcos?
Em algum momento sim. Já surgiram bons convites. No Brasil e na gringa. Mas o disco acabou de sair e na hora certa vamos encontrar os integrantes certos para colocar a sonzeira ao vivo! Thrash ao vivo é emocionante. Estou com muita saudade dos palcos, da energia, da emoção. Tocar thrash ao vivo é o ápice!!!

Quais são suas faixas favoritas do álbum e por quê?
É a mesma coisa que você perguntar para um pai qual filho ele ama mais! Ahahahahahah. Amo todas igualmente!
Você é um amante dos riffs. Consegue destacar seus cinco preferidos nesse disco?
Olha, é mais ou menos como a pergunta acima, porque escolhi os riffs a dedo! Fui muito chato na escolha! E tem de tudo! Palhetando para baixo sem parar na velocidade da luz, cavalgado, melódico! Tem para todos os gostos! Riff é a base do thrash! Componho sempre a partir do riff!!!
Como vem sendo o processo de composição após o lançamento do álbum? Há novas músicas em andamento?
Sim! Na verdade o "The Death is Dead" é o primeiro capítulo de uma série de discos que virão a seguir e continuarão a contar essa grande história! Todos serão interligados! O segundo capítulo está bem encaminhado, muita coisa composta, praticamente todos os riffs! Se tudo der certo sai em 2026! Porrada na oreia!!!

O No More Death aborda temáticas religiosas. Já enfrentou reações negativas por isso?
Como estou na cena há muitos anos, conheço todo mundo! E mais, respeito todo mundo! Se você respeita todo mundo, a tendência é que também seja respeitado! Outra coisa, é que tenho recebido muitos elogios da galera metal em geral pela maneira e abordagem que tenho falado desses assuntos! Muita gente, por exemplo, nunca tinha lido a passagem de onde o nome da banda foi tirado. Nem sabia que isso foi escrito, falado, prometido. Então, no final das contas, a banda e o disco tem feito muita gente refletir e descobrir um mundo novo! Fico feliz de participar disso!
Se fosse levar 10 discos para uma ilha deserta, quais escolheria e por quê?
Essa é difícil hein! Mas vamos lá (não está na ordem de importância, ou melhor/pior):
"Master of Puppets" - Metallica: Melhor disco de música já feito de todos os tempos!

"Jesus Alegria dos Homens" - Bach: Não é um álbum, mas é a música mais maravilhosa já composta por um ser humano em toda a história!
Trilha sonora de "Tron Legacy" - Daft Punk: Melhor trilha sonora de um filme da história, ouço de ponta a ponta e coloco no repeat!
"Seasons in the Abyss" - Slayer: Minha segunda banda do coração. Álbum do Slayer que mais ouvi, mais musical, memória afetiva imensa com esse disco!
"Another Lesson in Violence" - Exodus: Um dos dois melhores álbuns ao vivo de todos os tempos. Amo Exodus! Holt/Hunolt/Hunting nesse play simplesmente destroem o universo!
"RDP Ao Vivo" - Ratos de Porão: Maravilhoso! O outro melhor álbum ao vivo de todos os tempos! Ratos destrói nesse disco, Gordo arrebenta! Amo esse álbum!

"Sonic Temple’ - The Cult: Minha banda preferida de rock desde sempre! Disco matador! Refrões maravilhosos! Grande influência para mim nas melodias e linhas de voz!
"Somewhere in Time" - Iron Maiden: Melhor disco do Iron Maiden na minha opinião. E "Wasted Years" é a melhor música do Maiden. Ouvi esse disco um zilhão de vezes e ele continua maravilhoso mesmo com quase 40 anos!
"Recollection: The Best of Concrete Blonde" - Concrete Blonde: Só tenho uma palavra para falar sobre esse disco, PERFEIÇÃO!
"The Death is Dead" - No More Death: Por que será? Ahahahahahah.
Para encerrar, deixe uma mensagem para nossos leitores e fãs que acompanham sua trajetória.
A MORTE ESTÁ MORTA!

"The Death is Dead" pode ser ouvido via Spotify. Para mais informações sobre o No More Death, acesse o perfil da banda no Instagram.

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