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Gstruds: a velha psicótica está à solta!

Por Leonardo M. Brauna
Postado em 05 de abril de 2014

Depois do seu encerramento em 1996, o Gstruds retornou às atividades em 2004 com sua formação quase clássica. Em 2005 lançaram a demo ‘Brutal Comic Metal’, mas só em 2013 saiu o CD oficial, isso com outra reformulação na formação. O álbum ‘Only Tia Gertrudes Is Real’ foi aprovado pelos fãs, e depois de sua divulgação nos principais blogs da internet, e revistas especializadas do Brasil, o número de seguidores tem aumentado cada vez mais. Quem conta o histórico desse sucesso é o vocalista Luiz Lemos, confira!

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Da formação de 2005, apenas você restou para o lançamento de ‘Only Tia Gertrudes Is Real’ Que tipo de percalço ocasionou toda essa mudança?

Luiz Lemos: Bom, muitas mudanças na Gs aconteceram, nossa primeira baixa na época foi o Joseph que após a gravação de Brutal Comic Metal preferiu enveredar por outros caminhos fora do Metal, nisso entrou o André "Mingal" (ex-baixista) que até passou um bom tempo conosco divulgando a demo, mas também saiu amigavelmente e entrou o Carlinhos que está conosco até hoje, depois quem saiu foi o Marquinho um dos fundares da Gs –, eu, estrategicamente já tinha convidado o Paulo Henrique para segunda guitarra que de pronto assumiu a responsa sozinho, e pra minha surpresa foi uma troca excelente, pois além de fazer ótimos solos, ele também é bom na composição de músicas a exemplo de ‘Terror No Beco Da poeira’. Nesse momento quem estava na batera era o Rômulo (Gorewar, Agony, Love Gun), mas teve que sair, pois achávamos que ele tocava em bandas demais, queríamos alguém focado somente na Gs principalmente por causa do projeto do CD. Depois de várias trocas de bateristas, Acácio respondeu a um anúncio nosso e retomamos as gravações do álbum.

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O seu interesse por filmes de horror pode ter o influenciado na construção de letras como, Terror No Beco Da Poeira e ‘Churrasco Dos Vermes’? As estórias contidas nessas canções, não é o que podemos chamar de "engraçadas".

Luiz: É verdade, sou muito fã de filmes de terror, suspense, e foi coisas do gênero assustador que me influenciou a criar essas letras, por exemplo, a Churrasco Dos Vermes foi na época em que eu lia pra caramba Augusto dos Anjos, se você debulhar a letra é notório a metáfora do apodrecimento de um cadáver – já a nova Terror No Beco Da Poeira imaginei um dia de fúria de um cara comum naquele emaranhado de quiosques entupidos de gente (N.E.: "Beco da Poeira" é um conjunto de boxes populares amarrotados de vendedores e clientes, situado no centro de Fortaleza, tem dias que o lugar se torna um pandemônio). Já passei por isso uma vez, dai a letra surgiu.

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‘Puta Purulenta’ abre o CD e essa sim já chega trazendo a proposta cômica das músicas. O cenário que você escolheu para falar nessa letra é ou foi do cotidiano de alguém que você conhece?

Luiz: Bom, além de falarmos de humor negro e filmes de terror, também damos espaço para coisas do cotidiano, claro com tempero que só é característico na Gs, e um dos bons exemplos é esse que você citou, Puta Purulenta é basicamente inspirada numa aventura de um membro da banda que não posso relevar o nome (risos), mas posso dizer que foi bem parecido e, claro, dei uma aumentada na letra. Histórias para as letras da banda não faltam, até porque sempre acontecem fatos toscos a todo o momento até com agente (muitos risos).

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Também é o caso de ‘Retroboy’, que foi inspirada no comportamento de um amigo da banda?

Luiz: Cara, a Retroboy na verdade foi criada como uma homenagem aos pseudo rockeiros criados pela internet, falo de algumas pessoas – principalmente – da geração que nasceu nos anos noventa. Também foi uma homenagem a um amigo e primo do guitarrista Paulo que me inspirou a criar uma versão bem cômica disso tudo. Cada show gringo que a "figura" ia, comprava tudo da banda, mas antes ouvia toda discografia baixada pra saber como era o som dela (risos), basicamente isso.

Mas você não acha que a internet também ajuda a formar mais público para as bandas? Como você vê a importância desse recurso dentro do cenário atual?

Luiz: Com certeza, hoje a internet deu uma alavancada em muita coisa para as bandas, ela estreitou contatos, aumentou divulgações em vários canais, não só para as bandas underground, mas para as grandes também. Hoje ela é bem importante e favorável para quem sabe usar a seu favor e, claro, somos uma banda exemplo disso, como disse no inicio, em 2005 a internet nos ajudou na divulgação da demo Brutal Comic... e a sermos um pouco mais conhecidos no Brasil.

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Algumas músicas do CD ainda são de autoria do principal membro fundador, Odilon Ricardo, mas ele não se reuniu com a banda em 2004...

Luiz: Cara, na realidade só tem uma música dele que é a ‘Ataque Das Borboletas Canibais’ e uma pequena co-autoria em ‘Velma, A Barata Zumbi’. As músicas antigas são do Marquinho, as novas são dos membros atuais e todas as letras do álbum são minhas, como frisa no encarte do CD.

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Várias influências sonoras permeiam ao som do Gstruds. Pode comentar um pouco sobre elas?

Luiz: Influências são diversas, eu pessoalmente curto quase todas as vertentes do Heavy Metal, claro que sou mais atraído pelo Death Metal, Thrash Metal e Hardcore, bandas como Obituary, Death, Kreator, Testament, Ratos de porão, DFC, Gangrena Gasosa, Headhunter D.C e outras maravilhas que se for citar não vou parar (risos). Já o restante da banda, tem gostos bem parecidos, por isso que nós entramos bem em sintonia nas composições atualmente.

Enquanto aos convidados que estão no CD, como foram feitas as escolhas?

Luiz: As escolhas foram aparecendo conforme as músicas iam se moldando, uma idéia tanto minha como do André Noronha (produtor do álbum). A Churrasco Dos Vermes ficou mais ou menos pronta, mas eu sempre quis uma linha de vocal gutural mais forte na estrofe final, algo bem marcante como a música se define na letra, e pensei de cara no Felipe Ferreira (Clamus) que é muito amigo da gente, e como ele tinha terminado de gravar no mesmo estúdio, o convidamos para participar em nossa música que topou de boa, foi a mesma coisa com os outros convidados: Wolney Mendes (Betrayal) com seu vocal rasgadão e do próprio André no solo de Terror No Beco Da Poeira.

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Tiago Amora faz uma ótima sátira à capa de Killers (Iron Maiden) usando a célebre "tia Gertrudes" no lugar de Eddie, e no encarte ainda cria temas ilustrativos para as letras. Como se deu o contato com esse artista?

Luiz: Sou desenhista também, conheci o Tiago, pois temos coisas em comum, como ‘cartoon’, zines, quadrinhos e, claro, som pesado. De cara ficamos amigos, daí fui conhecendo o seu trabalho e curti demais os seus traços que lembra Marcatti, cartunista das capas do Ratos de Porão – que somos muito fãs. Toda a idéia da arte gráfica foi minha, desde a capa central, verso e conteúdo de dentro, o lance de lembrar o Killers é que sou Maiden maníaco, sempre nas capas faço algo que lembre o Maiden, está aí a idéia da tia velha psicótica – passava pra ele alguns rascunhos, ele ia mandando os esboços e eu pirando nas artes, a parte de dentro quis diagramar como o encarte do Gangrena Gasosa no disco ‘Smells Like A Tenda Espirita’ onde cada letra é seguida de um desenho com algo a ver com a música. Dei-lhe total liberdade, até porque pensamos bem parecidos e saiu muito legal, bem a cara do Gstruds e toda a banda aprovou.

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O produto final não poderia sair de outro jeito, se não um ótimo trabalho das partes envolvidas. Pelo que consta, a primeira tiragem do CD se esgotou rápido.

Luiz: Essa primeira tiragem foi repartida igualmente para os cinco selos e outra parte ficou com agente, posso dizer que alguns selos já não têm mais, ainda tenho alguma demanda que faço trocas e deixo pra vender na ‘fan page’ da banda e para outros contatos, mas são poucos, quando acabar, quem não pegou, não pega mais.

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Então você está nos dizendo que não vai haver uma segunda prensagem?

Luiz: Só se tiver interesse de algum dos cinco selos em relançar, mais até agora foi só essa primeira tiragem mesmo.

Enquanto ao futuro da banda, mais composições estão a caminho? O que lhe ajuda mais na inspiração dos temas?

Luiz: Estamos sim compondo sons novos e pode ter certeza, bem ácidos e pesados, já estamos tirando nos ensaios. E o que me inspira sempre para as letras do Gs ainda é o que eu assisto, leio e ouço, como disse no inicio tem muito terror, ficção, quadrinhos que jogo para as coisas do cotidiano, acho que tudo que fazemos sempre vai ter seu lado sombrio e hilário, seja o que for é isso que me impulsiona a escrever sempre essas letras.

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No palco, a banda também procura manter o bom humor apesar da violência do som, e isso tem surtido efeitos impressionantes nos shows. Você acha que o banger de hoje está menos radical, ou o público do Gs é muito peculiar?

Luiz: Na verdade sempre adoto uma postura no palco mais carismática e interativa. Desde muito jovem escuto Metal e quando conheci o Iron Maiden, vendo o Bruce Dickinson se mexendo, conversando com seu público, dizia pra mim mesmo que se fosse ter uma banda eu seria daquela maneira, iria cativar a todos que fossem aos shows com o som e com minha performance, porque aquelas pessoas todas de preto, algumas usando camisas da minha banda estariam ali para nos ver e, com certeza, teriam um show do caralho se depender de mim. O radicalismo sempre vai existir mesmo com toda a informação imediata que temos com a internet, isso é fato, já passamos por isso, como ser chamados de "som estilo Massacration" ou que nossas letras são infantis, mas como eu disse, mesmo com toda a estrutura que a internet nos dá ainda existe a falta de informação e comunicação, e eu nesse aspecto sou maduro o suficiente pra ouvir críticas construtivas ou não. Hoje o público do Gstruds é uma moçada que conhece bem o nosso trabalho, sabe que é sério, original, de essência pesada e com muito humor negro, se não tivéssemos isso, seriamos apenas mais uma banda de Metal, Concorda? Esse é nosso diferencial, os fãs de ontem conheceram, os de hoje reconhecem e os do futuro, quem sabe, vão reconhecer também, (risos).

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Falando em Massacration, quais os pontos principais que distingue a música do Gstruds a dos fluminenses, além da sonoridade, é claro?

Luiz: O Massacration não foi criado com intuito de ser uma banda de Metal e sim de uma sátira ao Heavy Metal Melódico no programa "Hermes e Renato" da "MTV". Um lance que pegou por um tempo mais como comédia escrachada. O Gstruds foi criado e existe até hoje como uma banda de Thrash/Death Metal com pitadas de Hardcore, influenciadas por Ratos de Porão, DFC, Garotos Podres, Gangrena Gasosa – nos temas líricos – claro com um toque meu para dar nossa originalidade. Em resumo, pegar um CD deles e o nosso, ao ouvir, vai sentir claramente que nós somos uma banda de Heavy Metal real.

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Obrigado pela entrevista e esteja à vontade para falar aos fãs da Gstruds.

Luiz: Em nome do Gstruds, agradeço à oportunidade, valeu mesmo pela força e pela entrevista, foi foda e prazeroso, sem falsa modéstia uma das melhores que já fiz! E dizer para todos que seguem o trabalho da "Tia Velha" que estamos muito ativos, agradecer às pessoas que estão por perto e longe da gente, e que nos dão força divulgando o Gs por aí, como o "Lord Beowulf" Silvio Cesar, Alessandro Reinaldo (Esporro Sonoro), Júnior "Terrorcult", Mário Carvalho (Tenebrarum Records), Nilberto Borges (Metal Island), Emydio Filho (Gallery Productions), Marcelo "MVCS", Thony Ferreira (Underground Brasil), ao Blog Som Extremo e uma reca de bangers fodões que batem muita cabeça nos nossos shows. Estamos juntos e "Brutal na véia" sempre!

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Sobre Leonardo M. Brauna

Leonardo M. Brauna é cearense de Maracanaú e desde adolescente vive a cultura do Rock/Metal. Além do Whiplash, o redator escreve para a revista Roadie Crew e é assessor de imprensa da Roadie Metal. A sua dedicação se define na busca constante por boas novidades e tesouros ainda obscuros.
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