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Blind Guardian: entrevista com Thomen Stauch para o BGBrasil

Por Marlon Prudente
Fonte: Blind Guardian Brasil
Postado em 24 de dezembro de 2013

Blind Guardian Brasil: Thomen, eu quis fazer algo que todos aqui no Brasil pudesse participar, então deixei aberto algumas perguntas que os seus fãs aqui do Brasil gostariam muito de saber, eles enviaram as perguntas para mim, e eu completei a nossa entrevista com elas e com o nome de seus autores. Primeiramente quero agradecer a oportunidade de estar fazendo essa entrevista contigo, para mim é uma grande honra e é a realização de um sonho estar fazendo ela agora, obrigado.

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Thomen: Por nada ! Obrigado a você! È bom saber que ainda gente no Brasil que curte minhas atividades. Vocês são demais! :-)

Blind Guardian Brasil: Agora vamos à entrevista; Primeiramente, gostaria de perguntar sobre a sua carreira, se está feliz com o seu trabalho atual e sua carreira pós Blind Guardian.

Thomen: Eu diria que tenho duas respostas:

1.) É bom poder fazer o que quiser, apesar de nunca ter intencionado deixar pra trás os bons tempos com o Blind Guardian! Tivemos momentos bons, divertidos, estressantes, mas de sucesso e acima de tudo momentos que me deram grande experiência como musico e como baterista. Todo meu conhecimento sobre música veio quando comecei a tocar bateria, desenvolvido ao longo de 20 anos de carreira como baterista e membro fundador do Blind Guardian. Tivemos bons e maus momentos, turnês de sucesso e grandes álbuns. Não há o que falar de minha carreira nesse período. A decisão de abandonar a banda antes do lançamento de ‘A Twist in the Myth’ foi naquele momento a coisa certa para mim e para a banda, porque passávamos por diferenças profissionais e pessoais. Tenho que admitir que mais tarde com o lançamento de At the Edge of time eu teria ficado feliz em participar novamente, mas a direção musical por parte da ATITM não era a que eu preferiria apesar de não ser a única razão de minha saída, houve muitas razões que me levaram à decisão de deixar o grupo. Triste, mas sensato e necessário naquele momento.

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2.) Claro que não é fácil para mim reconhecer o quanto é difícil começar uma nova carreira com uma nova banda. Muitas coisas mudaram na cena musical desde então. Muitas bandas lançam seus trabalhos de forma independente, já que a maior parte dos selos não quer mais assumir os riscos de investir na carreira de uma banda com o possível atraso de retorno financeiro. A maior parte não investe nada mesmo! Os maiores selos contratam bandas que foram bem sucedidas em selos menores, que não tem tanto dinheiro como os selos maiores, mas que assumiram os riscos... Se as bandas alcançam certo nível de sucesso os selos maiores as incorporam para que o negócio seja lucrativo e de rápido retorno para a empresa. Isso é realmente chato. O que mais ouço de bandas novas talentosas é que os selos oferecem cada vez mais contratos de 360 graus o que significa que os selos exigem uma parte de tudo aquilo ganho pelas bandas, sejam shows, marketing ou qualquer outra fonte! Realmente não posso, não irei aceitar isso! Não tem como! Prefiro trabalhar com manutenção de telhados de novo antes de assinar um contrato desse tipo que só teria sentido, em minha humilde opinião, se fosse para alimentar outras bocas, além de valorizar o trabalho mental e braçal da banda, que provavelmente levou meses ou anos para concluí-lo. Essa situação provavelmente não irá mudar até que as bandas parem de assinar qualquer pedaço de papel que diga: contrato entre "..."&"..." só para mais tarde dizerem: finalmente assinamos um contrato com "..." Queridos amigos e bandas, por favor tenham cuidado e pensem duas vezes sobre o que assinar ou não! É melhor consultar um advogado com conhecimento sobre leis contratuais antes de assinar qualquer coisa. O valor pago ao advogado será muito menor que a quantidade perdida com um contrato de banda. ;-)

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Blind Guardian Brasil: Gostaria de saber se hoje você ainda conversa bastante com o Hansi, Andre e Marcus, se continuam em contato, se costumam sair.

Thomen: Claro, ainda temos um bom relacionamento! Uma vez ou outra visito os caras no estúdio para uma conversa rápida e algumas xícaras de café. Lógico, não é mais a mesma coisa como era quando ainda tocávamos juntos, mas é como encontrar velhos amigos para conversar sobre o passado e o futuro. Se Charlie Bauerfeind esta lá deixo ele longe do seu trabalho porque eu falo, falo. Falo, hahahahah ! :-D Mas sair para uma cerveja por exemplo, seria demais. Já estamos velhos! Não, estou brincando, não é bem assim, mesmo quando eu ainda estava na banda não saíamos muito, já que todos tínhamos nossas vidas particulares. Seria muito simples passar o resto do tempo com os membros da banda. Não esqueça que periodicamente estávamos no estúdio e por quase 2 anos em turnê, para cada álbum! Isso já era mais que suficiente!

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Pergunta de Gustavo Cursino: Thomen, como surgiu a idéia de montar o Savage Circus, gostaria de saber um pouco mais, pois sou um grande fã, e é uma banda que eu admiro muito.

Thomen: Eu curti muito, velhos amigos, Jens e Emil do Persuader e um novo guitarrista, Thorsten ‘Toto’ Hain (que substituiu Piet na guitarra) trabalhando juntos de novo comigo no Savage Circus! Toto e eu trabalhamos duro em material para as novas músicas, enquanto Jens e Emil ainda trabalhavam em lançamento do Persuader. Esse trabalho levou muito tempo, mas está quase pronto, e eles podem se concentrar mais no Savage Circus. Entretanto nossas vidas mudaram de muitas maneiras desde o lançamento do Savage Circus em 2006. Alguns de nós temos um emprego normal paralelo às nossas atividades musicais que possa alimentar nossas famílias. É obvio que isso demanda muito tempo das nossas atividades musicais e além desses empregos normais, nossas famílias também precisam de um mínimo de atenção. Não é fácil combinar todas essas atividades e essa é a razão pela qual o Savage Circus ainda está trabalhando no material de seu terceiro trabalho e ainda vai levar um bom tempo. Eu por minha vez, não acredito em um lançamento antes do outono/inverno de 2014 (segundo semestre de 2014, nota do tradutor). Sabemos que nossos fãs estão ansiosos por um novo trabalho, mas eu penso que é melhor um lançamento mais tarde com grandes músicas que lançar agora com canções ruins. Sobre as músicas, ainda estamos trabalhando nas letras, mas duas delas podem ser ‘Black as the Forest’ uma balada bem triste e depressiva e uma rápida e muito melódica chamada ‘The everlasting Circle’ que provavelmente pode ser o titulo do álbum. No geral temos uma música pronta totalmente e mais duas quase prontas e trabalhando em 4 ou 5 outras que precisam ainda de muita atenção.

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Pergunta de Paula Nindë: Thomen, qual foi a melhor realização da sua vida dentro da música até o momento? Gostaria de saber também, se o fato de você ter feito parte de uma grande banda como o Blind Guardian faz as pessoas esperarem que você sempre fale a respeito do que eles estão fazendo, se esperam que você sempre dê alguma opinião.

Thomen: Minha maior realização certamente foi ter tocado com o Blind Guardian e ter feito um trabalho com os antigos companheiros que tornou o Blind o sucesso que é hoje em dia. Tocamos em festivais como o Wacken Open Air para quase 70.000 pessoas e constantemente esgotávamos shows e turnês desde o lançamento de ‘Imaginations from the other side’. Em 1992 alcançamos mais status no Japão que na Alemanha. ‘Somewhere far beyond’ alcançou o primeiro lugar nas paradas japonesas e a tour (que assumimos para o Black Sabbath por terem que cancelar seus shows) esgotou. Tocamos em alguns dos maiores teatros do Japão, como o NHK & Koseinenkin Hall (onde o Judas Priest gravou seu álbum Unleashed in the East) naquele tempo o Judas Priest era minha banda favorita e o Unleashed meu álbum favorito deles. Agora você imagina que tudo isso foi a realização de um sonho pra mim e para a banda ! ;-) Acho que dormimos de 20 a 30 horas durante os 11 dias no Japão. :-D Sobre a sua pergunta, digo que ás vezes as pessoas esperam de mim uma opinião sobre o Blind, mas não sempre. Há algumas pessoas que me perguntam sobre o novo trabalho deles, mas o que mais perguntam é porque deixei a banda em 2005.

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Pergunta de Moises Dias: Thomen, o que você acha do atual baterista do Blind Guardian, o Frederik? Na sua opinião, ele é tão bom quanto você?

Thomen: Frederick é um grande baterista, sem dúvida alguma! Fred estudou bateria, e que eu saiba ele pode escrever em notas musicais tudo aquilo que toca. Eu diria que há somente uma diferença entre nós, eu costumo tocar com o coração e com a alma e tento sentir e tocar as músicas com minhas habilidades como baterista, mas Fred toca mais tecnicamente. Ele certamente é melhor que eu tecnicamente. Hummm, é difícil explicar. :-/ Tudo que posso dizer é que os fãs do Blind me retornam que eu tocava com muito mais intensidade e paixão. De qualquer forma, pessoalmente falando acho que Fred faz um grande trabalho no BG e acho que as pessoas deveriam respeitar isso. Uma coisa é certa... Fred é um grande baterista e um cara muito legal… E o melhor baterista vai sempre estar na visão do expectador!

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Pergunta de Renan Virginio: Thomen, sobre o seu novo projeto, o Stranded Guns, poderia nos falar mais um pouco sobre ele? Pois nós tivemos pouquíssimas informações a respeito, e estamos muito curiosos e ansiosos para escutar e saber mais.

Thomen: Claro que posso dizer algo sobre meu novo bebê. Mas antes de qualquer coisa vou postar aqui informações sobre a banda, que são quase tudo que eu poderia falar sobre Stranded Guns no momento.

Stranded Guns é uma banda nova de rock de NRW, Alemanha, fundada no início de 2013 por Thomas ‘Thomen’ Stauch na bateria (ex-Blind Guardian, Savage Circus, Coldseed) e Michael C. Kent (multi instrumentista produtor de todo o trabalho) nos vocais e guitarra. Thomen e Michael se tornaram amigos no início dos anos 80 por causa de sua grande devoção pela música do ‘KISS’ ! As idéias sobre a criação do Stranded Guns apareceram quando Michael e Thomen cruzaram seus caminhos na primavera de 2013. Seu amor ao velho rock-n-roll dos anos 80 e sua velha amizade trouxeram à tona a ideia de unir forças para criar uma banda com um rock puro, melódico que trouxesse de volta a atmosfera dos anos 80 produzida dentro de um conceito moderno. Os caras queriam compor de forma divertida, tocando e gravando sua músicas sem restrições, apesar de ser certo encontrar algo novo nas músicas, como por exemplo som orquestral ou qualquer outra coisa. É isso o que a banda propõe.
Michael e Thomen escreveram e gravaram 5 músicas pré-produziram 4 até agora. Enquanto compõe as músicas que faltam para o álbum de estréia ‘Time Machine’, Thomen e Michael já estão em contato com músicos que completem o time para as apresentações. Stranded Guns não é um ‘projeto’, é uma banda, cuja intenção é expandir o prazer que sentem com sua música aos ouvintes. Essa é a ideia! Let´s rock!-]

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Mais tarde começamos a tratar com os selos, então vamos ver o que o que acontece nas próximas semanas ou meses. ;-) Estou bem confiante que escolheremos a empresa certa para o Stranded Guns. É incrível como as pessoas reagem de forma positiva à banda, apesar de não Power ou speed metal, que era o que as pessoas estavam acostumadas a ouvir. Isso nos mostra que ainda há muitas pessoas pelo mundo que buscam pela música clássico dos anos 80, como Kiss, Foreigner, Survivor, Ásia, Bon Jovi, Aerosmith entre outros, que foram sucesso e ainda são. Isso é um bom sinal para nós!

Gostaria de saber também, qual foi o álbum que você mais gostou de gravar com o Blind Guardian, para você qual é o show mais memorável para você até hoje, que será inesquecível, e quais as lembranças que você tem dos shows que fez com o Blind Guardian aqui no Brasil.

Thomen: A gravação de Nightfall in Middle_Earth foi um momento muito criativo para mim, porque compus a maior parte da bateria enquanto gravava no estúdio. Em cada canção apareciam novas idéias que eu experimentava e o resultada agradava muito a banda. Mas no geral todos os álbuns tiveram seu encanto. Um dos shows mais incríveis foi o Wacken 2002 com quase 70.000 pessoas nos assistindo, um entre tantos outros. Todos os shows tem seus momentos especiais, então fica difícil escolher algum dos melhores. Cada país é de um jeito, assim como os fãs! Mas lembro dos fãs brasileiros como pessoas de coração quente quando você os encontra nas ruas, mas nos shows do Blind se esqueciam completamente de si mesmos para se concentrarem nas músicas, cantando quase toda a letra muito, muito alto! Isso me impressionou muito! Eu adoro a America Latina como um todo! O único problema com o Brasil é que vocês falam português ao invés de espanhol e eu falo um pouco de espanhol. Hahahaha. E vocês falam o português do Brasil, que é difícil demais para mim! :-D :-D A única coisa que eu lembro é que quando eu comprava um coco no Brasil eu tinha que dizer: ‘Eu quero mais barato! ‘ Hahahahahahaha.

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Pergunta de Aline Koball: Thomen, qual sua opinião sobre o álbum "At The Edge of Time" do Blind Guardian? Gostou de alguma faixa em particular?

Thomen: ‘At The Edge of Time’ é um grande álbum! Em especial por terem usado orquestras reais no projeto ! Depois de ‘ A Twist in the Myth’ finalmente um grande álbum de novo. Minhas músicas favoritas são ‘Sacred Worlds’, ‘Curse my Name’ e em especial ‘A Voice in The Dark’ !

Gostaria de saber também, quais bandas você anda escutando no momento, e quais as suas influências musicais para compor.

Thomen: Essa pergunta é muito difícil, eu ouço muitas bandas de diferentes estilos! No momento estou curtindo bandas antigas como Genesis, Journey, Marilion, Queen, etc, e sobre as mais recentes estou curtindo At the Edge of Time do Blind, Kamelot, Iced Earth, Avantasia. Mas a maior parte do tempo trabalho em material para minhas novas bandas, então não tenho muito tempo para ouvir muita coisa. :-) Minhas influencias na bateria certamente são Simon Philips (Toto, Mike Oldfield, Judas Priest) por sua pegada melódica e em especial por sua técnica, Scott Rockenfield (Queensryche) por sua pegada progressiva fantástica, Lars Ulrich (Metálica no início, pelo estilo único) e Phil Collins, por sua bateria melódica e ritmos agradáveis.

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Pergunta de Fernando J.: Thomen, se você fosse transformar um livro em música, qual livro seria?

Thomen: Eu não gosto muito de ler! Sou mais fã de um bom filme! Então se fosse o caso de escrever músicas a prtir de um livro, eu estaria perdido ! Hahahaha ! Eu preferiria escrever o tema de um filme, ou escreveria minha própria historia para tema de letra de uma música. ;-)

Marlon: Obrigado Mestre Thomen, por esta incrível entrevista, te admiro muito. =)
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