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Bangers Open Air

Almah: entrevista com o guitarrista Gustavo Di Padua

Por Jéssica Alves
Fonte: Blog Olhar Alternativo
Postado em 19 de outubro de 2013

Com aproximadamente 15 anos de experiência, o guitarrista carioca Gustavo Di Padua é considerado uma das grandes revelações da guitarra na atualidade. Músico competente, já passou por bandas como Endless, Aquaria e Glory Opera. Atualmente integra o time do Almah, desde 2012, assumindo o posto deixado pelo colega Paulo Schroeber (que precisou se afastar pro problemas de saúde). Em 2009, ficou entre os 10 primeiros colocados no concurso Guitar Idol, na Inglaterra, representando o Brasil por meio de seu trabalho autoral, a música "Second Floor". A equipe do blog Olhar Alternativo aproveitou a passagem do músico por Macapá e realizou uma entrevista exclusiva, a qual demonstrou muita simpatia. Ele relata sobre a carreira, Almah, Guitar Idol, produção, ecletismo e a importância da identidade no trabalho de uma banda. Confira.

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Por Jéssica Alves e Bruno Monteiro

Olhar Alternativo: Como foi que você conseguiu a vaga de guitarrista no Almah?

Gustavo Di Padua: Então, na verdade foi uma coisa bem natural. Não digo que tenha conseguido ou buscado isso. Recebi um convite do Edu para fazer parte da banda. Como sempre toquei em bandas de rock e heavy metal, creio que foi por aí, ele recebeu uma indicação e agora eu estou nessa.

Olhar Alternativo: Seu show de estréia com a banda foi no Metal Open Air, só que para muitos headbangers aquele foi um festival marcado pelo fiasco. No caso, aquele show para você atendeu a sua expectativa?

Di Padua: Musical ou todas?

OA: Todas.

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Di Padua: Acredito que sim, para o tempo que tivemos e a forma que tínhamos que fazer, foi muito legal. Para mim um show atende minhas expectativas desde que eu me divirta muito. Com todas as dificuldades que o festival apresentou como a falta de recursos que ofereceu, não aconteceu nada do que foi prometido, por isso um fiasco. A pessoa se compromete a uma coisa que infelizmente na hora H não consegue cumprir. Mas era meu primeiro show na banda, eu queria fazer e me diverti, a banda tocou, o público se divertiu muito e a vibe foi muito boa. Foi um grande show sim.

OA: Você toca não apenas metal, mas já tocou com músicos de outros estilos, como Mauricio Matar, Kelly Key, Sidney Magal. Você se diverte com essa versatilidade? O quão diferente é isso? Uma hora você tá tocando metal, outra hora pop.

Di Padua: Vou chegar para nossa realidade de hoje. Tocar o meu som instrumental, de guitarra, já é uma realidade diferente, é outro universo. Imagina agora tocar com um artista que não tem nada a ver com sua praia. Me divirto muito sempre cara, porque a experiência que isso me traz me leva a enxergar as coisas de forma mais ampla. Eu acrescento isso no meu trabalho, minha identidade nesses tipos de trabalho e acrescento esses tipos de trabalho na minha identidade. Fora todo o profissionalismo e valorização, com estruturas de som, equipamento, nada que seja negativo em tocar com esses artistas mais pop. É engraçado só (risos). Principalmente com o Mauricio, Kelly Key, Sidney Magal. Alias a galera do rock adora Sidney Magal (risos). Toquei também com o Erasmo Carlos, um cara bem rock and roll. Toquei com uma galera da pesada, que não tem nada a ver com eu estilo. Mas músico é músico, tem que tocar. Se você tem valorização, uma estrutura bacana e tocar com pessoas talentosa, é outro universo, assim como em uma guitarra de seis cordas ou sete cordas. É outro universo.

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OA: Você acabou de citar a sua identidade musical nesses trabalhos. Você acredita que isso fez um diferencial para que você ficasse entre os 10 primeiros colocados no concurso Guitar Idol que participou?

Di Padua: É difícil te dizer qual é o meu diferencial, o que me fez estar tanto no Almah, quanto no meio artístico, quanto no Guitar Idol. Acho que quem tava julgando viu essa diferença. Uma coisa que gosto é meu compromisso com a música, busco aprofundar a melodia, o canto. Tenho um amor pela melodia. Tenho alguns diferenciais sim, como acredito que todo brasileiro já tem um diferencial. Você falou em tocar em Londres, um festival mundial. Isso foi um diferencial, tanto que não era apenas um brasileiro, tinha eu, Gustavo Guerra na primeira edição, na segunda foi eu e o Ozielzinho. O Fernando Miata também participou, outro monstro da guitarra no Brasil. Então só tem fera lá. E tem uma curiosidade, quando começou o evento, o processo seletivo era um. Depois passou a ser outro, virando voto popular. Isso é estranho, porque você tem mais amigos, divulga mais e nem sempre o material mais legal é selecionado. Devo ter alguns diferenciais sim, gosto de swing musical, do groove, colocar isso nos shows. Gosto de rock mesmo, não tem aquilo de mais ou menos, gosto muito. Acho que a melodia, o ritmo, unir os elementos na minha música. Outra coisa que costumo fazer, também é achar a sua própria identidade, achar o que você realmente é, musicalmente falando. Espiritualmente também, Para poder divulgar, e as pessoas gostam da verdade. Isso é o diferencial.

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OA: Sobre o seu trabalho como produtor. Como é produzir tantos trabalhos de tantas bandas diferentes e conseguir o som que elas desejam?

Di Padua: A produção é muito legal porque é um trabalho de criação. Isso tem a ver com a verdade do artista. Quando produzo, busco essa verdade, procuro captar essa identidade, extrair o melhor naquele trabalho. É como se tivesse entrando na banda por um período. Tenho algumas participações que acabo fazendo, não tem como fugir (risos). Mas nesse período procuro extrair a verdade da banda. Aí quando acontece é um divisor de águas, porque tem vezes que o cara tem uma boa banda, bons músicos, boas músicas mas falta aquela identidade.

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OA: É o mais importante da banda né?

Di Padua: Nossa, é tudo. É o que traduz a verdade da banda. Quando o próprio músico descobre qual é, as pessoas vão acreditar, porque é legal e verdadeiro. Às vezes tem um trabalho legal, mas se sente quando não é verdadeiro. É feito apenas para a onda, para rolar. Quando você acha que vai rolar, já foi porque a tendência passou. Se tá na moda fazer um som, muitos procuram esse som. E aí quando consegue fazer o trabalho, a moda já é outra. Cadê a verdade nisso? Então esse é o diferencial.

OA: Fale para nós sobre a sua participação recente no Rock in Rio, com o Almah.

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Di Padua: Foi mágico. Para mim foi muito especial. Quem é rock mesmo, sabe o que significa, por mais que muitos falem que o festival não é rock, toca outros estilos. , com axé, pop. Mas é Rock in Rio né cara? Eu nem tocava e já tinha o Rock in Rio, em 1985. Quando toquei lá, não teve pressão. De fato me diverti demais ali. Foi muito legal, tinha uma galera muito bacana, os amigos das bandas mandando uma ótima vibe. Senti isso, lá tinha gente conhecida, moro no Rio e isso tem um valor. Não é só no Rio, moro próximo de onde acontecem os shows. Essa vibração pós Rock in Rio foi muito positiva.

OA: Como está essa interação com o Almah e a recepção do público da banda, desde que você substituiu o guitarrista Paulo Schroeber?

Di Padua: É natural a aceitação do público. Vou trabalhando e as pessoas vão conhecendo meu trabalho. E com a banda, a interação é diferente e muito legal. Não é como qualquer banda em que os membros moram na mesma cidade. No Almah, cada um mora em uma cidade diferente. Mas dentro desse intervalo de reunião, a interação é ótima, a gente se fala, quando esta junto é sempre muito divertido e creio que próximo disco traduz um pouco disso. A galera que quer conhecer a nova cara da banda precisa conferir. A produção foi feita por todo mundo, cada um com seu instrumento, então ali tem a alma de todo mundo. As levadas tão impressionantes. Cada um tem sua contribuição na criação.

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OA: Fazendo uma comparação, o Almah é uma banda que nasceu como projeto pessoal do Edu Falaschi. Agora comparando com você, começou a tocar com 14 anos, depois virou finalista de um concurso internacional de guitarra e teve a chance de gravar seu disco solo. Como você vê essa realização.

Di Padua: Estar na música e fazer só isso, ser músico, principalmente em um país que o grau de dificuldade é alto, é uma realização. Viver de música não é fácil, é preciso abrir o leque, aprender a fazer várias coisas e graças a Deus faço várias coisas. E posso dizer que trabalho com produção, bandas, dou aulas e tudo ao mesmo tempo. É uma correria e é muito legal, gratificante estar aqui hoje, tocando o meu trabalho, para um local distante. Será que quando era moleque, imaginei que um dia estaria fazendo o meu som, tocando guitarra para a galera de Macapá ou ir para Londres? Agora tem algo que sou, é pé no chão. É um trabalho que me deixa muito feliz, toda vez que faço é com muita dedicação. Trabalhar e viver de música é algo fantástico. Fazer meu disco solo foi muito legal, cada música representa um momento da minha vida, e pretendo lançar um cantado em breve. Tô no processo de gravação. Esse fim de ano vai ser punk, com trabalho autoral, novo disco do Almah e turnê na Europa. Vou correr para realmente dá conta. (risos). No Almah a gente fez na pressão, nos reunimos em São Paulo na pré produção e na produção cada um pode se dar ao luxo de produzir o instrumento nas cidades em que moram;

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OA: Gustavo, o espaço final é seu. Mande seu recado para a galera headbanger do Amapá.

Di Padua: Quero desejar tudo de bom, dizer que é muito gratificante chegar aqui e vê que o movimento tá firme, se fortalecendo cada vez mais. Há a união e investimento dos próprios fãs para fazer a cena acontecer. Passei uma noite e um dia e pude perceber que a galera tá se juntando para fazer bons eventos. Deixo o meu muito obrigado, é uma honra estar aqui e continuem juntos, mandando vibrações para que possamos fazer o nosso rock and roll, que é que todos querem.

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Sobre Jéssica Alves

Uma jovem nascida em 1990 e moradora do Estado do Amapá que teve a sorte de ser criada em um lar onde o rock sempre esteve presente. Por frustação no meio musical, a veia jornalística falou mais alto e atualmente caminha no ramo do Jornalismo Cultural e milita na divulgação da cultura underground tucujú. Seu forte está no heavy metal, hard e classic rock.
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