Skinlepsy: entrevista com o baterista Evandro Júnior
Por Leandro T-Böne
Fonte: Brasil METAL História
Postado em 21 de maio de 2013
Nascido a partir das cinzas do finado Siegrid Ingrid, o Skinlepsy enfim estreia, após anos desde sua fundação. Mas agora com o álbum "Condemning The Empty Souls" na praça, a banda pode apresentar ao público seu "Brutal Thrash Metal"
O Skinlepsy conta em sua formação com músicos experientes na cena paulistana, como foi a idéia de montar a banda?
Evandro Junior – Cara, o Skinlepsy é uma banda que se originou do fim do Siegrid Ingrid. Eu e o André Gubber (vocalista / guitarrista) tocamos na banda durante sete anos. Infelizmente a banda não teve como prosseguir e acabamos recrutando um vocalista, era o Scream que era do Pantera Cover. Um cara que assisti ao vivo e achei espetacular. Entrei em contato com ele que quis entrar na banda ainda como Siegrid Ingrid. A banda era toda o Siegrid, porém sem o Punk (vocalista original). Então resolvemos mudar o nome da para Skinlepsy para haver uma separação já que era um projeto novo e já tínhamos músicas compostas. O Scream entrou em 2003, começamos a ensaiar como Skinlepsy e no mesmo ano gravamos uma demo no Mr. Som. Teve muita repercussão. Chegamos a fazer um show ainda em 2003 na Led Slay. Na verdade não sabíamos se seria uma banda ou projeto. A idéia era ser mesmo banda, porém um tempo depois o Scream recebeu um convite para tocar no Endrah, que faria uma turnê no exterior e ele resolveu encarar. Concordamos. Achamos uma boa pra ele e pensamos em dar um tempo, pois daria muito trabalho arrumar um vocalista e voltar tudo do zero. Resolvemos congelar a banda. Acabei voltando para o Anthares em 2004, que era minha banda original. O Gubber tentou remontar o Siegrid Ingrid com o Luiz Berengher (baixista) e o Punk. As coisas não deram certo, eu continuei e continuo com o Anthares. Mas nunca perdi contato com o Gubber. Ele sempre me propôs gravar músicas que ele havia composto e eu sempre estive a disposição, mas por falta de tempo as coisas não caminharam. Até que em 2011 eu tive um momento que achei que eu devia tocar muito. Problemas pessoais que tive na vida e a única solução para mim seria tocar. Então procurei o Gubber que estava disposto a voltar a ensaiar, compor, fazer shows e em maio de 2011 ficamos trancados no estúdio até setembro ensaiando. Compusemos dez músicas para um disco, fomos para o Da Tribo estúdio gravar. Nesse meio tempo surgiu o Henrique Fogaça do Oitão, que foi indicado pelo pessoal do Claustrofobia, o Marcus e o Caio. Precisávamos de um vocalista para tocar o projeto, fomos para o estúdio ensaiar com ele e gravar a parte instrumental. Porém o Henrique era muito ocupado, tinha muitos projetos e não tinha condições de se dedicar 100% ao Skinlepsy. Eu e o Gubber resolvemos assumir tudo sozinhos. Fomos para o estúdio 44 terminar as gravações, pois teve um atraso muito grande e não podíamos esperar mais. Gravamos e mixamos no novo estúdio. O resultado ficou espetacular, muito acima do que esperávamos. Contatamos o Luiz Berengher, que abraçou a idéia e hoje estamos aqui fazendo a estréia. Não coloco como volta, pois muito tempo se passou, mudamos a concepção, as músicas, a banda tem muito mais pegada que em 2003.
O álbum contou com as participações especiais de Luiz Carlos Louzada (vocalista, Vulcano, Hierarchical Punishment, Chemical Disaster), Fernanda Lira (vocalista/baixista, Nervosa) e Thiago Schulze (guitarrista, Divine Uncertainty). Conte sobre essas participações.
Evandro – O Luiz do Vulcano é camarada nosso há muito tempo, desde os anos 80. O contatamos e ele topou na hora. A Fernanda Lira eu conheço desde o início do Nervosa. O Gubber escutou o trabalho do Nervosa e gostou muito da voz dela e achou que se encaixaria perfeitamente num trecho específico de uma música. Entramos em contato com ela que aceitou imediatamente. Curtiu a idéia. Foi para o estúdio e gostamos demais. Enriqueceu o trabalho final do disco. E o Divine é uma banda de brothers que admiramos e gostamos muito. O Thiago toca demais e prontamente começou a estudar o que ele faria. Foi para o estúdio e fez o solo em meia hora e ficou maravilhoso e também foi uma participação super especial.
O disco está saindo pela Shinigami Records. Como vocês se sentem em relação ao resultado final do álbum?
Evandro – O álbum era uma coisa que queríamos fazer de forma independente. Não nos importava a questão de selo, queríamos simplesmente pegar todo o material que compusemos ao longo dos anos, de 2011 para cá, transformar isso em disco e para oficializar, achamos melhor ir atrás de um selo, e não fazer a coisa totalmente independente. E o Gubber achou que a Shinigami Records é uma gravadora independente séria que trabalha muito bem e acabamos fechando com eles. O William (Ohara Samamoto) se prontificou a lançar e distribuir. O álbum pertence à banda, e temos condições de enviá-lo para fora. Conseguir outras distribuidoras além do Brasil. Então foi uma coisa interessante para nós.
Evandro Júnior Você é um cara que está na batalha desde os anos 80. Quais as diferenças que percebe no cenário atual em relação àquela época?
Evandro – A mudança fundamental acho que está na questão das bandas que evoluíram demais. Fazem um trabalho atualmente extremamente profissional, de muita qualidade. Só acho que a cena deu uma saturada. Tem muita banda e pouco público. Bastante gente tocando. Acho que tem até banda que entrou para aproveitar um 'boom' que teve. Não sei se essas bandas vão seguir em frente, sobreviver e se terão pique e vontade de continuar. A cena de modo geral não mudou muito. Os lugares para tocar continuam os mesmos. Os mesmos buracos underground que existiam nos anos 80. A produção dos álbuns acho que ainda precisa evoluir um pouco para chegar ao nível que vemos fora. Está chegando lá.
As bandas nacionais estão conseguindo lançar álbuns de certa qualidade, mas ainda falta alguma coisa. No geral acho que é isso, muita banda para um público que sempre foi grande, mas em São Paulo vejo uma situação de muito show gringo, quase que semanal. As pessoas não têm condições de ir para os shows e até mesmo para prestigiar bandas nacionais que tem feito um trabalho espetacular, de nível internacional. Então houve essa evolução no sentido de bandas. O público se renovou em uma geração de internet que hoje prefere baixar álbuns, vendo clipes e nem sempre disposto a apoiar a cena nacional que está forte, mas espero que o cenário como um todo cresça.
Com o passar de todos esses anos, as influencias da banda mudaram, ou a proposta segue a mesma?
Evandro – As influências sempre vieram do Thrash e do Death. Eu particularmente do Thrash e o Gubber mais do Death. Acho que a banda criou uma identidade devido a esses estilos. Para nos situar, decidimos criar um nome, "Brutal Thrash Metal" que é a mistura do Thrash tradicional com a pegada do Death Metal. Acho que isso facilita a identificação do estilo da banda. Claro que particularmente sempre ouvi coisas novas e estive antenado ás novidades, mas procuramos manter algo meio que tradicional, respeitando nossas influências básicas, sem tentar muito experimentalismo ou cair para o lado do modismo. Mais a coisa da raiz do Death e do Thrash mesmo.
Um grande problema que as bandas autorais vêm passando nos últimos tempos, é a falta de espaço para mostrar seu trabalho. O projeto Peso Brasil, idealizado por Ricardo Batalha em parceria com o Manifesto Bar e logo menos o Panzer Fest. São passos importantes para uma possível mudança nesse sentido. O que você pensa a respeito?
Evandro – Analisando outros estados tenho percebido que a cena vem crescendo. Bandas internacionais tem tocado no norte / nordeste que está se fortalecendo como São Paulo que sempre foi forte. Vejo esse movimento no sul. Então, no território nacional, a cena está evoluindo, se profissionalizando. Tem grupos se unindo para criar produtoras de shows, trazerem eventos para essas regiões, assessorias. São Paulo sempre foi o centro das atenções porém está saturada. Temos muitos shows gringos acontecendo. Tem que haver uma igualdade no país todo acho, que está começando a acontecer. Precisa descentralizar um pouco. É muito difícil você fazer um evento com bandas nacionais e esperar um retorno do público. Você precisa de tempo, planejamento, muita divulgação para que as pessoas possam se desprender de quinze, vinte ou trinta reais para prestigiar uma banda nacional ao invés de gastar de trezentos a quinhentos reais para ver shows gringos.
Evandro, para finalizar, deixe seu recado pra galera que acompanha o trabalho da Brasil METAL História.
Evandro – Hoje (05 de março) respondo esta entrevista como baterista do Skinlepsy, já que também toco no Anthares e no Desaster, no camarim do Manifesto Bar, há poucos instantes de subirmos ao palco para nossa estréia e ao mesmo tempo, o show de lançamento do nosso CD, "Condemning the Empty Souls". Que tudo corra bem a partir de hoje e que nossa trajetória seja consistente, determinada e vitoriosa. Contamos com o apoio da cena metal brasileira. Valeu galera.
Valeu Brasil METAL Historia!
5 Discos que mais influenciaram Evandro Júnior como músico:
1. AC/DC – Back In Black
2. Iron Maiden – The Number Of The Beast
3. Metallica – Ride The Lightning
4. Slayer – Reign In Blood
5. Exodus – Bonded By Blood
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