Raimundos: "somos movidos a desafios", diz Digão
Por Thiago Pimentel
Fonte: Hangover-Music
Postado em 01 de agosto de 2012
Com mais de uma década de história e contrariando os padrões musicais de sua época, o Raimundos firmou-se como uma das principais bandas do rock nacional. A inusitada mistura de hardcore com elementos da música nordestina - o dito forrócore -, sobrepostos a letras escrachadas e guitarras pesadas, renderam ao grupo de Brasília, pouco a pouco, um status privilegiado no cenário nacional - inclusive com alguns hits emplacando nas rádios populares.
Contudo, após a problemática e repentina saída do vocalista Rodolfo Abrantes, o Raimundos perdeu parte desse prestígio e visibilidade na mídia. Além de todos os problemas resultantes da saída do vocalista, a banda passou por algumas reformulações em sua formação - Digão, um dos fundadores da grupo, além de tocar guitarra passaria, também, a cantar - e sofreu com uma certa descrença por parte do público que outrora os veneravam.
Atualmente, o Raimundos atravessa uma ótima fase tanto pelo retorno de Canisso (baixo) quanto pela adição dos músicos Marquim (guitarra) e, ainda mais recentemente, Caio (bateria). Com essa formação, o grupo lançou o CD/DVD ao vivo - ou, como dissera Digão, o "tiro certeiro" - intitulado "Roda Viva" (2011). Ainda mais recentemente, a banda realizou uma parceria com os paulistanos do Ultraje A Rigor e, aproveitando a boa fase, promete lançar um vindouro álbum de inéditas.
Hangover-Music: Olá, Digão! Além de você, a banda conta há alguns anos com um guitarrista fixo (Marquim). Lembro que, nos primórdios, vez ou outra Rodolfo (ex-vocalista) assumia a guitarra base. Como instrumentista, o que um parceiro nas seis cordas tem contribuído na sua performance?
Digão: Na verdade, acabaram por haver duas grandes mudanças no Raimundos: Marquim como o guitarrista principal e eu como vocalista. A banda nunca esteve com a sonoridade tão boa como agora; soamos mais pesados e definidos! O Marquim é muito melhor instrumentista que eu e acabou trazendo uma bagagem nova muito interessante! Se o Wes Borland (guitarrista do Limp Bizkit) escutasse o som que fazemos agora, não ia chamar o Raimundos de "banda de iniciantes" como ele disse quando ouviu "Tora Tora" - do álbum "Lavo tá novo", de 1995 - (risos).
Nota: Em 2011, no show do Limp Bizkit em São Paulo, mostraram algumas músicas para Wes Borland que descreveu o som da banda como Digão mencionou.
HM: Aproveitando, desde que você se tornou frontman, como tem sido sua adaptação?
Digão: No começo foi muito difícil, pois é uma grande responsabilidade seguir com uma banda que tinha uma formação tão emblemática como o Raimundos. Mas, com o passar do tempo, tenho me sentido bem a vontade; gosto muito de fazer shows e dou sempre o melhor de mim junto com meus companheiros em nome do rock.
HM: Em meados de 2010, Tico Santa Cruz (Detonautas) assumiu o posto de vocalista da banda por um período. Como foi a experiência?
Digão: Foi uma ótima experiência, pois o Tico é um vocalista super carismático. Fizemos ótimos shows e inclusive juntamos as duas bandas (Raimundos e Detonautas) em algumas dessas apresentações! Essa ideia partiu do Tico e achei oportuno experimentar um outro vocalista. Apesar dessa experiência, o público gosta muito da formação atual. Enfim, só tenho a agradecê-lo pelo fortalecimento.
HM: Ultimamente, o Raimundos conta com uma agenda cheia tocando em diversas cidades do Brasil. Além disso, Canisso (baixista) voltou a banda. O que a volta do músico causou nessas apresentações do Raimundos? No geral, como vem sendo a resposta do público aos shows?
Digão: Só casa cheia com o público cantando a plenos pulmões, inclusive as músicas da minha fase como vocalista! Só tenho a agradecer a todos que estão com a gente nessa caminhada. O Canisso é a cara da banda; com ele voltou o que faltava pra continuarmos de verdade, além de parte da legitimidade do Raimundos. Tudo isso aliado ao som singular do seu baixo - não tem pra ninguém com o Mestre Canisso!
HM: Diante dessa resposta positiva do público, vocês planejam lançar um disco de inéditas? Em caso afirmativo, o que os fãs podem esperar?
Digão: O DVD "Roda Viva" foi um tiro certeiro, recolocando o Raimundos na mídia e dando o 'chão' pra fazer um novo trabalho de inéditas. Já estávamos focados quando pintou o "Ultraje X Raimundos", assim demos uma adiada pra trabalhar um tempo nesse projeto para depois vir com tudo no próximo disco! Podem esperar ROCK bem RAIMUNDOS na veia!
HM: Já que você tocou no assunto, recentemente vocês realizaram esse projeto interessantíssimo com o Ultraje A Rigor! Como foi realizar essa parceria e qual a relação do Raimundos com o Ultraje?
Digão: Foi demais! Amei poder mexer num dos discos que mais ouvi na vida! Pôr a nossa cara lá foi muito divertido e fácil! O Ultraje é meio que pai da criança (Raimundos), sempre toquei as músicas do álbum "Nós Vamos Invadir a Sua Praia" (1985) na bateria quando moleque. Imagina a felicidade de ouvir as nossas músicas na voz do Roger!? É muita honra!
Confira a prévia do projeto:
HM: Antes de tudo, o Raimundos é conhecido pelo peso. Sons antigos como ‘Baile Funky’, ‘Rapante’ e a própria ‘Tora, Tora’ são bem pesados. Entretanto, músicas mais recentes, como ‘Jaws’, soam ainda mais pesadas que essas - principalmente pelas partes de bateria. Conte-me um pouco sobre o Caio (baterista) e o que ele soma ao som do Raimundos.
Digão: O Caio é o "achado", ele se adaptou muito bem as músicas antigas dando um sangue novo e uma liberdade maior de composição. Além disso, o Caio traz elementos novos e soma bastante pra banda! Na verdade, todos no Raimundos são muito ricos em ideias e influências. Acho que esse próximo álbum vai vir bem interessante, mas sem perder as raízes porque o xerife aqui não deixa (risos).
HM: Antes de tocar "Mas Vó", no DVD "Roda Viva", você agradece as pessoas que apoiaram a banda. Contudo, você também agradece a quem não acreditou no Raimundos! Como a descrença desse público fortaleceu a banda?
Digão: Somos movidos a desafios, quando subestimam a gente, nós subimos ao palco e mostramos que a história é outra, assim o gostinho do nosso trabalho é muito melhor...
HM: Nos idos dos anos 90, o Raimundos participou do, hoje finado, Monster Of Rock. Ano passado, vocês tocaram no SWU - o mesmo festival que caras como Jerry Cantrell (Alice in Chains) e Phil Anselmo (Down, ex-Pantera) também estavam. Para você, como foi dividir o dia com músicos que são influência pessoal? Além disso, qual sua opinião sobre os atuais festivais de rock no Brasil?
Digão: O SWU foi o festival perfeito! Fiquei em estado de graça sendo vizinho de porta de Jerry Cantrell, ficar amigo dos 311... sem palavras! Apesar do horário, o show foi demais e o recado foi dado. Acho que os festivais atuais andam meio medrosos, com medo de apostar. Ficam colocando algumas bandas de gosto duvidoso e repetindo outras que acabam saturando tanto o público quanto a cena. Antes os festivais eram mais comuns e divertidos...
HM: Para encerrar, recentemente, pelo seu encontro com Rodolfo em um aeroporto no Paraná, os fãs especularam um possível retorno da formação original. Como você tem lidado, com essa eterna pressão do público e da mídia?
Digão: Esses boatos sempre aparecem quando estamos com boa visibilidade. Bem, queria saber de onde eles surgem. (risos) Daqui do nosso lado nunca partiu um convite pra que ele voltasse, mas sempre deixamos isso a vontade dele. Acho que o público perde tempo fazendo essa pressão: é como um cachorro fujão, quanto mais você chama, mais ele quer ir pra longe... (risos)
Site oficial:
http://www.raimundos.com.br/home/
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Para conferir a entrevista na íntegra, acesse:
http://hangover-music.blogspot.com.br/2012/07/entrevista-raimundos-somos-movidos.html
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