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Sarah Jezebel Deva: Metal para não ser esquecido

Por Vitor Franceschini
Fonte: Blog Arte Metal
Postado em 03 de julho de 2012

Sem perder tempo e sem desperdiçar seu talento Sarah Jezebel Deva juntou-se aos músicos Ablaz (baixo), Dan Abela e Azz Inferno (guitarras) e Damjan Stefanovic (bateria) e soltou seu segundo álbum "The Corruption Of Mercy" em 2011 e o EP "Malediction" neste ano. Buscando seu lugar ao sol, a simpática cantora britânica - que trabalhou 14 anos com o Cradle Of Filth, além de cantar com Therion e The Kovenant – falou com o Arte Metal e se mostrou muito empolgada com a sua atual fase, falou sobre os dois trabalhos, muitos aspectos de sua carreira, entre outros assuntos, confira.

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Em menos de um ano após o lançamento de "The Corruption Of Mercy" você já soltou o EP virtual "Maldiction", por quê?

Sarah Jezebel Deva: Por que não? (risos) Nós amamos música. Esta é a nossa vida, minha vida! Surgem novas bandas a cada dia e as pessoas esquecem muito, muito rápido e nós trabalhamos tão duro, não quero ser esquecida. Se as pessoas se esquecerem de nós, não teremos qualquer chance de tocar na América do Sul. Temos de nos manter frescos na mente das pessoas e nós queremos dar aos nossos fãs novas músicas e muito mais. Fizemos esse EP principalmente para os nossos fãs maravilhosos, mas também para promover a turnê que estamos fazendo este ano. Nós não temos muitas chances, mas quando nós temos , temos que fazer o nosso melhor.

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Como foi a repercussão de "The Corruption Of Mercy"?

SJD: "The Corruption of Mercy" era pra ser nosso primeiro álbum, o meu primeiro álbum. Este álbum foi muito bem pensado e se passaram muitas horas, dias, semanas até sair. Dan Abela e Ablaz (guitarrista e baixista, respectivamente) sabiam que queriamos algo mais pesado, diferente ou pelo menos tentar isso. Tivemos alguns problemas com o line-up também, mas nós adoramos "The Corruption OF Mercy" e "Malediction", e espero que as pessoas vejam algo de bom em nós. Queremos ser o mais Metal possível, porque queremos que as pessoas ‘bangeiem’! (risos)

O álbum possui boa dose de peso que se intercala a momentos mais ‘light’ que soam até parecidos com trilhas sonoras de filmes da Disney. Você concorda com isso e poderia nos explicar melhor essa fusão do maléfico com o angelical?

SJD: Eu não diria Disney, mas trilha sonora, talvez. Nós não pretendemos soar como algo ou alguém. Nós escrevemos e compomos e escrevemos de novo até que sejamos felizes. Entendemos que devemos agradar os nossos fãs e conquistar novos fãs, mas também temos que nos agradar. Nós não queremos copiar algo e nós nunca vamos fazer isto para vender discos. Nós somos influenciados por um monte de bandas de Black Metal, mas não quero soar como eles. Queremos que o nosso talento brilhe. Nós não somos religiosos e não queremos parecer "maléficos" ou "bondosos". Nós somos o que somos. Queremos capturar as pessoas com o nosso som. Nós queremos que seja épico e rápido, mas há um monte de significado por trás das letras das músicas, significados sérios. Nós apenas esperamos que as pessoas nos deem uma chance, ouçam a nossa música e nos apoiem. Nós não queremos um rótulo. Nós apenas queremos ser quem realmente somos, compositores apaixonados.

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Você trabalhou com bandas como Cradle Of Filth e Therion. De alguma forma o som desses grupos influenciou na sua música solo?

SJD: Não. Não o som. Eu mal canto algo de ópera e para mim, a minha principal influência é o Black Metal da Noruega / Suécia, mas, eu posso te dizer, eu comecei com o Cradle Of Filth quando eu tinha 16 anos e trabalhando com Dani, bem, nós crescemos juntos em uma banda. Ele foi influenciado por dezenas de filmes e eu aprendi a gostar deles também. Ele também era uma boa influência para mim quando compunha. Eu aprendi a me expressar, mesmo que não faça sentido para os outros. Eu só aprendi a ser eu, não importa o que os outros pensam, porque quando você se importa tanto, quando o ego assume, pode retê-lo. Eu sou uma pessoa muito aberta quando se trata de escrever e tenho de agradecer a Dani por isso. Mas como eu disse, musicalmente, não. Eu adorava Black Metal antes de trabalhar com o Cradle Of Filth. Sempre serão queridos por mim.

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Como funciona o processo de composição de sua banda. Apenas você compõe ou você conta com a participação dos outros músicos?

SJD: No início, eu compunha a maior parte, embora eu tenha começado o meu projeto "solo" com um cara chamado Ken (Newman, guitarrista), de Ohio. Ele teve problemas para gravar "A Sign Of Sublime" (N.R.: primeiro álbum lançado em 2010) e foi terrivelmente ruim (arquivos perdidos, arquivos mal editados e arruinados a ponto de se tornar a mixagem impossível), Ken não queria mais ser parte disso e eu não o culpo. Não deu certo por causa de muitos problemas. Dan Abela foi contratado para mixar e masterizar "A Sign Of Sublime" e nos tornamos amigos por causa disso. Dan veio comigo para a turnê, mas depois decidimos começar a compor juntos para o segundo álbum e ele se tornou o guitarrista. "The Corruption Of Mercy" foi na maior parte escrita por mim e Dan, como foi "Malediction", mas os outros não contribuem musicalmente. Ablaz, nosso baixista juntou-se logo após a mixagem do primeiro álbum, então ele está na banda há 3 anos agora. Martin Powell (ex- Cradle Of Filth / My Dying Bride) e Clone PZY do The Kovenant também desempenharam um papel conosco na orquestração, mas devido a eles estarem tão ocupados, eles não tocam ao vivo. SJD é agora uma banda completa, 5 pessoas, todos iguais, mas é preciso tempo para que as pessoas conheçam as outras faces. (risos)

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"The Corruption Mercy" conta com um cover para Zombie, do The Cranberries. Como esta banda a influencia e por que você a escolheu?

SJD: Esta canção foi um sucesso enorme na cena Metal, eu adorava a música. Eu amo o significado por trás dela. É sobre a guerra, o IRA (N.R.: sigla para Exército Republicano Irlandês em inlgês). Há guerra em toda parte e isso me deixa doente. Eu não entendo por que as pessoas querem matar umas as outras ou até mesmo os animais. Nós não respeitamos uns aos outros e é triste que a cada dia, morre alguém ou alguma coisa por nenhuma razão real além da ganância. Nós não queríamos tentar fazer esta canção melhor ou pior, eu só queria cantá-la porque tem uma mensagem poderosa. Eu respeito as mensagens.

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Falando no novo EP "Malediction", qual a principal diferença você vê nas novas composições em relação a "The Corruption Of Mercy"?

SJD: Eu não sei se há alguma diferença, Provavelmente mais pesado? Nós sabemos o que queremos agora. Você sabe, nós só queremos compor e tocar. Nós não queremos ser como qualquer outra banda ou soar como algo. Fazemos música e espero que isso faça as pessoas felizes.

"Malediction" conta com a participação de Dani Filth (Cradle Of Filth) e Björn ‘Speed’ Strid (Soilwork). Conte-nos como surgiu a ideia e como foi trabalhar com eles?

SJD: Quando escrevo uma melodia, baseio minhas letras sobre a sensação e o ritmo da melodia. Lies Define Us é sobre músicos que dormem juntos durante a turnê e o relacionamento dos dois em segredo. Quando eu cantei a música, eu pensei "eu adoraria uma voz poderosa nesta música". Perguntei ao meu bom amigo jornalista Carl Begai da Brave Words And Bloody Knuckles (Revista Canadense de Metal) se ele poderia recomendar alguém. Ele sugeriu um monte de gente, mas eu amava a voz de Björn. Eu e Björn nos damos muito bem, então eu sabia que nós cantando juntos ficaria bom. Eu não queria alguém somente pelo nome, eu queria alguém para cantar comigo e rir. Björn é incrível. Sua voz é talento puro. Quanto a Dani, bem, eu cantei em Midnight In The Labyrinth (N.R.: coletânea do Cradle Of Filth lançada este ano)! Ele me disse que deveríamos fazer uma música juntos no Angtoria (N.R.: ex-banda de Sarah que agora irá lançar algo com outro nome) quando Chris e eu fizéssemos outro álbum e eu disse que sim, claro. Mas, eu tive a ideia de cantar com Dani em This Is My Curse. Sua letra é sobre o nojento e doente comércio de peles de animais e eu acho que Dani não só amou a música, mas também o conteúdo lírico. Ele tem um coração enorme. Dani e eu funcionamos muito bem juntos. Ambos, Böorn e Dani trabalharam duro e estamos tão felizes com o resultado. Verdadeiras estrelas.

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As artes de seus dois primeiros álbuns contam com ilustrações de figuras femininas um tanto quanto demoníacas. Explique-nos este contexto e por que em "Malediction" a arte não seguiu isso?

SJD: Elas não são demoníacas, não quis vir transversalmente como demoníaca de qualquer maneira. "A Sign Of Sublime" sou eu (risos), Matt Lombard mudou a minha aparência (mais risos). Em "The Corruption of Mercy" a imagem é uma jovem garota chamada Mercy. Deixe-me explicar. Mercy representa muitas crianças de hoje que foram deixadas por seus pais, negligenciadas por seus pais. Mercy é negligenciada, deixada sozinha a levantar-se e a única coisa que está a levantando é TV, internet, revistas, as ruas. Ela é amada, abusada e a única maneira que ela sente que pode obter o amor é se vendendo para o sexo. Ela tem a ideia errada e seus pais estão mais preocupadas com sua própria vida do que com Mercy. A capa e a música são sobre como a sociedade está falhando com as crianças. E engraçado o suficiente, a imagem de "Malediction" é na verdade uma mulher nua, mas muitas pessoas não podem distingui-la porque nós cobrimos bem (risos)

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Vocês estão em turnê atualmente? Como está a agenda da banda?

SJD: Na verdade já voltamos para casa. Não foi bom (risos)... Fomos roubados, enganados, o normal. Tocamos em um festival na França, que correu tudo bem, todos nós bebemos muito e estávamos muito felizes. Estamos escrevendo para o terceiro álbum, agora, temos o título, o trabalho de arte e 7 músicas. Também faremos uma turnê com o Tristania em setembro onde seremos a banda de apoio, por isso não vemos a hora de finalmente sair em turnê pela Europa. Esta será nossa primeira turnê europeia. Nós também tocaremos no Metal Female Voices na Bélgica e estamos entusiasmados com isso também. Estamos apenas à espera de oportunidades para tocar.

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Você conhece algo da cena Metal do Brasil? Há chances de vocês tocarem por aqui?

SJD: Eu sei que toda vez que eu toquei aí, os fãs de Metal foram loucos e amáveis! Nós realmente queremos tocar aí. As palavras não podem dizer o quanto, mas os fãs podem fazer isso acontecer. Rock in Rio? Sim?? Queremos tocar!!!

Muito obrigado Sarah. Deixe uma mensagem aos fãs brasileiros.

SJD: Obrigado por todo o apoio ao longo dos anos. Queremos ir ao Brasil e tocar para vocês, então, por favor, compre a nossa música e façam com que os promotores de festivais daí contatem-nos e deixe-nos divertir e beber com vocês. (risos)

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Sobre Vitor Franceschini

Jornalista graduado tem como principal base escrever sobre Rock e Metal, sua grande paixão. Ex-editor do finado Goredeath Zine, atual comandante do blog Arte Metal, além de colaborador de diversos veículos do underground.
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