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Statik Majik: remando firme contra a maré e vencendo

Por Marcos Garcia
Postado em 24 de dezembro de 2010

Na ativa desde 2002 e já uma banda veterana, firme nas convicções sonoras, remando contra a maré, já que no Rio de Janeiro, historicamente falando, as bandas de maior exposição são as voltadas aos estilos mais extremados, STATIK MAJIK é uma banda que já deixou de ser promissora e se tornou uma potência a ser respeitada dentro do Underground do Metal Nacional.

Após anos de muita luta, com dois Demo CDs (‘Be Magic!’ de 2003, e ‘Utopia Sunrise’ de 2004), participações em coletâneas (‘Warriors of the Dark Sun’, de 2004, com as bandas DENIM AND LEATHER, KREMATE e ALCOHOLICOMA, com duas músicas, fora em ‘Locos Gringos Have a Party’, ‘Extreme Underground’, e Brazilian Stoner Rock 'n' Roll Vol. 1), um EP (‘Redemption’, de 2007), um Single (‘Shadows of Hope’, de 2009), finalmente chegou ao merecido full lenght este ano, ‘Stoned on Musik’, uma autêntica pedrada Stoner Metal, mas que usa alguns toques de outros gêneros.

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Tendo isso em mente, lá fomos nós bater um papo com o batera da banda, Luis Carlos, conhecido na cena como Carlinhos, que se mostrou simpático, receptivo e uma das figuras mais bem humoradas do Metal Nacional.

Whiplash! – Bem, que tal nos dar uma breve biografia da banda?

Vamos lá, recordar é viver (risos)... Bem, tudo começou em 2002, quando estava envolvido em outros projetos musicais, que na época não estavam me satisfazendo enquanto músico, então daí resolvi montar uma banda que se inspirasse em grupos que eu tenho grande admiração, como é o caso do BLACK SABBATH, CATHEDRAL, CANDLEMASS, SAINT VITUS, PENTAGRAM, TROUBLE, entre outras. A partir do momento que tivemos uma formação pronta, começamos a tocar e a conseqüentemente gravar, daí surgiram as "Demos", que acabaram dando muito certo, com excelente receptividade na mídia e com bons shows, o que acabou dando uma receptividade positiva pro nosso nome. Mas, infelizmente, com isso vieram os problemas pessoais dentro da banda, o que acarretou em mudanças até um pequeno hiato de nossas atividades em 2006. Voltamos, porém os problemas permaneceram, mas como estava indo bem apesar de tudo, mudamos a formação e resolvemos começar a gravar nosso primeiro CD, então, "metemos as caras" e taí o resultado, um CD chamado ‘Stoned on Musik’, que prova um amor incondicional pelo que acredita: a música.

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Whiplash! – Hoje em dia, com a maioria das bandas nacionais apostando mais em estilos extremos ou Metal Melódico, como vocês se sentem fazendo Stoner, um estilo que poucos ousam fazer no Brasil?

O problema não está em você fazer um estilo "x" ou estilo "y", mas sim, fazer alguma coisa que você realmente goste. A gente misturou dois "universos musicais" diferentes, pois banda de Stoner Rock existe no Brasil, só que não basta querer ser a cópia do SPIRITUAL BEGGARS ou do KYUSS, ou fazer extremo e ser a cópia do KRISIUN, ser melódico e copiar HELLOWEEN, você enquanto músico pode ter influências de algumas bandas, todos tem e é natural até, mas só copiar é errado, você te quem buscar sua identidade. Sei que fazer Stoner no Brasil tem dois lados da moeda, por um lado você toca algo que as pessoas não costumam ouvir e as deixa com curiosidade, por outro, você rema contra um modismo e uma "massificação burra" de querer que o público só ouça em determinado tempo o estilo que eles pregam na mídia, e aí você corre o risco de não durar muito tempo.

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Whiplash! – Nestes oito anos de existência da banda, foram trocas e mais trocas de componentes, sendo a última a saída do guitarra Artur Círio (também guitarra e vocal no COLDBLOOD) e a entrada de Thiago D’ Lopes (que também toca na banda de Hard GREAZY LIZZARD). O que influenciou tantas trocas assim? Isso atrapalhou muito a banda, e seria este o motivo de demorar tanto para lançarem o primeiro full de vocês?

O maldito ego! (risos)... Bem, nem sempre atrapalha. Você pode até levar mais um tempo pra ajustar as coisas dentro da banda, mas logo tudo entra nos eixos, o importante é que a pessoa esteja interessada em tocar e fazer o que gosta, que seja sua aliada e tenha os mesmos objetivos. Foi o tempo em que eu me importava com entrada e saída constante na banda, hoje em dia até levo isso na boa, faço piada com isso (risos)... O lance é que a STATIK MAJIK pode até ter mudado, mas nunca perde sua essência, e enquanto eu tiver o parafuso solto, a banda continua (risos).

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Whiplash! – Ainda sobre a formação da banda, pudemos ver em uma apresentação ao vivo que Thiago D’ Lopes se encaixou perfeitamente ao estilo da banda, trazendo um feeling absurdo para a sonoridade Stoner de vocês, e que Thiago Dominogorgoth, mesmo tendo que cantar e tocar baixo ao mesmo tempo, deu mais garra e energia do que nos CDs anteriores. O que nos diz disso? Finalmente a banda está com seu melhor line-up?

Prefiro não falar que hoje estamos na melhor line-up, em se tratando de STATIK não sei o dia de amanhã (risos)... Bem, espero que essa formação dure pra sempre, estamos super entrosados e é fato que Thiago Dominogorgoth, que entrou só como baixista, deu muito mais feeling pra banda cantando, e com Thiago D'Lopes na guitarra nós rendemos muito mais, dentro e fora da banda, porque o cara é super interessado e ama o que faz. Estamos numa fase muito produtiva com eles, felizmente sem probleminha idiota de egos inflados (risos).

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Whiplash! – Falando um pouco do álbum. ‘Stoned on Musik’ é um disco ótimo, mas quem vai esperando algo datado e mesmo repetitivo, tem uma grata surpresa, pois há várias influências sonoras, dando uma cara bem própria ao STATIK MAJIK. Como foi o processo de composição? Todo mundo contribuiu na composição das músicas? E as letras? Qual a mensagem que vocês querem transmitir? E sobre o título, qual a idéia por trás dele?

Eu e Thiago (vocal e baixo) é que nos viramos e fizemos musicalmente tudo, mas credito também ao pessoal da produção que nos ajudaram demais nos momentos "turbulentos" que passamos nesse meio tempo... Foi tirar vocalista, perder guitarrista... Muitas coisas já vinham sendo tocadas e nós fizemos novos arranjos, foram dias e noites de praticamente um ano nessa luta, tudo pelo sonho de lançar este CD, e o título é justamente isso, o amor que temos pela música, afinal, a tradução significa: "chapados na música".

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Whiplash! – Outro fato que nos salta os olhos é que não há músicas dos Demos CDs e nem das coletâneas mais antigas no ‘Stoned on Musik’. Há algum motivo específico para tanto?

Tem a ‘Peccata Mundi 2’, mas ela é uma extensão da primeira versão que está na nossa primeira demo, pois achamos que ela deveria ganhar mais arranjo e mais letra. A certeza é que se lançaríamos um trabalho novo, então que não tivesse nada antigo, nada que tivesse muito laço com o passado da própria banda. Para o segundo trabalho a gente vai aproveitar mais as músicas antigas.

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Whiplash! – Já tem um tempinho desde que o CD saiu. Como tem sido a recepção ao álbum? O público tem gostado? Já há alguma resposta de outros estados do país, e mesmo do exterior ao trabalho de vocês?

Sim, a receptividade tá boa, conseguimos distro boa em SP e estamos vendendo bem inclusive, estamos negociando pra outros países com tudo independente, lançado e distribuído pelo meu selo "Be Magic". As críticas têm sido boas e estamos colhendo bons frutos com ele, vamos ver o que nos aguarda pra 2011.

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Whiplash! – A cena carioca tem revelado nomes fortes nos últimos dois anos, como o próprio STATIK MAJIK, PAINSIDE, IMPACTO PROFANO, SEPTERRA, DARKTOWER, ÁGONA, GREAZY LIZZARD, EL PELIGRO, HATEFULMURDER, entre outras bandas que tem aparecido. Poderia nos falar um pouco sobre os problemas e vantagens da cena do RJ? Como você caracterizaria o Metal do RJ?

O Rio não mudou muito de tempos atrás pra cá, porque sempre foi celeiro de boas bandas, isso é fato. Acho que o que sempre faltou por aqui foi organização decente, gente séria e não amadoras... É tudo muito passageiro. A STATIK mesmo tocava em eventos undergrounds pra mil pessoas e hoje se tocarmos pra 100 será muito! Cena pra mim? Não sei, eu não faço mais parte disso, não participo de "pequenos grupos e seus ideais" e nem levanto bandeira alguma, e por que? Porque tudo acaba em briga e prefiro gastar meu tempo com coisa mais útil na vida do que ficar reclamando na internet e o que adianta, na hora que tiver um show as pessoas não vão, parece que elas só ficam exercitando seus egos imbecis na internet... Muito se discute de cover isso, público aquilo, isso já me encheu a paciência porque não tenho nada contra banda cover, toca quem quer e o que quer, assim como o público deve assistir, mas o que é hipocrisia é certas pessoas que reclamam disso e que tem banda com som autoral ainda fazer eventos deste tipo, ou seja, estão sendo burros e colocando corda no próprio pescoço porque você não pode reclamar de algo que não dá certo e persistir no erro se acaba alimentando isso... Cena existe quando se forma por banda autorais e como alguma coisa vai dar certo se em um show cover dá mil pessoas e de som autoral você vê 50... Que merda de cena é essa que se expõe pra tocar IRON MAIDEN? ARCH ENEMY? DREAM THEATER?

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Eu já disse uma vez que a relação "carioca" entre produtores e bandas não é de união porque é incrível como qualquer coisa de fora do Rio é boa, eu sei que tem coisa boa fora do Rio e não é bairrismo da minha parte, mas é uma verdade, porque algumas pessoas aqui ditas organizadoras metem a mão nas bandas e ainda fazem cagada, manés reclamando que pessoas de banda não apóiam seus eventos? Mas como mudar a mentalidade de uma gente que não se move pra fazer um evento independente com tantas bandas boas aqui mas se prestam a fazer covers? Que moral pode ter um organizador que não se dignifica a pagar uma banda, o que dirá cobrar dela pra tocar? Por que não fazer um grande evento com bandas autorais? Pode ter bandas covers, mas que se respeitem acima de tudo as autorais que estão aí criando músicas, fazendo acontecer. Isso se explica o porquê da capital não ter nada decente ultimamente né...

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E aí você reclama disso tudo e acaba comprando briga, e o que você ganha com isso no final? Nada! Simplesmente porra nenhuma, porque você "joga merda" no ventilador e ainda acaba voando pra cima de você e acho que acabei até reclamando quando não deveria perder meu tempo (risos)... Respeito quem resolva fazer parte de uma cena, mas eu tô fora disso, já falei até demais por aqui... Só quero sentar no meu banquinho e tocar minha bateria na STATIK MAJIK (risos)... Se eu apóio de algum jeito sempre é indicando bandas, resenhando pra zines e assim que eu ajudo de alguma forma, quem me conhece sabe disso e isso me basta, não preciso provar na internet que sou o "fodão do metal", tô me lixando pra isso, pra esse discurso barato de true.

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Whiplash! – Vocês estão com um vídeo promocional para a faixa ‘Shadows of Hope’. Há planos para um vídeo de outra música, mas feito em estúdio?

Sim, temos planos pra gravar um clipe e provavelmente seja a música ‘Reality’, vamos ver se conseguimos fazer isso em 2011, porque já temos alguns contatos de profissionais capacitados pra isso.

Whiplash! – E os shows? A banda está com planos de tocar em outras cidades fora da capital? E fora do estado, algo confirmado?

Já estamos tocando por aí e com ótimas passagens por MG e ES, o que se repetirá em 2011 e será incluído na tour shows em SP e se tudo der certo de Janeiro a abril estaremos por lá... Espero que façamos algo pelo Nordeste também... onde nos chamarem e tiverem a fim de curtir nosso som e nosso show, nós iremos !

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Whiplash! – Carlão, o espaço é seu. Deixe sua mensagem aos nossos leitores.

Te agradeço pela oportunidade, fazendo com a STATIK possa mostrar seu trabalho nesse grande site de música. Obrigado pela entrevista, te agradeço em nome de toda STATIK MAJIK, o espaço cedido. Pra quem quiser conhecer mais nosso som, procure pelo MySpace, Orkut, fotolog, e-mail, etc. Valeu! STONED ON MUSIK!!!

http://www.myspace.com/statikmajikbrazil
[email protected]

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Sobre Marcos Garcia

Marcos Garcia é Mestrando em Geofísica na área de Clima Espacial, Bacharel e Licenciado em Física, professor, escritor e apreciador de todas as subdivisões de Metal, tendo sempre carinho pelas bandas mais jovens e desconhecidas do público, e acredita no Underground como forma de cultura e educação alternativas. Ainda possui seu próprio blog, o Metal Samsara, e encara a vida pela máxima de Buda "esqueça o passado, não pense no futuro, concentre-se apenas no presente".
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