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Christmess: "Enquanto o underground existir vai existir Rock!"

Por Ben Ami Scopinho
Postado em 09 de agosto de 2010

Natural da cidade portuária de Itajaí e na ativa desde 2003, o Christmess foi o único representante do Hard e Heavy Metal clássico na edição catarinense do W.O.A. Wacken Metal Battle 2010. A banda não levou a melhor, mas certamente conquistou muitos novos fãs com sua apresentação.

Lúcio Goebel (voz), Ozeias Rodrigues (guitarra), Marcello de Oliveira (baixo) e Fernando Stopassoli (bateria) estão divulgando seu debut, "Mystical Alien", que vem recebendo excelente repercussão na mídia especializada. Aproveitando a boa fase, o Whiplash! conversou com o Christmess, onde rolou um pouco de tudo... Confiram aí:

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Whiplash!: Olá pessoal. O Christmess está estreando com seu primeiro álbum, "Mystical Alien". Que tal começarmos com uma biografia para o leitor conhecê-los melhor?

Lúcio: A Christmess surgiu em 2003 com formação totalmente diferente da atual, que durou apenas um ano, ficando apenas eu, Lúcio Goebel (vocal). Uma semana depois da saída dos antigos integrantes entrou guitarrista Ozeias Rodrigues, Marcelo Oliveira (baixo), ex-integrante da Scarlet Wizard de São Paulo, e, por último, Fernando Stopassoli, que gravou o EP "Crossing The Seven Seas" (2005) e "Mystical Alien" (2009).

Lúcio: Em 2009, com saída de Fernando Stopassoli, entrou em seu lugar baterista Manollo Wisenteiner, vulgo Joey, moleque novo, mas que vem se adaptando muito bem à banda.

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Whiplash!: A sensibilidade e identidade de "Mystical Alien" são extremamente maduras. O repertório possui foco. Para o Christmess, qual é o mais importante ingrediente para uma música realmente funcionar?

Lúcio: Com certeza a originalidade! Sempre prezamos por criar algo novo e que faça a diferença das demais bandas, apesar de cada um ter suas influências, somamos tudo. A banda cresceu muito desde o EP gravado em 2005, e vem se tornando mais madura e entrosada a cada passo. Já temos um projeto de iniciarmos a composição do novo disco para 2011, com oito faixas e superar as composições de "Mystical Alien", e prezando sempre pela qualidade das composições, sem seguir modismos.

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Whiplash!: Considerando sua proposta musical, e olhando para trás, quais são as suas reflexões sobre o cenário das décadas de 70 e 80?

Lúcio: Sempre digo que a década de 70 e 80 foi a melhor fase da música no Brasil e no mundo. Foi onde se determinou as grandes bandas e estilos musicais que vivem e influenciaram gerações até hoje, e acredito que continuarão influenciando.

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Lúcio: Realmente não dá para fugir nem deixar de lado, inclusive tocamos covers de Deep Purple, Uriah Heep, Led, Ozzy, Black Sabbath, AC/DC. Chegamos a fazer tributo ao AC/DC e Black Sabbath e foi muito legal a aceitação do público. Com certeza a Christmess é uma mistura de 70 e 80 com peso e a tecnologia de hoje.

Whiplash!: Lúcio, suas linhas vocais conseguem ser curiosamente distintas. Quais os vocalistas que te influenciaram?

Lúcio: Putz, como citei acima, sempre curti e estou voltando aos anos 70 e 80, gosto muito de Rob Halford, o eterno Dio, Ian Gilllan, David Coverdale, Glenn Hughes, Bruce Dickinson e Klaus Meine. Acho estes caras os melhores do universo! rsss

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Whiplash!: É indiscutível que o guitarrista Ozeias Rodrigues seja uma das grandes estrelas do Christmess, que, inclusive, é o responsável pelas composições. Como é trabalhar com o cara, e até que ponto os outros integrantes conseguem influenciar no desenvolvimento do processo criativo?

Lúcio: Com certeza Ozeias é um dos melhores guitarristas de Santa Catarina, tem aberto Workshops de músicos internacionais, como recentemente teve prazer de abrir Workshop de Vinnie Moore (UFO) e foi super elogiado pelo próprio Vinnie. É muito gratificante saber que Chuck (Ozeias Rodrigues) vem se destacando, isso dá gás a todos para trabalharmos em união, pois a união faz a força.

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Lúcio: Com relação às composições, Chuck chega com a idéia e trabalhamos todos em cima, por ter estúdio ele acaba fazendo a pré-produção da música e acabamos definindo na própria gravação da faixa. Com relação às letras, conforme o estilo ou o que sugere a melodia, eu trabalho em cima do tema.

Whiplash!: Ainda sobre Ozeias, ele possui um álbum solo. Considerando que o cara já tocou inúmeros estilos em sua carreira, poderia dar mais detalhes acerca de "Mr Chuck"?

Lúcio: Chuck (Ozeias) é um músico autodidata, dedicado, tive o prazer de ver esse moleque começar a tocar e tenho prazer hoje de dividir palco com ele e termos as mesmas idéias. Ozeias é o único que vive 100% de música na banda (coisa difícil): é professor de música, toca em bandas de baile e projetos MPB, temos também juntamente com ele projeto paralelo chamado Fire Rock que toca covers de rock and roll clássico, ele tem estúdio e vem produzindo alguns trabalhos no OR estúdio, faz Faculdade de Música, chegou a pegar aulas também com Eduardo Ardanuy (Dr Sin), Faísca em São Paulo e por aí vai. Enfim, é um músico versátil!

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Lúcio: O CD intitulado "Mr Chuck" foi lançado em 2005 juntamente com o EP "Crossing The Seven Seas" da Christmess, ambos também apoiados pela Lei de Incentivo a Cultura. Um trabalho totalmente instrumental gravado e produzido pelo Ozeais e mixado pelo irmão Elieser Rodrigues, que participou gravando os teclados também. Quem curte música instrumental vai curtir disco, pois é um álbum muito variado e apresenta diversos estilos musicais sem fugir do Rock and Roll.

Whiplash!: Qual a sensação de estar entre as cinco bandas catarinenses disputando o W.O.A. Wacken Metal Battle 2010? Ainda que estivessem meio (ou muito?) deslocados entre as bandas extremas, sei que a apresentação do Christmess conquistou muitos admiradores lá no Célula.

Lúcio: É, realmente, o Wacken é um festival que rola mais bandas Death/Brutal, inclusive na Alemanha, e supomos que isso viria a acontecer, ainda mais pelo evento ser em Floripa. Mas a Christmess, como você colocou, fez uma das suas melhores apresentações e com certeza não foi à toa que fomos convocados para o W.O.A.. Foi muito gratificante saber que pessoas de Floripa votaram em nós e curtiram o show, cumprimos com regulamento e fizemos o som, isso que importou.

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Lúcio: Inclusive curti muita a banda que ganhou o Wacken Brasileiro, banda "Cangaço", os caras colocaram um tempero brasileiro no som, isso que diferenciou das demais, pois maioria dessas bandas Death/Thrash soam iguais e sem criatividade, foi merecido.

Whiplash!: É difícil para as bandas mais novas como o Christmess, que executa uma mescla de Hard com Metal Tradicional, conseguir seu espaço e levar o público às apresentações? Parece-me claro que, se as bandas iniciantes forem ignoradas pelo público, não haverá renovação, e, consequentemente, estagnação. Mais cedo ou mais tarde o Rock´n´Roll morre neste país...

Lúcio: Não acho que a Christmess seja nova, estamos aí nesse meio há mais de 15 anos, com outros projetos e sabemos das dificuldades. A Christmess tem alcançado o objetivo com este novo disco, tem recebido ótimas criticas, as pessoas tem comprado nosso CD, vindo aos shows pedindo pra autografar o disco, isso é prazeroso e mostra que as pessoas gostaram desse trabalho.

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Lúcio: Infelizmente a mídia é que impera no mundo, se você tem grana pra injetar e aparecer você é um astro do rock ou a melhor banda do momento, até os caras se encherem da sua cara e partirem pra outra. Underground é mais verdadeiro, as pessoas são autênticas e respeitam seu trabalho, se gostam, gostam, se não gostam, falam. Não há essa coisa de que a mídia falou que é bom, então eu vou engolir essa merda. Enquanto Underground existir sempre vai existir Rock and Roll.

Whiplash!: "Mystical Alien" está chegando ao mercado nipônico via Stakk Rock Records. Como rolou esse contato? Será que poderemos ver o CD chegando a algum outro continente, ou lançado oficialmente aqui mesmo, no Brasil?

Lúcio: Bem, o CD foi lançado pela Lei de Incentivo a Cultura, não tivemos custo algum, patrocinado por uma empresa aqui da região, a BRASFRIGO, ao qual acreditou no projeto. Sobre a Stakk, os caras entraram em contato conosco e pediram para enviar o disco, haviam escutado o som e gostado, ainda do antigo EP. Assim que saiu, enviamos para venda lá e a aceitação tem sido muito boa.

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Lúcio: Estamos também divulgando em outros países, Europa principalmente, mas distribuir lá já é mais complicado, a não ser venda direta, via net.

Whiplash!: Ok, pessoal, o Whiplash! agradece pela entrevista e deseja boa sorte em sua empreitada. Fiquem à vontade para as considerações que acharem necessárias...

Lúcio: Agradecemos a oportunidade ao Whiplash! e ao Ben, sem dúvida o site é um dos melhores e mais importantes veículos de comunicação no estilo Rock do país e que faz um trabalho muito sério e profissional. Ficamos à disposição para qualquer eventualidade e com certeza este ano ainda lançaremos algo novo e a galera poderá conferir no MySpace ou no próprio site da banda, e pra quem não conhece o novo disco pode conferir também. Grande abraço a todos! Long Live Rock and Roll!!!

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Contato:
http://www.christmess.com.br
http://www.myspace.com/christmessmetal

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Sobre Ben Ami Scopinho

Ben Ami é paulistano, porém reside em Florianópolis (SC) desde o início dos anos 1990, onde passou a trabalhar como técnico gráfico e ilustrador. Desde a década anterior, adolescente ainda, já vinha acompanhando o desenvolvimento do Heavy Metal e Hard Rock, e sua paixão pelos discos permitiu que passasse a colaborar com o Whiplash! a partir de 2004 com resenhas, entrevistas e na coluna "Hard Rock - Aqueles que ficaram para trás".
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