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Porcupine Tree: "não acredito em Deus, e sim no ser humano"

Por Felipe Hardt Galati
Fonte: Porcupine Tree Brasil
Postado em 23 de setembro de 2009

Steven Wilson se encontrou com o repórter Ed Sandler, da revista digital dprp.net em Amsterdam, para uma entrevista sobre o novo álbum "The Incident". O frontman do PORCUPINE TREE discute abertamente o estilo do novo álbum, sua fascinação pela maneira com que a mídia cobre eventos chocantes, experiências em sua infância e sua fascinação (ou frustração) por religião, trens e fantasmas.

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Houve muitas mudanças no estilo do Porcupine Tree através dos tempos, desde o começo dos anos 90. A cada um ou dois álbums há sempre uma mudança de direção. O que os fãs podem esperar sobre o novo trabalho?

Steven Wilson: "Você está certo, algumas coisas mudaram quanto ao estilo. Mas estas mudanças nunca foram controversas. Elas sempre foram um tipo de resposta natural à música que eu estava ouvindo no momento. O heavy metal por exemplo, surgiu porque eu estava ouvindo muito metal. Na época do Stupid Dream hove a mudança para canções, pois era o que eu ouvia na época. Portanto, a criação é mais um reflexo da música que eu 'consumo' do que qualquer coisa.

Acredito que o diferente neste álbum é a ambição musical em termos de 'jornada musical', o contínuo musical que você ouve através do álbum. Se você analizar os últimos dois álbums, verá uma evolução nessa direção, de músicas mais longas. No último álbum, 'Fear of a Blank Planet', há uma música de 18 minutos, é a primeira vez em muitos anos que incluimos uma música tão longa. Guiando-se por ela, e pela confiança gerada em seu sucesso, vem a tentativa de criar uma música no tamanho de um álbum, seguindo a tradição setentista de obras conceituais. Algo como 'Thick as a Brick', 'Sgt. Pepper' ou 'Dark Side of the Moon'. Sempre amei estes álbums, então de alguma forma, é uma tentativa de criar este típo de contínuo musical, o que não é fácil. Na verdade, já tentei isto antes, e não deu muito certo. Desta vez tudo se encaixou, e penso que é questão de ter experiência e confiança para criar algo assim. Então, definitivamente é uma jornada musical intensa. Você poderia dizer isto de todos nossos álbums, mas este último ('The Incident') em especial..."

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Eu li sobre o conceito por trás do "The Incident". A quais incidentes você se refere nas músicas?

Steven Wilson: Bem, há dois tipos de influência. A idéia original do The Incident veio de coisas externas, como histórias que você vê na mídia. Fiquei fascinado com a maneira com que a mídia trata esta palavra, incident (incidente). É fascinante quando você vê o noticiário por exemplo, certamente na Inglaterra, a maneira como a mídia escolhe personificar certas histórias e tornar outras, impessoais... Vou explicar melhor. Por exemplo: um terremoto na Índia que mata 10.000 pessoas será tratado como um 'incidente'. É algo muito impessoal e distante. Não se espera que você se envolva emocionalmente com a história. Por outro lado, a morte de Michael Jackson foi tratada de modo muito emocional, muito pessoal. Não foi a mesma cobertura sem paixão que foi usada no terremoto da Índia. Claro que entendo os motivos, todos nós sabemos quem Michael Jackson é. Todos nós sentimos que temos algum conhecimento dele como pessoa, portanto, podemos nos relacionar a ele como pessoa numa maneira em que não nos relacionamos com as pessoas que não conhecemos na Índia".

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O álbum começa com uma referência a teoria da "Navalha de Occam" (Occam's Razor), a qual, se entendi direito, diz que deve-se descartar tudo que se apóia muito em presunções.

Steven Wilson: "Exato! Essa coisa sobre a Navalha de Occam, para mim, é um prelúdio para The Blind House (a casa cega), que fala sobre o culto religioso. Através dos anos venho escrevendo algumas músicas sobre o que sinto sobre religião organizada (cultos). Coisas como Halo (Deadwing) e Sever (Signify). Não sou fã de religião. Não acredito em Deus. Acredito no ser humano. Acredito que Deus está dentro de nós. Acredito em espiritualidade, mas não acredito em adoração. Escrevi muitas canções sobre isto e o interessante sobre a Navalha de Occam é que se você aplicar o conceito à religião, a navalha de Occam basicamente diz que, seja qual for a mais óbvia, a mais aceitável e mais lógica explicação, é esta que você tem que aceitar".

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Claro, existe uma referência recorrente a trens no álbum, na música instrumental "The Yellow Windows" of the Evening Train. É algo estranhamente psicodélico. Você pode explicar isto?

Steven Wilson: "Junto de religião, trens são algo que geralmente aparecem em minhas letras, músicas e títulos. Para mim um trem é uma metáfora para a infância nostálgica, a razão disto é que cresci perto de uma estação de trem. Era comum ir dormir ouvindo o som dos trens indo e vindo na estação. Agora toda vez que ouço um trem, lembro de uma série de coisas da minha infância. O som de um trem pode me levar a muitas, muitas lembranças como um cheiro, visões, sons, memórias boas e ruins. Então o trem pode se tornar uma metáfora para olhar para trás em minha infância, e a música que segue, 'Time Flies', é uma autobiografia sobre minha infância. Então é quase como se um trem o levasse de volta para 'Time Flies'. Se você pensar em termos de movimento, é um trem levando você de volta na história, movendo você de um lugar no álbum para outro muito diferente".

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Para ler a entrevista completa (traduzida) clique aqui. E a entrevista original (em inglês) pode ser lida neste link.

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