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Coldblood: Perseverança na velha escola do Death Metal

Por Ben Ami Scopinho
Postado em 01 de setembro de 2009

O Coldblood pode ser considerado como uma das mais antigas bandas de Death Metal do Rio de Janeiro. Na luta desde o início de 1992, o grupo passou por muitos problemas de formação até estrear com "Under The Blade I Die" em 2006 pelo selo mexicano Onslaught Records.

Se as dificuldades com a Onslaught impediram que os brasileiros tivessem acesso a este álbum, bom, a espera terminou, pois o disco está chegando agora ao nosso país através da parceria entre a Free Mind Rec e a Distro Rock Records. A atual formação do Coldblood conta com Leonardo Porto (voz), Renan Ribeiro (guitarra), Vitor Esteves (baixo) e M. Kult (bateria), e, aproveitando esse lançamento, o Whiplash! conversou com os fundadores Vitor e M. Kult:

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Whiplash!: Saudações! O Coldblood padeceu pela instabilidade de sua formação, mas isso aparentemente nunca afetou a qualidade de sua música, não é mesmo?

M. Kult: Apesar das mudanças na formação, todos os nossos registros, à exceção da demo de 2000, foram gravados com a formação original e acredito que a química desta formação sempre funcionou muito bem, afinal, mesmo com idas e vindas, tocamos juntos por 17 anos, o que nos deu a experiência necessária para moldarmos nosso som até chegarmos a "Under The Blade I Die".

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Whiplash!: Em 2005 vocês liberaram um excelente EP, "Reincarnating A New Black God" (05). O quão importante foi este registro, depois de tantos problemas que o grupo enfrentou até então?

M. Kult: Foi a partir de "Reincarnating..." que retornamos definitivamente com a banda, ainda com a formação original, e também foi com "Reicarnating..." que conseguimos nosso primeiro contrato para o lançamento de nosso debut, "Under The Blade I Die", pelo selo mexicano Onslaught Rec.

Vitor Esteves: Este EP realmente tem um significado especial na história da banda, nos colocando de volta ao cenário e possibilitando a concretização do sonho de lançarmos nosso primeiro material oficial por uma gravadora.

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Whiplash!: Então, já ia chegar aí... Apesar da excelência e tradicionalismo de seu Death Metal, somente o selo mexicano Onslaught Records se dispôs a lançá-lo. Quais os méritos de se assinar com uma gravadora gringa, afinal?

Vitor Esteves: Pois é, até então, não sei por quais razões, os selos nacionais não tinham nos olhado com muita atenção. Valeu a pena assinar com a Onslaught Rec. Porém, as supostas vantagens de lançar o álbum por uma gravadora estrangeira não renderam no nosso caso, infelizmente. Não creio que o que nos aconteceu seja uma constante, nós que não demos muita sorte mesmo.

Whiplash!: Mas o que deu errado com a Onslaught?

Vitor Esteves: Acontece que eles não cumpriram com as promessas que nos fizeram. Não nos enviaram material de divulgação, como flyers e cartazes, não investiram em divulgação lá no México, como propagandas em revistas, apenas se restringindo à divulgação via Internet, ainda assim muito limitada. Causaram alguns problemas relacionados ao envio da nossa cota de cópias, que atrasou em quase um ano, e, o pior... Ao contrário do que prometeram, o álbum não teve a ‘ampla distribuição na América Latina’ que eles nos garantiram, ficando mais restrita ao México e países vizinhos.

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Whiplash!: Uma pena... Como vocês se sentiram com um álbum do porte de "Under The Blade I Die" permanecendo inédito nestes últimos anos em seu próprio país de origem? E como foi o processo para, enfim, o disco ser liberado no Brasil?

Vitor Esteves: Era extremamente frustrante. Somos patriotas, extremamente orgulhosos de nossa nacionalidade brasileira, e é muito triste ter uma banda de Death Metal genuinamente brasileira e não ter nosso álbum lançado em nosso país de origem. Também dificulta um pouco na hora de se conseguir bons shows, principalmente em outros estados, até por causa da distribuição deficiente que nossa antiga gravadora fez. Por isso, assim que se cumpriram os dois anos previstos no contrato com a Onslaught e eles não haviam feito mais nenhuma prensagem que fosse do nosso conhecimento, os direitos sobre a reprodução do álbum retornaram para a banda, no que eu aproveitei o momento e fiz o contato com o Rodrigo Balan da Free Mind Rec, que demonstrou interesse pelo material e o lançou em parceria com a Distro Rock Store Rec de Belém (PA), realizando assim um antigo sonho nosso de ter este álbum lançado em nossa terra natal.

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Whiplash!: Qual o significado por trás do título "Under The Blade I Die"? Aliás, Marcelo HVC (Gorgoroth, Vader, Satyricon) fez um trabalho e tanto com a imagem da capa... Até onde a banda se envolveu neste processo de criação?

Vitor Esteves: "Under The Blade I Die", ao contrário do que muitos pensam, não se trata necessariamente de uma apologia ao suicídio, muito pelo contrário. É um grito de liberdade, um golpe duro nos dogmas e doutrinas que dominam o comportamento humano, é um ‘basta’ em tudo aquilo que oprime nossa natureza livre e nossa iniciativa pessoal. É um ato de renascimento para uma nova dimensão, uma nova ordem onde o homem é livre para dispor de sua vida da forma que melhor lhe convier, porém, com responsabilidade.

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Vitor Esteves: Quanto à arte, nosso envolvimento se limitou à temática, que era do conhecimento do Marcelo HVC. Como, além de amigos pessoais, somos também fãs de seu trabalho, sabíamos que poderíamos confiar cegamente na sua competência, pois no final ele conseguiria captar integralmente a idéia contida no título do álbum e canalizá-la para a imagem que viria a surgir por suas mãos. E posso dizer que foi exatamente o que aconteceu, nos deixando completamente satisfeitos com o resultado final.

Whiplash!: É inegável que muito tenha mudado desde os primórdios da música extrema, tanto musicalmente quanto em termos de público. Quais os prós e contras da atual cena, considerando que vocês estão na ativa desde o começo da década de 1990?

M. Kult: No passado as coisas eram mais difíceis, sim... Tanto em relação a shows quanto em relação a gravadoras... As coisas eram feitas mais na raça. Hoje está melhor, sem dúvida, é mais fácil de se gravar e de se conseguir um contrato, mas ainda assim temos (aqui no Brasil) muito que crescer... Principalmente em relação ao ‘respeito’ com as bandas, por parte de produtores de eventos.

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Whiplash!: Apesar das excelentes bandas que o Brasil tem gerado, temos um cenário um tanto quanto 'capenga'. O que você acha que poderia ser feito para melhorar essa situação toda?

M. Kult: Acho que as bandas deveriam ser mais respeitadas pelos produtores de eventos, afinal, manter uma banda de Metal no Brasil não é fácil. Temos muitos gastos e, mesmo sabendo disso, querem sugar o máximo dos grupos. E o público também poderia comparecer mais aos eventos, adquirir material das bandas, enfim, apoiar realmente a cena nacional. Acredito que só assim poderemos melhorar as coisas por aqui.

Whiplash!: Atualmente o Coldblood é um quarteto, onde somente o baixista Vitor Esteves permanece como membro fundador. A banda está escrevendo ou trabalhando em algo novo? Como está soando tudo com a nova formação?

M. Kult: Tanto Vitor quanto eu somos fundadores do Coldblood. Acontece que estive fora da banda por algumas vezes, mas desde 2005 estamos juntos e seguindo em frente com a banda, e agora temos uma nova formação tão boa quanto as anteriores. No momento estamos ensaiando para cair na estrada fazendo a divulgação do álbum, além de algumas novas idéias que veem surgindo, creio que estamos no caminho certo.

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Whiplash!: Sua homepage está parada há tempos. Qual a maior dificuldade que o Coldblood tem enfrentado, afinal?

Vitor Esteves: Estivemos aguardando por uma estabilização da formação, que sempre é o nosso maior problema, e o lançamento nacional do nosso álbum, para que pudéssemos enfim atualizar nossa homepage oficial e o myspace. Nosso webdesigner também esteve indisponível ultimamente, e resolvemos contatar outro grande amigo, ex-membro da banda e um dos maiores artistas gráficos da atualidade, Gustavo Sazes, para realizar este trabalho, que já está em andamento. Portanto, aguardem em breve nossos endereços na Internet com informações atualizadas e um novíssimo layout assinado por este grande mestre do design obscuro e underground!

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Whiplash!: Ok, pessoal. Agradeço pela entrevista. O espaço está aberto para suas considerações finais...

M. Kult: Agradecemos a todos que acreditaram em nosso trabalho, ao Whiplash! pela entrevista, à nossa gravadora Freemind Rec./ Distro Rock Store Rec pelo suporte, à Metal Media pela assessoria e aos fãs por suas mensagens de apoio! Estamos de volta e famintos por shows!

Vitor Esteves: Obrigado ao Whiplash! pelo espaço cedido, nossa gravadora por acreditar em nós e nos oferecer o suporte necessário, e aos fãs, acessem nosso site, myspace, escutem "Under The Blade I Die" e nos aguardem em suas cidades, estaremos aí em breve para destroçar seus tímpanos! Hails!!!

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Contato:
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Sobre Ben Ami Scopinho

Ben Ami é paulistano, porém reside em Florianópolis (SC) desde o início dos anos 1990, onde passou a trabalhar como técnico gráfico e ilustrador. Desde a década anterior, adolescente ainda, já vinha acompanhando o desenvolvimento do Heavy Metal e Hard Rock, e sua paixão pelos discos permitiu que passasse a colaborar com o Whiplash! a partir de 2004 com resenhas, entrevistas e na coluna "Hard Rock - Aqueles que ficaram para trás".
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