Metallica: "sou grande fã do Maiden, sempre serei", diz Ulrich
Por Douglas Morita
Fonte: Metal Remains
Postado em 07 de outubro de 2008
Tom Trakas, da revista Midwest Metal, realizou uma entrevista com o baterista do METALLICA, Lars Ulrich, no dia 5 de setembro de 2008. Nela, Lars fala sobre Cliff Burton e sua relação com o IRON MAIDEN, dentre outras coisas.
None But My Own: Eu tenho certeza que em alguns momentos da vida do Metallica você se sentiu sobrecarregado com a imprensa. Onde você está em 2008 em relação à promoção do "Death Magnetic"?
Lars: "Em geral, porque fizemos turnê por todo o verão, quando nós saímos tentamos manter isso em três ou quatro horas por dia pois mais do que isso começa a afetar a apresentação. Mas nos anos 90, nós costumávamos ter essas viagens loucas de promoção onde você passava duas semanas na Europa ou no Oriente ou seja lá onde. Enquanto você está lá, você faz isso por oito a dez horas por dia por, como eu disse, duas ou três semanas direto. Isso te deixa louco porque você está sentado lá no meio da entrevista e não consegue lembrar se respondeu pra esse cara ou pro cara de meia hora antes (risos)! Tem sido louco no entanto, nós temos alguns shows na semana que vem, então temos ensaiado e enquanto fazemos isso nós tentamos manter isso por algumas horas por dia. Eu fiz isso um dia inteiro em Copenhagen que foi meio que oito a dez horas mais ou menos, mas não temos feito isso em tempo integral, eu acho que estamos tentando preservar nossa sanidade, mas parece que a qualquer hora ela pode fugir!"
None But My Own: Voltando após o sucesso de 1991, o homônimo álbum preto, houve uma entrevista na edição número 38 da revista Classic Rock, com uma foto sua e a legenda era algo como "Lars Ulrich, este homem simplesmente não quis ser o 'próximo' Iron Maiden...
Lars: (Risos)
None But My Own: Mas a coisa é, você teve os culhões de realmente sonhar aquele sonho, e mais ou menos fixar esse objetivo para a banda e foda-se se não acontecesse.
Lars: "Eu tenho que dizer, cara, isso era um pouco improvável, digo, se alguém me tivesse dito em 1981 ou 82 que talvez um dia pudéssemos ser iguais mesmo estar nas suas sombras (pausa) olha, Iron Maiden é uma geração diferente. Eu sempre vou admirar o Iron Maiden porque eu cresci admirando eles. O resto disso fica para as pessoas imaginarem. Como eu disse, eu sempre vou admirar o Iron maiden, eu tinha posteres deles no meu quarto. Falar sobre bandas que ocupam um lugar especial no meu coração, o Iron Maiden ocupa um lugar muito especial no meu coração. Sim, nós fomos sortudos o suficiente para, pelo menos nos Estados Unidos, alcançar números maiores ou qualquer coisa que seja, mas se você ou alguém tivesse me dito em 1981 quando James e eu começamos essa banda, que nós seríamos capazes de ser mencionados no mesmo grupo que o Iron Maiden, isso teria nos deixados perplexos. Nós não tínhamos tantos objetivos como a imprensa da Inglaterra dizia, nós não tínhamos idéia de onde estávamos nos metendo. Talvez mais tarde, quando você pode sentir que qualquer coisa que estivéssemos fazendo estava meio que funcionando e deixando as pessoas ligadas, nós estaríamos falando do final dos anos 80. Mas quando começamos? Não poderíamos soar como isso e simplesmente não tínhamos tais objetivos. Quando começamos, era beber cerveja ou um pouco de Goldschläger ou Schnapps ou qualquer merda horrível que bebessemos e nos encontrar para tocar nossas músicas favoritas de heavy metal. Nos primeiros seis meses que a banda estava junta, nós sequer escrevemos uma música! Digo, tinhamos 'Hit The Lights' e então as dez outras músicas eram apenas covers, isso até a 'Jump In The Fire' com o (Dave) Mustaine, que foi quando pensamos: 'Ok, é meio divertido escrever nossas próprias músicas'. (risos) Aqueles primeiros sei-lá-o-que era se divertir, suar a camisa e curtir qualquer merda. Alguns anos depois, houve uma mudança, e você já deve ter me ouvido falar disso antes, mas houve vários momentos de mudanças para o Metallica, que podem ser observados e esse foi um deles. Eu lembro que a última data da turnê do Ozzy seria o aniversário do James, então, era 3 de agosto de 1986 em Hampton, Virgínia e nosso empresário, Cliff Burnstein, veio de Nova Iorque para o último show. Então estávamos todos sentados no fundo do ônibus e ele disse: 'Vocês agora venderam discos suficientes e ganharam dinheiro o suficiente para comprarem casas'. Nós estavamos em turnê com o Ozzy, naquele época, há 5 meses. Todos nós, banda e equipe, bebendo 12 horas por dia, fodendo, apenas vivendo cada fantasia louca com garotas e heavy metal e na estrada. Nós estavamos completamente alheios ao que estava acontecendo, sabe, naquele lado da coisa. Eu me lembro do Cliff (Burton) sentado ali e dizendo, 'Pooooorrraaaa, eu posso comprar uma casa', e o resto de nós ali, digo, o resto de nós não queria comprar uma casa - nós queríamos continuar em turnê! (risos) Não queríamos ir para casa! Então, eu me lembro daquele dia porque foi como: 'Uau, você quer dizer que nós podemos realmente conseguir dinheiro fazendo isso? Você pode comprar uma casa e comprar merda?' E isto foi o que? Cinco anos nisso? Então nós fizemos o negócio do Van Halen no verão [Monster of Rock em 1988] e então todo o outono nós fomos a Europa e então voltamos aos Estados Unidos para começar em Novembro de 1988. Nós tínhamos a gerência de produção do AC/DC, Jake Berry, e nós tínhamos um palco de show de verdade e nós estávamos tocando em arenas e eles agendaram duas noites no Long Beach Arena e eu não achava realmente que poderíamos esgotar uma noite, mas nós esgotamos ambas e este foi outro grande momento. Eu estava meio que, não só você pode conseguir dinheiro para comprar uma casa, mas você pode conseguir dinheiro suficiente para comprar uma casa grande (risos)!! Mas os primeiros seis anos mais ou menos foram felicidade ignorante, quatro caras nerds por aí detonando, se divertindo muito. Mas o 'Justice' foi quando nós tínhamos que juntar isso já que nós éramos a atração principal e nós tínhamos um show de duas horas para tocar todas as noites, mas depois disso as coisas continuaram a crescer e de repente você está fazendo discos com Bob Rock. Mas cara, sobre o Iron Maiden, eu sou um grande fã do Iron Maiden, sempre serei. Nós fizemos alguns shows com eles na Espanha em 1988 e foi a gente, Anthrax e Iron Maiden e foi meio que 'Foda, nós vamos tocar com o Iron Maiden", e nós tivemos a chance de festejar com eles. Cara, foi super legal. Eu fico super animado de que eles ainda estejam por aí e chutando as bundas ao redor do mundo. Eu os vi no Long Beach Arena quatro ou cinco meses atrás e foi fantástico! Steve Harris, eu juro por Deus, eu encontrei Steve Harris pela primeira vez em 1981 e foi o último show que eles tocaram com o Paul Di'Anno em Copenhagen, Dinamarca, em um lugar do tamanho da sua sala de estar. Steve Harris, quando eu os vi em fevereiro desse ano, ele é exatamente o mesmo cara, o mesmo cara que eu encontrei em 81 exceto que ele tem cabelo comprido agora! Quantos caras de 50 anos tem cabelo até a bunda? Eu digo, por que eu não posso deixar meu cabelo crescer, o que acontece (risos)?"
None But My Own: No seu livro (de 2004) "So What!: The Good, The Mad and The Ugly" na seção do tributo ao Cliff, você escreveu: "Eu queria poder ter passado mais tempo com o Cliff no seu atual estado de espírito." Por favor, comente.
Lars: "Claro. Eu acho que seria interessante sentar aqui com as crianças e, obviamente, após 27 anos fazendo isso, ter um olhar mais saudável sobre a vida, bem como uma análise menos narcisista. Mais mente aberta, menos linear e toda essa coisa, então seria interessante ver com o que ele teria contribuído em alguns dos caminhos musicais estranhos nos quais o Metallica entrou. Ele era tão presente, era difícil definí-lo musicalmente. Ele era muito aberto para coisa diferentes e fodidas e estou muito certo de que ele teria achado legal tocar com a Orquestra Sinfônica de São Francisco! Estou certo de que ele se destacaria nas ásperas sessões do 'St. Anger', mas eu não tenho certeza se ele iria necessariamente concordar com o modo como tudo foi meio misturado em um computador, mas na crueza daquele álbum, eu acho que ele iria se encaixar. Ele provavelmente iria querer mais alguns elementos melódicos, mas em alguns aspectos ele era meio contraditório, ele era todo a favor de melodias e coisas assim mas, ao mesmo tempo, 'Damage Inc.' era uma de suas músicas favoritas. Então havia um monte de energias opostas lá e seria legal dividir com ele a doidera que está acontecendo agora".
A entrevista completa pode ser lida, em inglês, clicando aqui.
Comente: Qual banda ocupa um lugar especial em seu coração?
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps